"E agora, a galo caiu!!!"
Esse fato ocorreu na década de 80, eu era o mais feliz filho de um proprietário de 7-Galo, aquela 750F amarelinha, linda e equipada com acessórios de época (Rodas Scorro, Escapamento 4X1, e amortecedores a gás na traseira). Quando ligávamos a galo na garagem de casa, a molecada surgia igual ninjas para ver a máquina que fazia aquele ronco doido.
Pois bem como era de costume a galera da época adorava dar um trato nas carangas dos velhos nas manhãs ensolaradas de domingo e depois sair para dar aquela voltinha no quarteirão, passava em frente a casa dos amigos com o som no ultimo volume e botando banca. Eu não ficava atrás, só que eu gostava era de dar um trato na sete galo.
O talento começava no sábado a tarde e os retoques finais, encerar, polir, e o famoso pneu pretinho geralmente ficava para domingão, pois sobrava mais tempo para ficar rodando com a galo pelo bairro antes da hora do almoço.Mas foi em um desses domingos que eu tomei um baita susto ... nesse dia eu abusei e saí do bairro com a moto.
Quando passava por um subidão acelerando uma terceira e curtindo aquele ronco maravilhoso, um amigo me gritou da sua casa para que eu voltasse para ele apreciar aquela beldade, foi quando o garoto de 15 anos, magrelo que mau podia com uma CG 125, cometeu um grande erro.
A rua era bastante íngreme e um pouco estreita e eu cismei de fazer o retorno equilibrando sem colocar o pé no chão, a galo engasgou e morreu, eu não acreditava no que estava prestes a acontecer.
"Meus Deus e agora a galo vai caiiir", por um instante me passou um filme pela cabeça, a moto caindo e estragando naquele asfalto quente, e meu pai acabando comigo.Coloquei rapidamente o pé no chão e tentei a qualquer custo segurar aqueles "sei lá quantos quilos", mas não deu a galo caiu.
Eu entrei em pânico mas percebi que a moto apesar de ter tombado para o pior lado "o da descida", ficou apoiada pelo protetor de motor, não tombando totalmente.
Meu amigo saiu desesperado para me ajudar erguer a moto, mas o desespero era tão grande que eu consegui erguer sozinho, não me pergunte como.Antes mesmo que ele conseguisse chegar perto da moto ela já estava funcionando, e antes mesmo que eu voltasse a minha cor normal a moto já estava estacionada na garagem.
Desde então nas manhãs de domingo eu preferia lavar o carro do velho, uma forte dor na coluna me perseguiu durante um bom tempo e até hoje, meu pai não sabe que um dia eu deixei a galo cair.
Ou melhor, não sabia !!!
Aparecido Caetano
Jandira - SP