"A vaia ", a maior você nunca esquece

 

Se existe uma coisa frustante nesta vida é ser vaiado coletivamente por um grande numero de pessoas. Não seria tanto o caso desta história que vou contar.

Mas trata-se de um episódio que meu inseparável amigo Gerson lembrou uns dias atrás num de nossos incalculáveis e numerosos papos de oficina , proveniente de uma amizade que já dura 34 anos... Bom " por incrível que pareça temos fotos juntos na primeira comunhão!!!"

Em meados de 1985 eu troquei uma RX 125 / 80 "marrom glacê" por uma RD 250 74 azul, a primeira de uma  série de 3 RD´s que tive, aí o Gerson se fez necessário desfazer de sua ML 78 vermelha linda e personalizada que ele mesmo fez, haja visto não conseguir mais me acompanhar de RD.

Ficamos sabendo de uma CB 360 75 também personalizada ( por sinal bem feita ) na cor preta e com os cromados bem a mostra com um ar de moto européia, lá no alto da Rua XV, ou seja: no outro lado da cidade.

Até aí tudo bem mas se desse negócio na ML teríamos que rebocá-la com a RD pois a CB estava com problemas no cabeçote e um frete naquela época estava fora do alcance do seu bolso, imaginem; estagiário do SENAI prestes a se formar em mecânica de autos, alguém tem a idéia quanto ganha hoje um estagiário meio expediente em uma industria?

Peguei um corda e fomos até lá . Lembro-me que era sábado a noite, motivo pelo qual não esqueceremos nunca mais por que levamos a maior vaia de nossas vidas.

O papo se estendeu até por volta de meia noite até que o sujeito resolveu se desfazer de sua 360 pau a pau pela ML.

Laçado o cavalo doente, então descambamos a Av. Visconde de Guarapuava abaixo com o Gersom literalmente sendo defumado com óleo 2T em todo o trajeto de volta, isso é que era diversão, e a gente nem sabia.

Bom, nas imediações do prédio da câmara dos deputados existia uma casa noturna de pagodão chamada WISKADÃO, onde o fervo de pessoas na fila de entrada já era presente .

Ao escutarem um ronco estridente da coitada da RD berrando feito uma mula, escutamos diversos e delicados adjetivos: - Bixeira!!!, - Joga fora esta m...!!!- Compre uma CG !!! etc ... Comportamentos de uma década chamada 80.

Metros dalí antes do farol a RD parou de vêz e aí meu véio, o coral arregalou a goela; foi de fazer eco nos prédios da região e aí então lembrei que já estava na reserva a alguns km e não imaginei que a RD iria beber tanto por causa de uma "carguinha a mais"...

Eis que lembrei da estratégia de deitar a moto e coletar o restinho de gasosa que fica no oposto do tanque, porque eu já tinha posto uma mangueira de transferência de combustível maior e por cima do quadro para facilitar a remoção do tanque.

Lembro que levamos mais outra vaia coletiva dos playboys, foi de fu... putaquepariu a minha vontade era de por a cabeça dentro do tanque da moto, a cara do Gerson parecia a bandeira da China mas nós gostávamos de motos diferentes... há algum mal nisso???

Enfim a RD pegou no primeiro pedal e caímos fora dalí.

Depois de uns anos andamos muito tempo de XLX 250 dupla carburação, a minha era vermelha e a dele preta.

Curitiba - Guaraqueçaba às 4 da tarde de sábado, decidimos na louca, há pouco tempo atrás o único posto de combustível fechava sábado depois do almoço e não abria no domingo... O tempo passou e muitos cavalos de páu de TL demos na cidade ( outras histórias... )

Hoje tenho uma 400 F vermelha 76 e uns 2 anos atrás arrumei uma Quatrocentinha para ele e vermelha também.

Estamos muito contentes em poder desfrutar nossa clássicas junto, de uma forma que como o esporte une os povos , o antigomotociclismo também de um modo geral traz o benefício de estar de bem com a vida e com boas amizades...

Prefiro gastar o meu dinheiro com peças para as minhas motos do que ter uma conta monstro para pagar no final do mês na farmácia ou no boteco.

E daí Gerson ? Quando é que vai comprar uma Inglesa para andar junto com a "Gertrude" ( BSA 350 B31 1952 ), achei uma Ariel 350 precisando de um dono, HE! HE! HE! 

Alexandre Pacheco dos Santos
Curitiba - Paraná
aletunari@pop.com.br