Curva do "S"
O tempo passou, rápido demais parece que estou viajando na RD 350 do Gastão, um cara maluco que andava em uma roda só e animava a galera lá no retão do seminário, na hoje, grande Cidade de São José dos Campos.Nos idos dos anos 70, a galera se reunia no amarelinho, e dali saiamos a toda pela cidade com nossas endiabradas RD 50, RD 75, CB 50, todas com um escapamento dimensionado, garimpando as escolas mais badaladas em busca das meninas mais cobiçadas, todas com seus cabelos parafina, era o auge do rock e do surf, das camisas jacaré, os bailes no único club da cidade, o POP, nome de revista da época, era muito disputado, quem tinha moto levava vantagem, pois as gatas se amarravam nas máquinas, eram as "marias gasolina".
Entravamos a toda na curva do S, uma curva sinistra no fim do retão da Avenida São José, quem entrasse mais rápido e com a pedaleira completamente no chão levava a fama de maluco e era comentado na roda da galera na escola.
Tempo bom que não volta mais, mas, a saudade dos amigos que ficaram por lá é muito grande, Paulão, Homero, Japa, Carvalho, Bocão, Chicão, Dimas, Valdeci, Mário, e outros que viveram, outros que já partiram e dividiram as maiores aventuras de minha vida, em uma época que se falou muito em liberdade, e nós com nossas máquinas vivemos essa liberdade em sua maior expressão e verdade, pilotando uma motocicleta noite adentro sem destino nem hora para chegar, somente com um único compromisso e objetivo, chegar no fim da reta enrolando o barbante e conseguir entrar naquela curva em forma de S o mais radical possível, sentindo-se um Adú Celso por uns minutos, para depois ir para casa na madrugada fria da cidade e dormir sonhando com as manobras que faziamos sobre duas rodas na curva do S.
Nelson Roberto de Oliveira
Rio de Janeiro - RJ