ANDREA IPPOLITO

" O Pai do Motociclismo Latino-Americano"

                

 


Quando chegou à venezuela, proveniente  de seu país natal, a Itália, Andrea Ippolito, igualmente a milhares de seus compatriotas, desembarcou no porto de Guaira, acompanhado de muitos sonhos, garra para trabalhar, mas a diferença de tantos, é que a sua bagagem incluía uma moto MV Agusta, modelo 203.

Nascido em 1924, na localidade de Torre del Grecco, próxima a Nápoles, antes de emigrar, seu nome apareceu em distintas competições regionais em seu país, e à sua chegada ao Caribe de imediato se embrenhou no ambiente das corridas venezuelanas, atividade que havia apenas começado em 1950.


Detonando no cross !

Ippolito efetuou várias provas do campeonato nacional de 1954 e dois anos depois, viajava ao Perú, com a poderosa equipe nativa que arrasou em Lima e em 1958 consagrou-se campeão nacional das 500 cc com uma Ducati, temporada em que escapa de um perigoso acidente ocorrido no circuito de Los Próceres, em Caracas, na mesma prova que perdera a vida o piloto mais veloz e ousado da sua época, José Antonio "El Negro" Vivas.


Ippolito (nº 12) largando na frente - Los Próceres - 1958

Em 1959, Andrea Ippolito consegue a vitória em Valparaiso, Chile, na categoria 350 cc, e Pedro José Bettancourt na 500 cc, e em 1960 competem em outra edição do Campeonato Sul-Americano, ratificando seu talento com os bólidos de meio litro ! 


Pedro José Bettancourt e Andrea Ippolito 

No começo de nova década, na Venezuela entra em vigor uma restrição à importação de motos de alta cilindrada, e  Andrea se monta nas pequenas máquinas Suzuki e Itom de 50 cc.


Ippolito pilotando (estranhamente !) uma Suzuki 50

 

Entretanto, Ippolito, que durante anos fora representante da firma italiana Ducati na "A casa da Moto" situada em La Bandera, na cidade de Los Rosales de Caracas, consegue um acordo com uma marca japonesa que procurava novos sócios na América Latina.

A união com a Yamaha acontece em 1964 e imediatamente Ippolito dá a vida à equipe Venemotos.

Entre 1964 e 1966 se consagra na categoria 125 cc e em 1968 pilota um protótipo de 250 cc na corrida internacional de Caracas, onde enfrentou a Honda 6 cilindros de Júlio César León, épica batalha que culminou quando ambos forma ao chão a poucos metros da bandeirada.


Ippolito também foi um dos pioneiros no Kart da Venezuela

A última apresentação sobre uma moto de corridas do "Viejo Zorro" , como era conhecido Ippolito, ocorreu em 1972, com 47 anos, temporada na qual se registrou a estréia de um adolescente chamado Johnny Cecotto.

CECOTTO E IPPOLITO ESTREMECEM O MUNDO

Andrea Ippolito encara uma nova etapa como dirigente esportivo e assume a presidência da Federação Motociclistica Venezuelana que divide com seu frutífero trabalho como empresário à frente da marca dos três diapasões.

De imediato, reativa os laços que mantém com distintos dirigentes regionais e em 1974 funda a União Latino-Americana de Motociclismo, a primeira união continental reconhecida pela FIM, desde sua criação em 1904.

Ippolito percebe o sobrenatural talento de Johnny Cecotto, convertendo-se em algo mais do que seu "mananger", seu maestro, e em 1974 a dupla se apodera do título venezuelano e panamericano na categoria Força Livre.


Johnny Cecotto e Andrea Ippolito

Correm as 200 Milhas de Daytona e Ímola, mas sómente no ano seguinte o mundo saberia do que seriam capazes.

Em março de 1975 a modesta equipe comandada por Ippolito havia conseguido um assombroso 3º lugar nas 200 Milhas de Daytona após superar 70 adversários, sendo o último deles Giacomo Agostini, mas o mais espetacular seria a estréia no mundial no GP da França de 1975 no circuito Paul Ricard.

Com duas Yamahas TZ 250 e 350 de série, preparadas pelo próprio Ippolito, Italo Cicchetti, Angelo Frontieri e Ferruci Dalle Fusine, chegam tímidamente à Le Castellet, onde o jovem Cecotto de 19 anos, arrasa seus adversários, na que seria  a estréia mais sensacional do motociclismo, marca esta nunca igualada, de vencer em duas categorias em seu primeiro GP !


Ippolito também conhecia mecânica !

Johnny Cecotto torna-se campeão das 350, destronando o intocável Giacomo Agostini, convertendo-se então no campeão do mundo mais jovem, superando a marca de Mike Hailwood e só falhas mecânicas o impedem da dupla coroação na 250 cc !


Johnny Cecotto

Andrea Ippolito não se contenta com o êxito de seu protegido e solicita para a Venezuela uma prova da Copa do Mundo FIM de 750 cc.

Para isso, não economiza esforços e transforma a pista de San Carlos. Embora o resultado da prova de 1976 não tenha sido homologado, Andre Ippolito consegue entre 1977 e 1979 realizar uma prova válida do Circo Continental em uma pista extra européia La calurosa  pista localizada a 300 quilometros de Caracas. Resultou um modelo em medidas de segurança e graças ao impulso e exigências de Ippolito, pouco a pouco obrigou ao desaparecimento de muitos dos perigosos traçados europeus que integram o calendário internacional.


