Motos Clássicas 70
Passo-a-Passo

Montesa Enduro 250 H6

por: Marcelo Maia
maiafoto@yahoo.com.br

Atualizado em 03/05/2004


Essa moto, de propriedade do Paulo Magoo, chegou em minhas mãos através do Rodolfo Castro, um amigo mineiro , que como eu, é apaixonado por motocicletas Montesa (Veja texto no final).

O Magoo morou muito tempo no Japão e deixou a moto encostada na casa da sogra dele aqui em São Paulo.
A moto, depois de 7 anos parada mostra os evidentes sinais de deterioração causados pelas intempéries.
Nota-se falta dos escudos do tanque, paralamas dianteiro e ponteira de escape não originais e a capa do banco deteriorada.

 

 

Close do motor.
Sinais evidentes de ferrugem nas peças de ferro.

Primeiro, desmontagem completa, ou quase, pois o motor não necessitou ser aberto.
Apenas a parte de cima,
cabeçote e cilindro foram desmontados para descarbonização.
As peças foram então selecionadas para que todas as peças de ferro fossem enviadas para zincagem.
A tampa da embreagem foi desmontada para que seu braço de acionamento fosse zincado.
Durante a lavagem do câmbio com querosene descobriu-se um vazamento de óleo no retentor do eixo, atrás da embreagem que foi então desmontada e o retentor substituído
.

 

O motor fora do quadro.
O volante do magneto da 250H6 é de alumínio.
A título de curiosidade, ela possui 3 rolamentos no eixo do girabrequim (1 do lado magneto e 2 do lado da embreagem).
O encaixe do cano no cilindro se dá por meio de uma flange com rosca muito fina.
A má colocação desta flange arruina a rosca na peça de alumínio no bocal de descarga do motor.
Na foto, nota-se que a moto do Magoo que ele já teve esse problema que foi solucionado soldando-se um novo bocal com nova rosca na parte interna.

 

 

Roda dianteira e balança a pós a desmontagem.
Nota-se na balança as argolas de ferro que são as guias do cabo do velocímetro, ligado à roda traseira como nas 360H6, e o desgaste causado na balança pela corrente por falta de um protetor.

 

 

Na carenagem do farol mal nota-se a presença do adesivo amarelo. Veremos mais adiante o banco pronto, reencapado e com o logotipo H6 pintado.
Paralamas traseiro necessitou pintura e o dianteiro será substituído por uma cópia do original em fibra.

 

 

O motor foi todo desengraxado com descarbonizante e pintado com preto fosco vinílico catalisado da Galsurit cujo acabamento, é um pouco brilhante, um acetinado.
Nota-se aqui o destaque o acabamento zincado do pinhão, porca do pinhão, guia de corrente/protetor de cárter, pedal de partidas e tampão da segunda vela opicional no cabeçote.
O chicote elétrico também foi refeito.

 

 

.

 

O lado esquerdo do motor mostra a alavanca de acionamento da embreagem zincada e o pedal de marchas em alumínio, o da 360H6. Os parafusos da tampa da embreagem foram também zincados

 

 

Quadro e balança traseira foram jateados com granalha de aço e receberam em seguida fosfatizante .

 

 

 

Os amortecedores traseiros foram desmontados e pintados.
A hastes se encontravam em bom estado, assim sendo não houve a necessidade de reparos internos ou troca de retentores.

 

O banco foi novamente encapado e o logo H6 correto pintado na lateral.

 

A roda traseira foi totalmente desmontada
O cubo foi pintado e os raios foram devidamente zincados

 

 

As mesas assim como quadro e balança, etc foram pintadas de vermelho ´Massey Fergusson´ com a técnica eletrostática.
A qualidade do acabamento é prefeita e a resistência a riscos muito maior.
As peças de alumínio tiveram a tinta retirada com descarbonizante e foram posteriormente jateadas com micro esferas de aço.

