Descida do Seminário !

 

Cara, esta faz tempo...

Lá pelos idos  dos anos 80 em São José dos Campos (SP), quando a cidade adormecia, a galera das cinquentinhas se reunia no posto do amarelinho para mais uma de suas doideiras.

Saímos a toda, mais ou menos, 20 motos, cada um com uma mina na garupa, sentindo-se o dono do mundo, com direção ao retão do seminário, uma reta de, 6 kilometros, acompanhada de uma descida de 2 kilometros, uma coisa sinistra... só entrava quem não tinha juizo, era imortal, ou tinha quinze anos.

A galera aparecia do nada, em poucos minutos, já eram mais de 200, gritando e deixando os nervos à flor da pele, instigando e conduzindo os mais corajosos a enfrentarem seus adversários, parecia um duelo no coliseu, depois de muita provocação da torcida, que mais torcia para o tombo, saíamos em disparada para, mais um duelo.

Um cara mais animado tirava a camisa, e ela, virava uma bandeira quadriculada, servindo de largada, para a grande viagem, que durava uma eternidade pois, eram apenas cinquentinhas, depenadas, com dimensionados, tomazelis, corneta no carburador e uma gasolina verde, que um cara arrumava lá no CTA, misturada com naftalina. Ele dizia... valia tudo para ser o melhor.

Chegar ao final da reta não era o mais difícil, complicado era parar, quando se chegava ao inicio da descida que ainda tinha 2 km, não tinha lona e nem pensamento positivo que segurasse, o jeito era acelerar e aproveitar os minutos de barriga fria e adrenalina que se seguiam !

Depois, era rebocar a mina e viajar na maionese, lá no postinho do amarelinho contando a emoção de descer o seminário, sem juizo, sem freio, sem medo e... sem capacete.

Um abraço.

Nelson Oliveira         

Rio de Janeiro - RJ

nelsonmotohonda@ig.com.br