Panela Velha !
Minha história com motos não é muito antiga, nem sou aquele cara super piloto, etc.
Sou paulistano, 30 anos, atualmente moro em Campo Grande, MS, a primeira experiência com motos foi com uma RD350 Viúva Negra, que meu primo Alexandre tinha, em meados de 1990.
Eu babava naquela moto, sempre que eu rodava na garupa dela era como se eu estivesse pilotando. Acredito que foi daí que acabei me contaminando com o "vírus" do motociclismo.
Um amigo meu, chamado Wagner, tinha outra RD, uma 135, que ele trabalhava entregando pizzas, uma moto bem ralada, toda batida, castigada pelo serviço diário, mas graças a essa moto que aprendi aos poucos, a me equilibrar sobre duas rodas.
Mas, minha família sempre pegava no meu pé, ainda mais depois que meu primo Wanderley havia morrido em um acidente com uma DT180, a coisa ficava mais delicada.
Me mudei para Campo Grande no MS e fiquei uns tempos sem carro, e era f*** ter que ficar andando à pé para lá e para cá, de casa para o trabalho, tendo que depender do carro da namorada, etc.
Passei em frente de uma concessionária Kasinski e fiquei ali namorando uma Cruiser II, toda semana eu passava lá e babava.
Acabei comprando a moto e rodei uns dois anos com ela, todo prosa, mas a moto era fraca, faltava motor e mesmo estando com ela, fiz um rolo em SP e arrumei uma DT180 ( permanecendo ainda com a Cruiser, como primeira moto ), essa DT me custou caro, o pior foi a documentação, o quadro tinha UM NÚMERO errado em relação ao documento, então foi um tal de documento pra cá e para lá, entre despachantes de SP e do MS, acabei no prejuízo, mas eu era apaixonado por ela, pois qualquer motor um pouquinho mais forte do que o da Cruiser, já fazia a minha felicidade.
Entretanto, eu tinha duas motos, mas as duas tinham as suas desvantagens: a DT era boa de torque, mas era fumacenta, eu sempre chegava cheirando óleo 2T onde quer que eu fosse e a Cruiser coitada, não tinha motor, eu entrava à 80 nas subidas e ela caia para 40km/h, só tinha visual, era uma decepção.
Saturado, cansado e uns 30.000km mais experiente ( nas duas motos, rs ), comecei a rezar para São Longuinho.
E juro, sem mentir, me apareceu um cara, apaixonado por DTs e fechou negócio com a minha de um dia para o outro. Peguei a grana ( não saí com muito lucro, mas deu para cobrir o meu prejuízo ) e guardei.
Em frente ao prédio em que eu ainda moro, tem uma oficina mecânica e durante meses, vi um mecânico restaurando uma CB450TR, passo à passo, o cara estava mesmo apaixonado pela moto, dando atenção em todos os detalhes, motor, pintura, cromados, banco, etc.
Quando ele terminou, a moto parecia que tinha saído da Honda, estava zero, com o motor macio e perfeita, fiquei ali, babando. Mas, o Davi não queria trocar e nem vender sua CB e nem pensava em trocar pelo meu pangaré custom ( Cruiser II ), o que eu poderia fazer ?
Em Campo Grande era impossível vender essa Cruiser, a marca estava desvalorizada por aqui depois que a concessionária Kasinski fechou, eu que havia financiado essa moto, me vi no maior prejuízo da minha vida, tinha vontade de levar a moto para a montanha mais alta e jogar ela lá de cima, ( rs rs rs ).
Mas, um dia, o Davi me chamou e disse: "Cara, minha mulher não está mais querendo que eu fique com essa moto e tal, me enche o saco, diz que é perigoso, etc. Me passe a sua Cruiser na CB que a gente fecha negócio, pois eu levo essa Cruiser lá para SP e fecho em um carro".
Eu nem sabia o que dizer, estava louco de felicidade, fechei o negócio na hora e saí todo prosa com a minha CB.
Isso já faz um mês e minha CB nunca me deu dor de cabeça, coloquei um pneu mais largo na traseira ( o da 7 Galo ) e rodo para qualquer lugar.
Estou até programando uma viagem para o deserto do Atacama no Chile ( rs rs rs ).
Mas, deixo registrado para todos os leitores, as vezes vale mais ter algo mais antigo, do que algo novo que só dá dor de cabeça.
MORAL DA HISTÓRIA: "Não me interessa se ela é coroa, panela velha é que faz comida boa".
Ricardo Bianconi
Campo Grande - MS rbianconi@hotmail.com