SUZUKI TR 750
"WATER BUFFALO"
Este era o apelido dado pelos pilotos da Suzuki EUA para a TR 750 em 1972, uma moto que por 5 temporadas tentou se impor nas provas da Fórmula 750.
Na primeira metade dos anos 70 o motociclismo esportivo encontra na competição chamada de Fórmula 750 um nova fronteira de comparação com o tradicional campeonato mundial de motovelocidade, graças às corridas extremamente espetaculares, com a participação dos melhores pilotos do momento.
A Yamaha fez um tremendo sucesso com sua TZ 700 e depois TZ 750. A Honda teve seu momento de glória com sua CR 750 Daytona em 1970. A Kawasaki, primeiramente com sua H2-R, e posteriormente com a KR 750, sempre de 3 cilindros refrigerada a ar, teve uma belíssima vitória no Troféu FIM de 1976.
A Suzuki também segue o caminho dos motores 3 cilindros,porém refrigerados a água, derivados da GT 750 de rua, mas diferentemente da concorrência, o caminho ao sucesso é longo e dificultoso, e os resultados finais são abaixo do esperado.
Sobretudo se considerar-se o calibre dos pilotos que de 1972 a 1976 (período que durou o empenho da Suzuki na TR), se alternaram na sua pilotagem.
Nas 200 Milhas de Daytona de 1970 e 1971, a Suzuki, disputou com uma TR 500, lenta, pouco competitiva e frágil.
Fica evidente que para competir a altura, terá que desenvolver uma moto mais eficaz !
O regulamento técnico do campeonato de 1972 fala bem claro: Só serão aceitas motos derivadas de série, aceitando-se modificações de motor e de ciclística, contando que sejam mantidos a base e o bloco do motor.
Os homens do departamento de competições da Suzuki começam a desenvolver um protótipo, com base na GT 750 de rua.
Cilindro de magnésio, pistões com maior compressão, câmbio redimensionado e carburador Mikuni de 32 mm. Para reduzir peso e facilitar a aerodinâmica, foram eliminados o dínamo-altenador.
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O quadro, de berço duplo de aço, é totalmente novo, assim como também a suspensão Kayaba.
O freio dianteiro é mantido o original, um duplo disco de 230 mm de diâmetro, e o traseiro, no lugar do tambor, um disco de 200 mm.
Para os testes, pré-campeonato, são convocados no Japão os pilotos Ron Grant e Jody Nicholas.
Grant fica entusiasmado, dizendo que "a TR é um pouco lenta em baixa, mas depois dos 6.000 rpm é incrivelmente potente". Chegou a ser cronometrada em 284 km/h !
Mas mostra um "vício" que irá acompanhar a TR em toda sua carreira. Quando se abre o acelerador de forma violenta, a corrente de transmissão se quebra !
Mas a conclusão dos testes é satisfatória, mostrando que pequenos ajustes no motor e no quadro, para garantir maior rigidez, podem fazer da agora rebatizada "Water Buffalo" uma moto vencedora.
Nas 200 Milhas de Daytona de 1972, a equipe Suzuki, com Ran Grant, Jody Nicholas, e Art Baumann se mostra aguerrida.
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Nos treinos, porém, embora a moto esteja muito rápida, aparece um grande problema. O desgaste dos pneus é excessivo. Um técnico da Dunlop reúne a equipe e anuncia que não pode garantir durabilidade e segurança dos pneus por toda a prova.
A equipe Suzuki não perde tempo, e faz contato com um dirigente da Goodyear, que de pronto oferece seus pneus para a TR 750.
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Com isso, a TR 750, com seus 107 CV, nas mãos de Art Baumann, faz a pole position, com a média de 177,574 km/h, melhorando em 4 km/h a pole do ano anterior.
Nicholas fica com a segunda colocação no grid, e Grant é o 4º.
Mas a história da corrida é outra ...
Baumann larga na frente, mas por um erro impossível, deixa de fazer o pit stop para reabastecimento ... e fica sem combustível !!
Grant também abandona, com problemas no câmbio e na embreagem.
Nicholas assume a liderança, com boa margem sobre os adversários ... mas há poucas voltas do final, o pneu GoodYear também não resiste ... o estouro do pneu traseiro provoca uma grande queda !
Uma estréia frustrante !
Logo depois, no Desafio Anglo-Americano, a equipe Suzuki EUA disputa com a TR 750. Os circuitos são Brands Hatch, Mallory Park e Oulton Park. As pistas são travadas, o que prejudica o desempenho, pois o câmbio não fica bem escalonado ... para atingir grandes velocidades, os pilotos tem que usar só até a terceira marcha, para manter o alto giro do motor. As quebras são inevitáveis !
Numa volta ás terras americanas, Nicholas consegue uma bela vitória na prova Road Atalnta, válida pela AMA. Seria a primeira vitória da TR !
Porém, a equipe Hansen, que disputou de Kawasaki oficial, reclamou que o motor da Suzuki TR 750 não obedecia o regulamento.
E consegue desclassificar a TR de Nicholas !
Em 1973, a Suzuki desenvolve novo motor, agora com 110 CV.
Nas 200 Milhas de Daytona, Paul Smart , Geoff Perry, e Ron Grant se classificam em 1º, 3º e 5º lugares respectivamente. Mas novamente, por problemas mecânicos, nenhum deles terminou a prova, vencida por Jarno Saarinen de Yamaha TZ 350.
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Mas em algumas provas isoladas nos EUA, a TR tem sucesso, como a vitória de Paul Smart, piloto inglês recém contratado pela Suzuki, em Dallas.
