A INTERMINÁVEL BRANQUINHA !!
Honda ST 70
Sabe aquela moto que marca a sua vida para sempre? No meu caso, foi uma Honda ST 70, de propriedade do meu pai. Comprou-a zero km em 1975, branca com banco estampado. Desde que me conheço por gente, tive contato com motos, ia para a escola na garupa do meu pai numa CB 500 Four, mas era a "Branquinha" que realmente balançava meu coração. Mesmo porque era só ela que eu podia pilotar, pois era menor de idade e meu pai já havia mandado a CB embora havia um bom tempo...Nas férias de janeiro de 1989, meu pai resolveu levá-la para o camping onde ficávamos em São Roque. Foi a atração daquelas férias, porque ninguém jamais havia visto uma ST 70. Celebridade à parte, era realmente muito gostoso dar a partida no pedal e ouvir aquele tu-tu-tu abafado, engatar a primeira e sair desembestado feito um raio, porque apesar de pequena, a Branquinha era forte que só ela. Depois que aprendi que ela tinha três marchas, então, era só acelerar. Foi num dos muitos passeios com ela pelas estradas de terra da localidade que passei uma aventura sem igual.
Resolvi sair num fim de tarde com ela. Andei, andei, até chegar em São Roque, distante dezessete km do camping. Na volta, já estava quase escurecendo e resolvi acelerar mais um pouco, para não ficar naquela escuridão. De repente, caiu uma chuva fortíssima. Eu segurei firme no guidão, cerrei os olhos e segui em frente. À medida que a chuva caía, a estrada ia virando lama, parei num canto e esperei passar. Trinta minutos depois, o que era terra virou lama. E estava longe do camping... Respirei fundo, olhei para a Branquinha e disse:"Finja que você é uma XLX, e vamos em frente!" Foi um verdadeiro enduro, mas ela foi em frente naquele atoleiro todo. Nada fez ela parar, cheguei todo enlameado, ela então nem se fala, mas vencemos aquele atoleiro! Só de lembrar, me emociono... pena que não tenho fotos dela!
Infelizmente, ela teve uma doença no carburador, e meu pai não teve paciência para procurar curá-la. Vendeu-a, menos mal que foi para um conhecido que trata dela com se fosse da família. Ele comprou um carburador novinho, na caixa, no famoso Zelão.
Foi só montar e a Branquinha voltou à vida, como se fosse zero km. Fiquei de visitá-la um dia na loja de seu novo dono. Será que ela vai se lembrar de mim?
Essa é a minha clássica do coração!
Leonardo Brito - Santos/SP