MOTOQUEIRO ABATE AVIÃO A PEDRADA
Foi exatamente assim o título da manchete em primeira página do jornal de nossa cidade, numa segunda-feira do mês de julho do ano de 1976.
Parece brincadeira, é difícil de acreditar, mais foi verdade mesmo.
Estávamos eu e mais uma turma de uns 15 motoqueiros da época, próximo ao pavilhão de exposições da Francal, aqui em Franca, SP, e acontecia o evento anual de exposição de calçados (FRANCAL), quando resolvemos improvisar um motocross com nossas motos de rua mesmo, num local logo mais abaixo, onde estava sendo aberto um loteamento novo e que estava sendo feito terraplanagem do terreno o que deixou alguns montões de terra e um barranco de uns dois metros de altura, que nós subiamos com as motos quase num ânglo de 90 graus.
Aí é que de repente aparece um indivíduo apelidado de MANCHA, pilotando um teco-teco, e querendo parecer mais doido que nós, e que fazia vôos razantes, passando há uns dois metros acima da roda-gigante do parque de diversões, e de lá rumava em nossa direção, também passando a 2 ou 3 metros de altura.
Aí é que a coisa pega. Um dos colegas, José Carlos Rosa, apelidado por nós de Zé Tião, desligou a moto desceu e nos disse: "Vou derrubar essa porcaria", e foi logo pegando uma pedra e ficou de prontidão quando lá veio o teco-teco, mas passou na transversal e ele não atingiu o alvo. Zé Tião pegou outra pedra e ficou esperando a próxima passagem que não demorou mais que uns 3 minutos e desta vez bem de frente pra nós, com aquela helice de madeira que girando dá uma circunferência de uns 3 metros e aí não deu outra, a pedrada foi certeira, deslascando uma pá da helice e ainda arrancando um dos cabos de vela, levando o pilôto a fazer um pouso forçado na rodovia Cândido Portinari, logo abaixo, e que o piloto freou tão forte que o teco-teco virou de rodas para cima. Zé Tião pegou sua RS125 verde e sumiu, e eu na minha GT380 voando, cheguei no local do acidente junto com o avião e ainda ajudei o piloto e se desvencilhar do cinto de segurança.
Com Zé Tião, que estava se borrando de medo, nada aconteceu, mais o piloto, o tal de Mancha, dançou, teve a licença cassada, e nunca mais pôde pilotar.
Esta é apenas uma de nossas muitas histórias.
Lucio Ribeiro
Franca - SP