É muito pouco para o investimento da Suzuki, que agora tem o apoio da SAIAD, uma importadora italinana, que coloca a disposição 3 motos para Jack Findlay, Dom Emde e Guido Mandracci, disputarem o Troféu FIM da Fórmula 750. Jack Findlay fica com o vice-campeonato, atrás de Barry Sheene, que leva o título, com uma Suzuki 750 de 3 cilindros, e quadro fabricado na Inglaterra.
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Qual seria o problema da TR ? Com certeza, sua maneabilidade.
Seu quadro não é tão rígido para um motor tão potente !
Para 1974, a TR recebe novo quadro, nova suspensão dianteira, e novo motor, agora com 115 CV, e um grande reforço na equipe ... o campeão Barry Sheene !
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Nas 200 Milhas de Daytona, o esquadrão com Paul Smart, Gary Nixon, Barry Sheene, Cliff Carr e Ken Araoka, bem que tentam algum sucesso, com Smart largando na pole e Sheene em 4º.
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Mas o domínio das recém criadas Yamaha TZ 700 é fantástico ... e com isso o melhor resultado da TR é um tímido 9º lugar de Paul Smart. (Sheene abandona com problemas de ignição).
Para tentar resolver a situação, para a prova de Road Atlanta, um jovem mecânico de Gary Nixon, chamado Erv Kanemoto decide construir um quadro especial.
Com esse novo quadro, Nixon vence uma prova em Loudon, mas fica claro que até um piloto novato com uma TZ 750 pode ser mais rápido que um TR 750 oficial !
Para 1975, a Suzuki decide jogar tudo sobre o que seria a última versão da TR 750.
O motor desenvolve uma potência máxima de 120 CV, o câmbio agora tem 6 marchas, um novo quadro é construído, com tubos de secção maiores, e a suspensão traseira é redesenhada, para garantir mais tração e estabilidade. E mais ... suspensão dianteira mais inclinada para frente, de maior diâmetro, freios de maior potência, e a carenagem é redesenhada (mais envolvente), para garantir maior velocidade final.
Para Daytona, a Suzuki prepara um time forte. Sheene, Nixon, Lanvisuori, Aldana, Wilvert e um jovem e promissor piloto americano, Pat Hennen.
Mas, a decepção é grande novamente !
Barry Sheene é protagonista de seu mais celébre tombo, quando o pneu traseiro de sua TR estoura e sai do aro, a mais de 280 km/h, ainda nos treinos classificatórios.
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Na prova, a TR de Lanvisuori quebra a corrente, mostrando que o "vício" ainda existia !
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Aldana, Wilvert e Hennen também não conseguem terminar a prova, que é amplamente dominada por Steve Baker e sua Yamaha TZ 750.
Vamos então ao epílogo dessa história.
Em 1976, a Suzuki decide desistir da Fórmula 750 e concentra seus esforços para o Campeonato Mundial das 500 cc.
Assim, o o empenho para as provas com as TR 750 ficam por conta dos times dos Estados Unidos e da Inglaterra.
John Williams da Suzuki GB, competindo na classe 1000 cc do Tourist Trophy na Ilha de Man, consegue um novo recorde na categoria, com média de 182,82 km/h, e melhor volta em 186,25 km/h !
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Nas 200 Milhas de Ímola, Barry Sheene consegue um belíssimo 3º lugar !
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E nas 200 Milhas de Daytona, Pat Hennen, enfrentando um exército de 111 Yamaha TZ 750, também consegue subir no pódio, no 3º lugar !
Depois disso, muitas versões particulares da TR foram vistas nas pistas pelo mundo, mas sem nunca apresentar algum sucesso.
E assim terminou a aventura da Suzuki nos campos das competições das gigantes de 750 cc !!
SUZUKI TR 750
"WATER BUFFALO"
Por Ricardo Pupo
Setembro / 2005Fonte: Motociclismo d´Epoca, ano 9, nº 10, outubro de 2003
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Comentários:
Belíssima história! Parabéns aos homens da Suzuki que se empenharam em
colocar máquinas como esta nas pistas pelo mundo.
Imagino o som dos três cilindros com escapamentos dimensionados
rasgando numa reta à 280 km/h!
Ricardo Vieira Guimarães
(rvguimaraes@ig.com.br) Sábado, 24 de Setembro de 2005, às 13:33:48
Os pilotos americanos que tinham que "domar" esta fera, chamavam a TR 750 de "Flexi-Flyer" devido aos problemas de chassis que a moto tinha. Infelizmente as TZ 700 e 750 não davam moleza para ninguém...
Mario H. Sanctos
(mariohms@uol.com.br) Segunda Feira, 26 de Setembro de 2005, às 18:52:20
O que dizer ? É de babar !!!!!!!!!!
Tabajara A. Jorge
(miraassumpcao@terra.com.br) Terça Feira, 4 de Outubro de 2005, às 16:44:11
ótima materia, gente, a histótia do motociclismo deve ter seu valor divulgado como feito nessa materia principalmetnte nas bases da historia do motociclismo, estão de parabens!!!!!!!
Rafael
(dj_snarf1@hotmail.com) Terça Feira, 21 de Março de 2006, às 10:42:39
Gostaria de ouvir o o grito dessas máquinas nas pista... Parabéns por essas belas matérias que fazem parte da cultura e devem ser passadas "as gerações vindouras...
nome = Rui Dias
email = rcdias2000@yahoo.com.br
Agora entendo o porque a Suzuki até hoje mantem a 750 como uma das melhores motos esportivas da modernidade (SRAD 750), e sendo a única grande fábrica a ter uma 750, e com toda a tencnologia que possui, (ran ar etc), Parabéns Ricardo
nome = Ailton
email = ailton_cezar@hotmail.com