As duas paixões: Futebol e Motocicleta !

 

Corria o ano de 1977. 

O S.E.R. Caxias era o representante da cidade de Caxias do Sul -RS no Campeonato Brasileiro de Futebol. E no fim de semana tinha um jogo importante em Curitiba com o Coritiba.

Dois amigos e eu resolvemos assistir o jogo, mas fazendo a viagem de moto. Era a primeira aventura fora do estado, já que os passeios eram sempre por perto, de no máximo 100 ou 150 km.

Durante a semana revisei as motos, deixando-as prontas para a " grande aventura ".

Saimos bem cedo no sabado. Eram três motos : o Ivan, numa imponente Honda CB 500F branca ; eu e minha namorada numa Yamaha RD 350 76 e outro amigo noutra Yamaha RD 350 76. 

Nós tínhamos combinado que o Ivan , da Honda, iria na frente de líder e as Yamaha , atrás por causa da fumaça e do óleo 2t.

Passados pouco mais de 50 km, o amigo da RD 350 parou e nós , preocupados, damos meia volta e fomos ver o que tinha acontecido. O problema não era na moto, o cara tinha parado para mijar.Continuamos a viagem.

50 km adiante, o amigo da RD parou. Fomos ver o que era e lá estava o cara mijando de novo. Reclamamos com o companheiro e seguimos para a estrada. 

Mas não ficou por aí, pois o fdp foi parando a cada 50 km. Depois da terceira ou quarta vez, não nos preocupamos mais já que a cada vez que ele parava, logo nós viamos pelo retrovisor uma fumacinha ir crescendo até ele nos ultrapassar a mais de 150 m por hora e enchendo a estrada de fumaça e de oleo. 

O Ivan , da Honda, ficou fulo da vida e, com razão, pois o seu macacão branco e impecável  foi ficando cheio de manchas de oleo.

Chegamos em Curitiba cansados e doloridos pois fizemos os 600 km quase sem paradas.

À noite era o jogo. Fomos ao Estádio Couto Pereira e, para nossa alegria, ganhamos  por 2x1.

Jantamos perto do Estádio, encontramos vários torcedores amigos, fizemos festa até tarde e depois fomos dormir já que no domingo cedo nós faríamos a viagem de volta.

A volta foi tranquila, descontraída e sem nenhum problema nas motos e nem na bexiga do mijão. 

Pelas fotos que tiramos, dá para ver que o movimento nas estradas , naquele tempo, era bem menor do que hoje. 

Em todo o percurso , tanto na ida como na volta, não lembro de termos encontrado outro motociclista cruzando por nós.

Era uma tranquilidade tão grande que , às vezes, tinha de cutucar a minha companheira de garupa pois ela cochilava e eu sentia o peso dela apoiando nas minhas costas. Quase tive de amarrá-la em mim. Mas tudo acabou bem. 

Chegamos exaustos e doloridos porém contentes pelo prazer da nossa primeira aventura e pela vitória no jogo.

Só fui me recuperar das dores, no pescoço e costas, muitos dias depois. Mas aí já estava pronto para outras aventuras que estavam por vir.

PS . O registro oficial desta nossa viagem é aquela foto que estamos os tres amigos andando juntos.