MICHEL ROUGERIE
Um piloto espetacular, generoso com todos e agressivo nas pistas.
Quando punha o nariz dentro da bolha da carenagem, parecia um feroz Pitbull !
Michel nasceu em Paris, em 25 de abril de 1950, numa família bem modesta.
Seu pai era motorista de entregas e sua mãe faxineira numa fábrica de móveis.
Dos 6 aos 11 anos Michel morou com seus avós, em Rosnysous-Bois, na região da grande Paris.
Já com 14 anos, volta a morar com sua mãe, e com a cumplicidade de seu pai (ex-motociclista), começa a se interessar por motocicletas.
E assim, ganha de presente de sua mãe um ciclomotor, um Flash Paloma.
Aos 16 anos, ganha uma Honda 305 e começa a correr com seu melhor amigo, Bibi (José Quintana), que também tinha um Honda 305.
E em 1969, Michel consegue sua licença e começa a disputar provas oficiais, primeiro com uma Bultaco 125 TSS, mas como os resultados são ruins, resolve colocar sua moto de passeio na pista, a Honda 305.
Com isso, no final do ano, Michel fica em 3º no campeonato nacional, categoria 350 cc.
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Mas nesse mesmo ano, um evento iria influenciar seu futuro ... o Bol d´Or !
Sua participação no Bol d´Or, está relacionada a fatores de sorte. Michel havia conhecido Robert Assante, quando certa vez fora comprar peças para sua Honda 305 de competição .. e ficaram bons amigos.
Robert Assante, se tornara o diretor comercial da Japauto ... e Michel foi até lá comprar equipamentos para sua moto, pois iria disputar os 1.000 km de Le Mans, duas semanas antes do Bol d´Or.
Nessa visita, ele coloca uma idéia ao seu amigo Robert: convencer o seu chefe, Vilaséca a colocar a recém lançada moto japonesa na Europa, a Honda 750, para competir no Bol d´Or.
Michel participa dos 1.000 km de Le Mans, com sua Honda 305, em dupla com seu amigo Bibi, mas abandonam, por quebra.
E quem vence a prova é Ravel, com uma Kawasaki H1R, que fica à frente de Urdich, com uma Honda 250 CB72.
Dias depois da prova, Urdich vai à Japauto e faz a mesma proposta que Michel havia feito a Vilaséca.
Vilaséca fica seduzido pela idéia, inscreve Urdich com uma Honda 750, mas seu companheiro não pode ser inscrito, pois tem apenas a licença júnior, para motos até 250 cc. Imediatamente Robert pensa em Michel,e assim o inscreve para fazer dupla com Urdich.
E Vilaséca faz ainda melhor ... consegue uma moto de fábrica, totalmente preparada pela própria Honda Japão.
E assim, Urdich e Michel vencem a prova !
E isso faz Michel decidir definitivamente ... vai ser piloto profissional !
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Em 1970, Robert Assante agora importador da marca italiana Aermacchi, convence Michel que essas serão as motos "do futuro" nas competições "motos dois tempos, rápidas e confiáveis". Michel compra duas motos, uma 125 e uma 350, mas o resultado é frustrante !
Michel consegue um acordo com M. Leconte, que compra a moto que era o sonho dos pilotos privados da época: a Kawasaki H1R !
E Michel consegue o título do campeonato francês das 500 cc do ano de 1971 ! E disputa também a categoria 125, com bons resultados !
Em 1972, assina um contrato com M. Leconte, se tornando o primeiro piloto profissional francês.
E disputa o campeonato francês nas 125, 250 e 350 (as 250 e 350 são as motos de Renzo Pasolini em 1971, as Aermacchi).
Na 350 e na 250, fica com o vice, atrás da Yamaha de Christian Bourgeois, e vice também na 125.
O ano de 1973 marcaria a sua estréia no Mundial ! Participa nas categorias 250 e disputa 1 GP das 500. Faz um excelente campeonato, com direito a dois segundos lugares (Holanda e Tchecoslováquia), ficando em 5º na geral ! Nas 500, chega em 5º no GP da Bélgica.
No recém criado Troféu FIM 750, fica em 15º com sua Harley Davidson 750 XR.
E de quebra, leva o campeonato francês das 250 !
Para 1974, com a morte de Jarno Saarinen e Renzo Pasolini, no acidente de Monza (1973), Michel se torna um dos grandes favoritos ao título das 250.
Mas a temporada seria uma decepção ... sua melhor colocação seria um 2º lugar nas 250 e um 3º lugar na 350. No final, fica em 9º na 250, 7º na 350 ...
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... e 16º na 500 com apenas 14 pontos marcados.
Disputa também o Bol d´Or com uma BMW 900, mas nos treinos sofre uma queda que compromete seu preparo físico ... e abandona nas primeiras horas.
Em 1975, Michel se torna o primeiro francês a ser piloto oficial de uma equipe de fábrica, e consegue uma moto igual à do primeiro piloto da equipe, o italiano Walter Villa.
A disputa é acirrada na temporada das 250, com o italiano obtendo 5 vitórias, contra 2 do francês.
No final da temporada, Michel soma 91 pontos, contra 85 do italiano ... mas é Walter Villa que é consagrado campeão do mundo. O regulamento da época só computava os 6 melhores resultados. Os fãs de Michel Rougerie até hoje o consideram o real campeão de 1975 !
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Para 1976, todos esperam a revanche entre o italiano e o francês ... mas um anúncio da fábrica Harley Davidson cai como uma bomba no coração de Michel ! Eles decidem substituir o piloto francês pelo também italiano Gianfranco Bonera.