 

Detalhe do acabamento da balança traseira

 

 

A roda dianteira deu muito trabalho na desmontagem pois os raios estavam muito enferrujados junto aos niples.
Só saíram com a utilização de maçarico mas mesmo assim 3 se partiram e tiveram que ser substituídos.
Os retentores de ambas as rodas também foram substituídos.

 

 

Os cubos de roda sofreram o mesmo tratamento das mesas assim como dos suportes do motor, ou seja, tiveram a tinta removida com descarbonizante e jateamento com micro esferas de aço antes da pintura.
Raios e eixos foram zincados.
Os cubos foram pintados com tinta preto fosco vinílico catalizado da Glassurit.

 

   

 

As bengalas tiveram os retentores e óleo substituídos

 

Começa a montagem

 

Mesas e bengalas no lugar

 

 

Balança traseira + amortecedores.
O trabalho prévio de zincagem de todas as peças mostra
o resultado na forma do excelente nível de acabamento.

 

Ao fundo, o motor, aguardando a hora de assumir o seu posto

 

Olha a máquina tomando forma!

 

O motor assume seu posto
O descanso lateral também já havia sido instalado

 

 

Nesta foto nota-se o ´tampão´ utilizado para vedar a posição onde seria instalada a segunda vela de ignição.
Esta peça também foi zincada.

 

 

A coisa vai evoluindo.
Escapamento, guidão, pedaleiras, caixa do filtro de ar, carburador...

 

Detalhe do suporte do motor

             

 

Olha ela !!


A tampa do eixo da balança

Adaptei este esticador de corrente .
O tapa correntes original da 250H6 são tubos plásticos, em duas partes, que envolvem totalmente a corrente e faz a função de esticador.
Atualmente não vi em nenhum modelo  esse sistema original instalado.
Vamos tentar conseguir um.


Filtro de ar de dois elementos


Grafismo


Aguardando a ponteira e o paralama novos


Paulo Magoo, Marcelo Maia, Eugenia e a H6 250

Mais algumas fotos da H6 250, "agora com paralamas novos".


Por que Montesa?


Vários amigos me fazem essa pergunta, com tantas clássicas por aí, por que Montesa ?

São vários os motivos.

Eu, assim como a maioria dos proprietários que hoje restauram e conservam sua(s) Montesa(s) tinha aproximadamente 15/16 anos de idade e andava de ciclomotor ou bicicleta lá pelo início dos anos 80 quando se depararam com aquela máquina rara, única, potente, imponente e que devido ao altíssimo custo de aquisição (pelo mesmo preço de uma 360H6 zero km, se comprava uma Honda CB 400 0 km!) era moto para poucos, tanto no quesito financeiro quanto no técnico.

As Montesa são hoje motocicletas raras e desconhecidas no Brasil, a grande maioria dos praticantes de off-road  atuais nunca ouviu falar da marca a não ser os mais bem informados que conhecem a marca devido ao sucesso da Montesa/HRC de trial que vem dominando o campeonatos mundiais da categoria.

A enorme dificuldade em se encontrar peças originais, oficinas de confiança e mecânicos que queiram sair da mesmice do troca troca de peças diário faz com que os modelos percam a sua originalidade e sofram adaptações grosseiras, descaracterizando e depreciando os modelos e a marca, fazendo com que o custo de aquisição seja relativamente reduzido. 

Quando comprei minha 360H6 o cara me falou logo: "O motor da DT serve direitinho aí !" Então eu pergunto: "Pra que eu vou querer uma Montesa 360H6 com motor de DT 180?"  Hoje, a cada vez que ando na minha moto vejo que todo meu trabalho em reparar o motor original compensou e muito.

É muito triste de se ver o estado em que se encontram certos modelos, muitos já inteiramente sucateados desta forma resolvi desenvolver este site com o intuito de contatar pessoas que tiveram o mesmo sonho, que curtiram e curtem as Montesas, de trocar idéias, dividir experiências e dicas na restauração e conservação das máquinas. Sua participação seja qual for o seu nível de envolvimento com as  Montesas e ou restauração de motos será muito importante para todos.

Atenciosamente,
Rodolfo Castro.

( Texto retirado do Site www.montesamotos.com.br )