O primeiro chão

 

Em 1968, 2 meses após a compra de minha primeira motocicleta, uma Leonette 3 marchas, ao achar que já era o própio Agostini nas curvas da cidade aonde eu residia na época em Barretos-SP, para fazer graça para algumas meninas que estavam no ponto principal dos ônibus bem no centro da cidade e nem lembrando que tinha garoado há pouco, o asfalto ainda úmido com vestígios de óleo derramado pelos ônibus que por lá passavam; vem então, rasgando pelo quarteirão o babaca aqui, reduzindo de terceira para segunda na esquina e virando querendo raspar os joelhos... então a traseira escorregou ... moto para um lado, eu para o outro raspando bem mais que os joelhos.

Ao parar próximo da calçada aonde elas estavam, escutando os risos e a pergunta "voce está bem" eu respondi que sim, muito sem graça, do mico que estava pagando.

Aí veio a inspiração ... me levantei com cara de quem sabia tudo olhei para o chão e disparei enquanto levantava a moto vermelho de vergonha... "é tinha óleo derramado" ... aí na rodinha que já tinha se formado o zum-zum era grande, eu dei partida fui embora com a roda reta e o guidão virado, mais murcho que maracujá maduro.

 Fiquei um bom tempo sem passar novamente pelo local e escutando a gozação dos amigos e a bronca da minha mãe ao chegar em casa todo ralado.

É ... o primeiro chão a gente nunca esquece !

Silvio Scortecci
São José do Rio Preto - SP
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