Cadê a DT ?  Estacionamento de luxo


Já eram meados dos anos 90 e eu tinha uma Yamaha DT180, ano 87, preta, linda, toda original.

Guardava a motinho na garagem do sub-solo do edifício em que morava, para evitar a maresia, enquanto o carro ficava na garagem do andar térreo.

Passaram-se umas duas semanas de chuva e um belo dia o porteiro ao me ver indagou se eu havia vendido a DT, já que fazia alguns dias que não a via.

Desci à garagem feito um foguete e qual não foi minha surpresa ao não encontrar a moto onde costumava deixá-la.

Vasculhei toda a garagem e me dei por vencido: roubaram minha moto!

Apesar de já fazer alguns dias que ela devia ter sido furtada e, portanto, já deveria estar bem longe ou desmontada, resolvi ir até a Delegacia de Polícia mais próxima para efetuar o Boletim de Ocorrência; só para desencargo de consciência.

Sentei a frente do escrivão e num misto de frustração e conformismo, comecei a narrar o ocorrido.

Quando finalmente passei a descrever as características da motocicleta o escrivão parou de datilografar, me olhou pausadamente e disse: o senhor poderia me acompanhar.

Segui o escrivão até a parte detrás da Delegacia, que abriu a porta da garagem e perguntou se aquela era a minha moto.

Refeito da emoção comecei a agradecer aos policiais pela eficiência de terem recuperado minha moto antes mesmo de eu ter dado falta dela.

Foi aí que eles me contaram que encontraram a moto abandonada em uma rua, que a gasolina havia acabado e que possivelmente por nervosismo o ladrão não lembrou de verificar a reserva e fugiu deixando a moto.

Disseram também que não precisaria me preocupar, pois a moto estava ótima, já que a cada dois dias eles davam uma ligada nela.

Que só não a tinham me devolvido ainda, pois haviam requisitado ao Detran a informação de quem seria o proprietário e que ainda não haviam recebido resposta.

Fui embora feliz da vida pilotando minha DT, mas pensando se não teria sido melhor ter proposto aos policiais que a continuassem guardando.

Brincadeira à parte, a verdade é que nunca mais passei um dia sem verificar se a moto estava na garagem.

Aproveito para mais uma vez para agradecer a todos aqueles policiais honestos, que além de cumprirem com seu dever, arriscam a vida diariamente por um salário aquém do que merecem.

Paulo Richter Mussi

Florianópolis - SC

prmussi@hotmail.com