Largada do GP da Venezuela - 1978 - 350 cc

Em 1977 se efetuou em Caracas o Congresso Anual da FIM, o primeiro realizado fora da Europa desde 1904.


Ippolito sempre à frente como dirigente !

Os êxitos do comando de Ippolito, que exaltaram Johnny Cecotto, despertaram a ilusão de milhares de jovens de todo o continente e assim surgiram grandes pilotos como os também venezuelanos Iván Palazzese, Aldo Nannini, e Carlos Lavado.

1983 foi uma temporada triunfal para a equipe Venemotos, levando o título nas 250, e o primeira e única dobradinha, com Lavado e Palazzese, alegrias todas que o homem de voz grave, ilimitada generosidade e desmedida paixão pelas corridas não pôde desfrutar, ao falecer em 13 de fevereiro, vítima de um enfarte. Tinha 58 anos de idade.

Um de seus alunos prediletos, Carlos Lavado, dedica-lhe o título mundial das 250 em 1983 e repete a dose em 1986. Suas 17 vitórias nas 250 e 2 nas 350 deixaram uma marca que não se apaga, sendo considerado um dos pilotos mais velozes e aguerridos das categorias intermediárias. Só a precoce perda de Ippolito impediu ao bigodudo Lavado sua ascensão e consagração nas 500 cc.


Carlos Lavado - 1978

UM LEGADO IMPERECÍVEL

Poucas pessoas na história do motociclismo venezuelano podem dizer que não receberam algum tipo de ajuda da parte do maestro Ippolito, que sempre estendeu a mão a todos que lhe acercavam em busca de apoio !

Centenas de motos de velocidade e motocross foram entregues sem custo a dezenas de pilotos  com o único compromisso de fazê-las competir em provas nacionais ou internacionais, política que  cimentou as bases que consagram o motociclismo esportivo venezuelano como o mais exitoso da América Latina !


Andrea Ippolito discursando na largada da I Copa do Brasil de 1979 em Interlagos, ao lado do nosso Patrono Eloy Gogliano ! 
Que grande dupla para o motociclismo !! No grid (nº 1), está o campeão mundial Walter Villa que agora corre pela Equipe Venemotos.

Esse turbilhão de ideais, projetos e forte caráter que foi Andrea Ippolito continuou graças ao trabalho de seus filhos. O maior, Vito, é a máxima autoridade do motociclismo venezuelano e também ocupa a vice-presidência da FIM, enquanto seu irmão Claudio foi um dos melhores motociclistas dos anos 70.

Em 1986 nasceu a Fundação Andrea Ippolito, como homenagem à memória do homem que desenvolveu um incalculável trabalho em prol do motociclismo continental, instituição que organizou entre 1988 e 1999 dez edições do Grande Prêmio da Venezuela de Motocross na categoria 250 cc, em um cenário que por sua infraestrutura também foi um exemplo a se imitar nas demais pistas do planeta !

Em 40 anos de história, a equipe Venemotos é uma das escuderias mais antigas e exitosas do motociclismo internacional, exibindo 3 títulos mundiais, mais de 30 vitórias em Grandes Prêmios, assim como dezenas de campeonatos latino-americanos e venezuelanos, tradição que se mantém a espera de poder retornar à cena mundial em qualquer das modalidades competitivas do motociclismo esportivo.  

 Andrea Ippolito

"O Pai do motociclismo Latino-Americano"

 Texto: Octávio Estrada (Venezuela)
Tradução e Lay-out: Ricardo Pupo
Março / 2003

 

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Comentários dos Internautas:


Adorei esta historia, e espero ver e ler muitas outras. Valeu.
Anderson Renato da Cruz
andersonrenato@.com.br (Sexta Feira, 7 de Março de 2003, às 17:50:54)


Tive o prazer de ve-lo varias vezes em Interlagos, com os seus pupilos, foi uma epoca incrivel.
Carlos Crippa
crippacarlos@hotmail.com  (Sábado, 8 de Março de 2003, às 12:57:03)


Materia sensacional. Parabens.
Tabajara  A. Jorge
miraassumpcao@ig.com.br  (Sexta Feira, 14 de Março de 2003, às 11:10:42)


Incrível e bela a história dessa legenda para o motociclismo latino americano, e pra mim, o mais incrível de tudo foi a foto do Andrea Ippolito de "foguetinho" na Suzuki 50cc .Meu Deus como fiz isso aqui na "Mabel" em Rib.Preto/SP .
E eu achei que isso era coisa de garoto dos anos 70/80...que aprendizado!!
Valeu mais uma vez !!
Ricardo Pires
piresricardo@yahoo.com.br  (Quarta Feira, 26 de Março de 2003, às 00:31:42)


Foi bem legal
Samuel Pires
(samuelpires13@bol.com.br) Quarta Feira, 27 de Abril de 2005, às 16:53:44


Vivi esta época. Grande Andrea Ippolito um homem vero em um mar de medíocres
IVAN DE JESUS
(ivandejesus51@ibest.com.br) Sexta Feira, 3 de Fevereiro de 2006, às 21:04:19


sono contento di legere i commenti di un grande del motochismo.io lo ricordo da bambino nella mia citta monopoli con isuoi baffoni e la sua ferrari
grande motoclsta luca da monopoli
nome = luca marasciulo
email =
lucamarasciulo@libero.it


un grande saluto a tutti a tutti i caracheni e allo zio zito dal suo parente in italia
nome = andrea ippolito
email =
betateck2@hotmail.it


Grande Ippolito!!!
nome = ivansilva
email =
ivan.51@globomail.com
                        08/10/2012