Mas por ter mostrado toda sua potencialidade nas temporadas anteriores, a Equipe Elf lhe oferece uma vaga, para correr nas categorias 250, 500 e 750.
Mas por não ter um bom equipamento para brigar por vitórias (A Suzuki Elf não era competitiva), Michel praticamente abandona as categorias 250 e 500 ainda no início da temporada.
Assim, nesse ano, Michel se dedica ao Troféu FIM Fórmula 750, com uma Yamaha TZ 750. Fica em 6º em Daytona, 2º em Ímola, vence na Espanha (Jarama) e abandona nas outras 5 provas ... mesmo assim, fica em 4º lugar na classificação final.
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Em 1977, a Elf volta atrás no seu patrocínio, mas como Michel já estava bem estruturado financeiramente, pôde escolher outra equipe para disputar a temporada.
Disputa as categorias 250 e 350 com Yamaha, pela equipe Diemme, com um boa temporada, ficando em 4º na 350, com uma bela vitória no GP da Espanha. Fica em 4º lugar no final do ano nas 350 cc.
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Na 250 seu desempenho é ruim, ficando em apenas 27º lugar, com apenas 5 pontos !
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Mas seu grande sonho é brilhar na categoria rainha do mundial, as 500 cc. Michel disputa com uma Suzuki, mas fica apenas em 13º na classificação geral.
Em 1978, com uma Bimota - Yamaha 350, Michel fica em 6º na classificação geral.
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E nas 500, fica em 10º lugar no campeonato.
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Por seu estilo de pilotagem bem diversificado, Michel é convidado a desenvolver um projeto francês ousado para a época ... a ELF-X, uma moto com soluções radicais na parte ciclística e estrutural.
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Mas no final da temporada uma surpresa o aguardava. Na prova de equipes do Troféu das Nações, em Ímola, Michel sofre um grave acidente, assustando a todos, tendo inclusive que ser reanimado na pista !
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Mas sua recuperação é rápida e já para o começo da temporada de 1979, encontra-se em forma.
O ano de 1979 mostra-se ainda pior ! Michel fica em 17º na 350, participa de apenas 2 provas na 250, e termina em15º nas 500 (Suzuki), e ainda assiste seu compatriota Patrick Pons brilhar no cenário mundial, com o título da Fórmula 750.
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Em 1980, o motociclismo francês está de luto. Olivier Chevalier e Patrick Pons vem a falecer em corridas. E o sofrimento de Michel é maior, pois no acidente fatal de Patrick Pons, ele foi um dos envolvidos diretamente !
Com isso sua temporada é totalmente comprometida, ficando apenas em 17º na 500 (Suzuki).
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Em 1981, graças a Allain Chevallier, Michel iria tentar novamente em nova equipe o sucesso que até então não viera.
Ingressa oficialmente para Equipe Pernod, que tem boa estrutura, para disputar as categorias 250 e 350 cc, com chances reais de vitórias.
Mas na 5ª etapa do mundial, em 31 de maio, no GP da Yoguslávia, mais uma tragédia marcaria o motociclismo mundial !
Tudo aconteceu repentinamente na segunda volta da prova ... Michel Rougerie vinha na 8ª posição com um grupo que corria em fila indiana, muito juntos no "S" oposto aos boxes, quando perde o controle de sua Yamaha -Pernod, deslizando na parte externa da curva, justamente na trajetória da saída, onde os pilotos atingem 150 km /h.
Michel se levanta depressa, mas demora uma fração de segundo para tomar novamente controle da situação !
Cinco ou seis pilotos conseguem evitar o choque, mas o experiente Roger Sibille, seu companheiro de equipe, o acerta em cheio ... o choque foi terrível ... e Michel Rougerie morreria na hora !
Mais um piloto, com um grande futuro ainda pela frente, tem sua carreira interrompida.
É o risco que todos sabem existir, mas que é menor do que a emoção e o prazer de competir ... sim, prazer, pois naquele tempo, a segurança e o fator financeiro sempre vinham em segundo plano, pois o que valia para esses valentes pilotos era a emoção e o prazer de pilotar !
Com isso, a equipe que está na eternidade, agora conta com mais um brilhante e arrojado piloto ...
MICHEL ROUGERIE
Por Ricardo Pupo
Setembro / 2005Fontes: site bike70.com e Encyclopaedia of Motor-Cycle Sport.
Colaborador: Goran Slavic, nosso correspondente na Sérvia
Fotos: Muitas das fotos foram gentilmente cedidas por François Beau ( www.bike70.com )
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Comentários:
Comentário dos Internautas:
Acompanhei pelas revistas da epoca o talento desse grande piloto em suas brigas com Cecotto, Villa, Pons e outras feras da epoca mas naquele tempo tinhamos poucas informações sobre as corridas do mundial, só nas revistas importadas como motociclismo italiana, dirt bike entre outras bem caras para nós moleques na epoca.
Othon Voador Russo
(othonrusso@yahoo.com.br) Sexta Feira, 7 de Outubro de 2005, às 01:37:23
Que fera! Tenho algumas revistas velhas em que o Michel da as caras. Dez!
Tabajara A. Jorge
(miraassumpcao@terra.com.br) Terça Feira, 18 de Outubro de 2005, às 16:30:53
faz parte da minha vida como torcedor e piloto grande Michel realmente as mortes sempre me deixaram perplexo tanto no exterior como aqui no Brasil e sempre que vejo uma moto no chao na rua geralmente uma cg 125 ainda me deixa preocupado por ser assim com as motos mas ainda me considero piloto de motos... aos 52 anos...
IVAN DE JESUS
(ivandejesus51@ibest.com.br) Sexta Feira, 14 de Abril de 2006, às 13:35:38