Nossas motos, nossas amantes ...



Olá amigos,vendo comentários de alguns amigos sobre desilusão com motos clássicas, também gostaria de expor um fato interessante que acontece comigo de vez em quando...

Às vezes começo a mexer em uma moto com o maior pique, desmonto, pinto quadro, kit, faço o motor... e de repente me dá uma desilusão, encosto a moto no canto que chega a ficar anos sem que eu tenha vontade de mexer nela de novo...

Parece que perco o "tesão" por ela, sei lá, acho que às vezes porque falta dinheiro para colocar o projeto adiante, ou então não acho um detalhe que falta para terminar a restauração e aí a moto fica lá desmontada, às vezes estragando até o que já foi feito, tendo prejuízo, pois na hora que resolvo mexer nela de novo tenho que fazer tudo de novo.

Dou exemplo de uma Suzuki T250 1971 que eu comecei a restaurar há uns 6 anos, fiquei nela uns três meses e desisti não sei por que, e agora ela tá até enferrujada, coitada, fora os danos da pintura, pois com o decorrer dos anos, empurra pra cá, empurra pra lá... aí já viu...

Por isso que de uns tempos para cá eu só começo uma restauração depois que tiver TODAS a as peças na mão, pois aí é menos provável que se dê uma "broxada" no meio da relação (restauração) da moto...
Acho que a solução para isso seria vender a moto, para não levar mais prejuízo e quem sabe outra pessoa que a compre a trate como eu a tratei no começo...

Agora escrevendo tudo isso eu me dei conta que minha história pode ser comparada com alguém que conhece uma namorada nova, uma amante, ou até futura esposa:

Primeiro: é aquela coisa; você  a conhece e a acha linda, e já se imagina andando com ela, a levando para  passear,etc (esta é a hora que você a vê nos classificados do MC70 e vai falar com o vendedor (pai dela) para ver se sai namoro (no caso a compra)

Segundo: você a leva para dar umas voltas já com segundas intenções (de querer restaurá-la é claro!!)

Terceiro: depois de algum tempo namoricando com ela, e já a conhece, (até as partes mais intimas) a compra e leva para casa (esta é a parte que você se "casa" com a moto e a assume de papel passado!!!)

Quarto: esta é a melhor parte, onde você está todo empolgado com a nova "companheira" e fica fazendo planos para o futuro (esta é a hora que você passa horas "fuçando" nela pensando o que vai fazer, onde vai mexer, o que vai precisar comprar, quanto vai gastar, etc)

Quinto: começa a relação a dois, você a desmonta e aí vai ver aonde se meteu: é peça gasta, muita gambiarra e adaptação mau feita (meu Deus, você pensa, essa é rodada!!!) e começa a briga para por ela em pé... (esta é a parte que você está  tentando manter a relação estável ou tentar se convencer que não se meteu em enrascada!!!)

Sexto: começa as desilusões amorosas (você percebe que ela não era tão linda assim, principalmente agora que a conhece mais a fundo!!!)

Sétimo: começam as desilusões financeiras ( você vai à uma loja comprar peças e descobre que para mantê-la vai ter que gastar muito dinheiro!!!)

Oitavo: começa os maus tratos (você não dá mais banho nela, não serve uma boa bebida (abastece naquele posto de 1,99) e deixa ela passar despercebida!!!)

Nono: Você não quer mais vê-la e chega a passar meses sem olhar para ela ( esta é a hora que você percebe que cometeu um engano, e que com certeza se for tocar para frente vai gastar mais do que se comprar uma em bom estado!!!)

Décimo: você pede separação (esta é a hora que você fica realmente de "saco-cheio" e passa ela para frente para se "livrar" da "pedra no sapato") 

Bem, só que depois desta história toda, você pensa que já tá "espertão" dizendo que não cai mais nessa, até ver outra "belezura" nos classificados e aí começa tudo de novo... ou então já comete bigamia (ou até trigamia) e passa a ter várias "amantes" de uma vez (neste caso você gasta um pouco a mais,quase o salário todo pra manter a "família")

E é isso... na realidade só uma brincadeira, pois se já somos "amantes" das nossas motos temos  que ser maridos fiéis de nossas mulheres!!!

Abraços para todos,

Jairo Portilho

São Paulo - SP

jairoporreta@ig.com.br