Motos Clássicas 70
Passo-a-PassoMINHA CBZINHA 125 K5 - SUA RECUPERAÇÃO
Aqui está um resumo do trabalho de recuperação de uma CB 125 K5 1974, que "acolhi" em minha casa em julho de 2001...
Fotos do dia em que comprei a CB, ainda bastante suja e empoeirada:
- Ainda dentro da oficina.
- No estacionamento do meu trabalho.
- Corrente original e escapamento de CB 400.
- Vista do motor.
- Outro lado do motor.
- Detalhe dos carburadores.
- Velocímetro e contagiros.
Recuperação: uso o termo recuperação porque comprei a CBzinha em bom estado, apenas precisando duma boa manutenção pra rodar. Claro que eu poderia desmontá-la completamente, pintar o quadro, recapar toda a fiação elétrica, cromar tudo, pintar tanque laterais, suspensão dianteira..., mas por enquanto, ela está muito bonita, revelando sua idade na medida certa. Mal comparando, é como uma pessoa idosa que ostenta com orgulho seus cabelos grisalhos e suas rugas... mas ainda assim bonita.
Estas fotos não obedecem ordem cronológica, são um resumo de alguns tópicos de toda a história.
Banco:
- Uma foto do estado do banco quando comprei a CBzinha: ferrugem, adesivos velhos, etc.
- Como acontece sempre quando voltamos a usar motos paradas a tempos, surgem partes ressecadas, vazamentos, etc. No caso da CBzinha, sempre notei que a capa do banco estava seca e lisa com o uso dos anos. Andando com ela direto, a rachadura que já existia no lugar do piloto "abriu o bico".
- Desmontar tudo não deu trabalho. Como em toda moto "véia", você imagina trocar uma peça, desmonta, e surgem outras coisas pra resolver: com o passar dos anos e das chuvas, era natural que a base metálica fosse ficando enferrujada. Pensei até em mandar jatear, trocar a espuma, mas o jato de areia em Campo Largo foi desativado, e as espumas que achei tinham densidade semelhante a original (queria uma mais dura, pois a original é muito macia, cede em pouco tempo com o peso do piloto, por mais leve que seja).
- Decidi apenas tratar a ferrugem com TF7 e pintar a pincel mesmo, em camadas grossas pra inibir a oxidação.
- A última foto mostra a base já pintada e a capa nova já colocada na posição. A capa nova é de ML antiga, que tem o mesmo tamanho, mesmo desenho, é custou muito barato: R$ 4,00. Apenas o nome "Honda" escrito atrás é menor que o original.
Filtros:
- Filtro de ar (são dois, um de cada lado e para cada carburador) em estado razoável. Posteriormente, notei que não adiantava manter os filtros neste estado, pois o papel estava muito sujo, aumentando o consumo de gasolina.
- Os filtros originais, já com o papel cortado. A cola usada era bem dura, difícil de raspar;
- Os filtros já lixados, um dos quais já pintado. Nessa foto aparecem os tubos de ligação aos carburadores, com formato cônico. São importantes para a correta captação do ar, porque os carburadores da CBzinha são pequenos, e qualquer alteração no fluxo de ar afeta o funcionamento.
- Os filtros já quase prontos, pintados e com a espuma colada. Até a aparência ficou interessante.
Quadro:
- Cavalete central e pedal do freio traseiro, com antiferrugem.
- Já com fundo preto fosco e parte inferior um pouco mais limpa. Não precisei mexer em outros pontos do quadro, apenas embaixo havia um pouco de ferrugem.
Pinhão e corrente:
- Pinhão e corrente originais, e muita sujeira.
- Após a limpeza, nota-se o sistema de acionamento da embreagem, com o cabo passando por um ajustador e puxando uma alavanca interna, diferente das Hondas atuais, em que o sistema é externo. Nesta foto, já havia trocado o cabo original pelo novo, de CG comum, mas cortei a ponta para passar por esse ajustador. Aparece também o sistema que eu estava estudando para acionar a alavanca, na falta da ponta do cabo. É uma adaptação de freio de bicicleta, mas deixei de lado pela fragilidade.
- Cabo soldado com uma ponta, uma solução mais segura do que a anterior.
- A corrente já montada no pinhão. Como a coroa nova é de CG, menor (43 dentes), a corrente também deve ser menor. Por via das dúvidas, comprei uma corrente 428, bem reforçada e de 126 elos, e se necessário, tiraria elos até chegar no tamanho ideal. Justamente o comprimento correto ficou em 116 elos, o mesmo da CG (a original tem 119 elos). Isso significa que o comprimento da balança da CBzinha é o parecido com o das CGs mais modernas, que é maior do que das CGs antigas.
Baterias:
- Local da bateria. Pode-se enxergar uma bateria escondida no fundo... a bateria original é de 6 Volts e 12 Ampéres. Quando comprei a CBzinha, ela estava "equipada" com uma bateria de CG antiga, 6 V e 6 A. O grande amigo Kleber Klein, do Rio de Janeiro, agora tem duas CBs, uma das quais com 3 baterias de RX 125 (4 A) em paralelo. Na CB dele coube, mas na minha eu não faço idéia de como elas se encaixam. Testei a bateria de CG no espaço inferior ao da original, e com pequenos cortes de duas abas sobre o porta ferramentas, ela encaixou perfeitamente, ficando até sem necessidade de uma melhor fixação. Sobre essa nova bateria, no espaço original, cabe e sobra espaço para outra de CG; somando as duas amperagens, consigo os 12 A necessários. Precisei cortar mais um pedacinho do suporte, para permitir a saída do tudo do respiro da bateria inferior.
