Motocross - o início.
Eu estava no ônibus do condomínio e meus pensamentos foram para lembranças de como tomei conhecimento da existência do Motocross.
Em 1972 havia um programa no sábado de manhã chamado Grand Prix e surgiram, na tela da televisão Philco (preto e branco é claro), imagens de uma corrida que acontecia pela primeira vez no RJ.
A corrida se chamava motocross e ocorreu nas areias do Leme.
Eram várias imagens, mas, a minha memória guardou apenas a imagem do Chaveta e do Nivanor fazendo uma curva na areia para a esquerda.
Eu fiquei fascinado por aquilo, nem sabia que existia corrida na areia.
Muitos anos depois é que tive a oportunidade de ir numa prova oficial do Brasileiro de Motocross, no Maqui Mundi, um lugar perdido entre o Recreio dos Bandeirantes e a Barra da Tijuca.
Lá eu vi uma pista com alguns saltos enóoormes (para mim eram enormes na época) e rodeava um morro que servia de arquibancada.
As motos utilizadas eram as MX125, AT1, MX250, TM, TS, etc. Era uma coisa de louco.
Fui na minha novinha RD50 e meu pai na reluzente e desconhecida quase CG125 laranja e preta.
Era longe prá cacete, parecia que andava o dia inteiro para chegar na pista. O local não tinha onde beber água, ir ao banheiro, nem uma sombra, mas o público foi enorme.
A corrida foi muito disputada pelo Nivanor e o Beto Boetcher, ainda tinha um tal de Moronguinho.
Voltei prá casa amarrado de vez na coisa. A primeira coisa que fiz foi ir com amigos na Floresta da Tijuca num local chamado de campinho onde tinha uns barrancos e era um monte de RDs 50 pulando, quer dizer, pulando e se estabacando ou fazendo o que agora chamamos de Free stile. Era No foot, No Hand, No moto, Só chão ! Manete quebrada. Guidon e aros tortos. De vez em quando alguém acertava alguma coisa, se é que aqueles saltos eram alguma coisa certa.
Era uma alegria danada pular como um legítimo piloto de motocross de 50cc.
Um dia um amigo compra uma legítima moto de cross, uma Yamaha AT1M (125). Aquilo era a besta encima do quadro de uma AT. Era motor estúpido, aros de aluminio, freios iguais ao de uma cinquentinha, um escapamento com um barulho infernal que somente a 3 quarteirões deixávamos de escutar. A moto era o nosso sonho.
Um dia desmontamos a moto para fazer uma manutenção e descobrimos que dentro do cilindro havia gravado o nome "EDMAR". A moto tinha vindo de Goiania. Será o mesmo Edmar? Nunca soubemos.
Aquela AT1 era muito legal, motor estúpido, freio péssimo e suspensão igual a amortecedor de madeira.
Mesmo assim, motocross era uma delícia.
Somente muitos anos depois pude fazer uma corrida oficial de Motocross, em Teresópolis, já na época da DT180 e do torneio de verão no morro do Girante em Marechal Hermes.
Participei de algumas provas do antigo Holywood Motocross e só.
Fiquei velho e agora,... Que saudade daquela AT1M, era muito legal.
Um abraço,
Kleber Klein
Rio de Janeiro - RJ
siacadastral@uol.com.br