O azarado da CB
Minha primeira clássica foi uma CB 360, ano 74, que eu comprei meio de acidente. Tinha uma Yamaha TT125, e troquei na CB com o motor parado. Acabamos de fechar o motor, aí é que fui ver que ela "fumava" e batia a corrente de comando. Como na época eu não tinha o conhecimento que tenho hoje, não dei valor, o que eu queria é andar.
Andei uns dois meses com ela assim, até ela bater o motor. Aí, encostei e cismei de eu mesmo mexer. Acabei não resolvendo nada e vendi-a assim mesmo quase de graça (duzentos reais) para um amigo colecionador (isso é porque é amigo...).
Bom, depois de mais algumas TTs e RDs, consegui uma CB 400. Prata, 81, a rabeta da Custom, imitando a CBX 750, era um show. De dois em dois dias eu a lavava, toda semana polia, adorava ouvir o ronco do escapamento "quase direto". Só tinha um pequeno problema: além do documento dois anos atrasados, eu não tinha habilitação "A", só "B". Então, é melhor falar que não tinha a bendita. Andei assim por uns oito meses, desviando das principais vias, mudando de direção ao ver a polícia, até que um dia... nem gosto de lembrar. Estava carregando o meu irmão, que estava com o pé machucado, o tanque pra baixo da reserva há tempo, quando, em frente à rodoviária de Muriaé, lá estavam os bonitões... parando até cachorro. Não tive alternativa, fui encarar de frente e eles me pararam. Eu é que não ia correr, né... sem gasolina, além da punição ser maior, ser perigoso, coisa e tal, a blitz era justamente por causa de uns roubos de moto por aqui.
Os guardas estavam irreversíveis. Não tinha "padrinho", vereador, ninguém que impedisse que a moto fosse presa. Não tenho vergonha de falar, chorei igual a uma criança em frente à delegacia, sentado na calçada, até meu irmão voltar para me buscar. O final dessa moto foi no leilão, pois não tinha dinheiro para tirá-la de lá, estava desempregado. Antes eu tivesse a arrematado por quatrocentos reais, mesmo como sucata, para prevenir o que vinha a seguir.
Depois de andar um pouco a pé, tentando ajeitar o casamento, consegui convencer a noiva de que eu preciso de uma CB, que senão eu ia enlouquecer, entrar em depressão, coisa e tal, até conseguir. Com pouco dinheiro na mão (quatrocentos reais), fui negociar outra 81 preta, muito bonita, motor sequinho, fiz as rotinas de comprador, levei num mecânico já conhecido, de confiança, ele disse que "o motor de CB é uma caixinha de surpresas, mas esse não tá assustando, não. Tirando essa "fumacinha" aí, tá tudo beleza." Falei com o cara sobre a tal "fumacinha", ele garantiu que, se não fosse retentor de válvula, como garantiu o mecânico dele, ele faria a retífica.
Empurrado pela saudade da outra CB, fechei negócio por dois mil e quinhentos reais. Em um dia, o motor abriu o bico. Antes eu tivesse desistido do negócio. Depois de mais um mês a pé, consegui montar na moto. Detalhe: sem a retífica ser feita. Ficou pra mais tarde. O problema era só fazer rosca no bloco do motor, tava vazando óleo.
Consegui pagar o 2003, tirar a carteira, agora era só andar, né... engano meu. Agora, hoje, 23 de julho de 2003, estou novamente a pé, pois a moto bateu o motor de vez. Fui desmontar parcialmente, e constatei que pode ser alguma coisa nas bronzinas, pois o eixo está agarrando, além de ter quebrado a guia da corrente de comando.
Ainda bem que tenho hoje um bom emprego como desenhista, uma noiva compreensiva que está esperando eu me "desencantar" da moto para podermos nos casar.
Meu sonho é ter a minha moto toda pintadinha, impecável, daquela que você passa, e todo mundo olha e admira, igual a essa da foto abaixo:
Ou, então, essa do nosso amigo Ederson:
Aproveito para parabenizá-los pelo site, sou novato por aqui, e também agradecer pela oportunidade de poder contar um pouco da minha "história motociclística". Espero poder em breve dar boas notícias sobre a minha pretinha. Se alguém quiser contato para trocar idéias, vai aí o meu e-mail: ronaldione@bol.com.br.
E, por falar na pretinha , olha ela aí embaixo, quando acabei de comprar:
Ronald Vilela Rodrigues
Muriaé - M.G