Tanque:
- Foto mostrando o estado do tanque onde o banco encaixa; bordas amassadas e trechos já sem tinta devido ao atrito da napa do banco.
- Tanque recuperado. Recortei faixas de papel contact com textura semelhante a da napa, para cobrir as áreas sem pintura. Não adiantaria pintar novamente, porque o banco estragaria o serviço. Com esse contact, o tanque está protegido da ferrugem nesse ponto.
- Tanque já fixado por um parafuso adaptado. Nos manuais, não consta nenhum parafuso que fixe o tanque ao quadro, mas há um orifício que parece ser feito especialmente para isso. Assim, bastou fazer um pequeno furo no quadro e colocar um parafuso autoatarraxante, desses de usar com bucha plástica, e uma arruela. Na frente, o tanque é apenas encaixado em borrachas existente nas laterais da travessa superior do quadro. Nessa foto vemos as baterias de outro ângulo.
Torneira e carburadores:
- Torneira de combustível totalmente desmontada (ah, bons tempos em que tudo era desmontável; hoje, estragou, você joga tudo fora...). Retirei muita sujeira da torneira, um pó branco difícil de remover. Tive que usar pequenas brocas de furadeira para abrir passagem para a gasolina; havia também uma peneira de arame bem fino, no copinho inferior, mas essa peneirinha estava furada. Descobri que os dois tubinhos que captam a gasolina, um normal e outro da reserva, foram cortados, expondo os carburadores a captação de sujeira do fundo do tanque; assim, coloquei um tubo de plástico oval, para impedir um pouco que a sujeira desça, (tubo preto na parte inferior da foto) e colei com SuperBonder também. Montando tudo, a torneira não fechava a a passagem de gasolina; tive que montar e desmontar a torneira várias vezes e quebrar a cabeça, imaginando alguma montagem errada, mas até hoje não sei o motivo. Consegui resolver o problema eliminando um anel de plástico branco (na parte superior da foto) que era colocado por último, e que afastava a borracha interna dos dutos. Sem esse anel, a borracha ficava bem justa no interior da torneira, vedando completamente.
- Vista de um dos carburadores desmontado, o do lado direito. É um carburador muito simples, até um leigo como eu pode mexer! Notei que a bóia tinha um pequeno furo, suficiente para enchê-la de combustível, ocasionando problemas de excesso de gasolina na cuba (era o problema de vazamento de gasolina pelo respiro que o mecânico tentava resolver e não conseguia apenas regulando a altura da boia... será que ele poderia ser chamado de mecânico então??!!). Soldei a bóia, limpei o que pude, com querosene, montei, regulei a altura da bóia e fechei tudo. Repeti o procedimento no carburador esquerdo e vi que este estava normal.
- Um outro dia percebi que não adiantaria tentar regular a CBzinha sem uma limpeza completa dos carburadores. Desmontei-os completamente, juntamente com a torneira do tanque, levei para uma oficina, onde as peças foram limpas numa máquina própria, com um ácido especial, e secadas com jatos de ar. Na foto notam-se as bóias originais de latão e as de plástico, de DT 180, que, com um trabalho paciente, foram adaptadas no suporte original, como se observa na 4° foto. Claro que tive que entortar o suporte na agulha,pois o peso do plástico é diferente do latão, mas o resultado ficou perfeito, com a bóia regulando perfeitamente o nível de gasolina.
Embreagem:
- Na troca de óleo, aproveitei pra tirar a tampa lateral direita do motor, só pra ver "como é por dentro"! Nota-se a ponta do virabrequim com o filtro centrífugo de óleo, embaixo deste a bomba de óleo e o "pescador"com outro filtro incorporado.O virabrequim aciona diretamente a embreagem por engrenagens helicoidais.
Laterais:
- Quando comprei a CB, ela já não tinha os logotipos das tampas laterais, segundo o antigo dono para não parecer que ela era apenas uma 125 cc. Lógica semelhante aos carros 1000 cc, cujos donos arrancam os logos apenas pra disfarçar. A CB estava com adesivos de uma marca de coletores de admissão, ou algo assim...
- Então imprimi uns logos no design e tamanho originais e colei nas tampas. Claro, não é a mesma coisa, mas é apenas até arranjar os logos originais.
Cabo do Contagiros:
- A última foto mostra a tampa do cabo do contagiros aberta, por onde vazava uma pequena quantidade de óleo, apenas o suficiente para sujar o chão quando estacionava. Observei a junta bastante gasta (os parafusos Phillips também estavam meio desdentados, indicando muitos "abre-e-fecha"). Para resolver o problema em definitivo, não tive dúvidas: "taquei" cola pra juntas de motor Diesel!! Como essa parte do motor nunca é aberta pra manutenção, não há problema em usar um material diferente, e o problema se resolveu por um bom tempo.... mas depois notei que o vazamento continuava, apenas uma gota ou duas, mas o suficiente pra lambuzar o motor com o vento. O vazamento na verdade acontece pelo retentor do eixo que liga a engrenagem ao cabo, que se gasta com o tempo e perde a vedação. A solução seria trocar esse retentor, mas onde achar???? Ainda não tenho a solução pra esse vazamento irritante, já tentei de tudo: várias colas, anéis de borracha, até fita vedarosca (que diminui a quantidade de óleo, mas não resolveu de vez). Minha próxima tentativa será usar junta líquida... vamos ver se dá certo.
E agora, algumas fotos do estado em que a CBzinha se encontra, em várias poses....e até meu sobrinho André quis aparecer!
Se alguém tiver alguma dúvida ou quiser manter contato, é só escrever pra cb125k5@ieg.com.br
Gustavo - Campo Largo/PR