Test Drive
BMW R50/2
1969

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Já, há algum tempo, tenho estado atrás de uma R50 ou R60 da década de 60 para nosso Test Drive mas, em se tratando de uma BMW desse naipe, o "espaço amostral" de exemplares é muito pequeno e, nem sempre, disponível...

Isso porque desde garoto quando comecei a freqüentar a “Esquina do Veneno”, na capital paulista, admirava a BMW R60 ano 1961 do “Seu” Felipe (Felipe Carmona) cuja placa "oval"  tinha o número “1”.


Marcos V.Pasini

Na minha concepção, ter uma BMW R60 era o máximo que se poderia conseguir no escalão hierárquico dos motociclistas.
Tinham as Harley, mas as HD sempre foram um caso à parte...

Me lembro, ainda, que, em 1969, chegaram exemplares de BMW com tanque maior, de 24 lts., conhecido como "Schorsch Meier", e com as setas na ponta do guidão coisa que, até então, não existia.
Eram, provavelmente, as R69/S, que vieram, também, na cor branca, que era uma grande novidade pois, até então, as motocicletas BMW só tinham vindo na cor preta.
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Elas foram produzidas oficialmente, também, nas cores cinza e verde, mas nunca soube que elas tivessem vindo para o Brasil.

A partir de 1969 começou a ser produzida a R50/5, com suspensão dianteira telescópica, o que perdurou até a década de 80.
Nos anos 90 a BMW aparece com outra novidade, a suspensão dianteira ”Telelever” – outra inovação da indústria bávara.

No domingo, 26 de julho de 2005, durante o Encontro no Pacaembú, andando entre as clássicas vedetes, orgulhosamente expostas por seus sorridentes proprietários, vi essa R50/2 “tomando um trato”. 
Indo conversar com seu proprietário, sugeri o Test Drive, que foi aceito sem problemas.

 

  BMW R50/2 1969

O interessante do "causo" é que, há uns 2 anos atrás, eu estava namorando para testar a R50/2 do amigo internauta Ademir Grespan e, por motivos alheios à nossa vontade, acabou não “rolando” e ele, depois de algum tempo, vendeu a moto, e eu dancei...
E, também, não fui atrás  para saber quem tinha comprado a moto.
Apos terminar o teste com essa R50/2 encontrei o Ademir junto com o pessoal que estava no evento, que me disse: “Até que enfim você conseguiu andar com minha (ex) moto...” (...)


BMW R50/2 quando pertencia a Ademir Grespan
Fotografada por MP para a seção Galeria.

É mole? Essa foi sem querer...Tinha que “rolar”...


A BMW R50/2

A BMW R50, foi lançada em 1955 no Salão de Bruxelas, tendo feito muito sucesso devido sua suspensão dianteira revolucionária, tipo “Earles”, que era totalmente diferente das telescópicas tradicionais.


Detalhe da suspensão dianteira tipo "Earles"

Aliás a BMW sempre inova em termos de suspensões...

O sistema “Earles”, criado pelo engenheiro ingles Ernie Earles foi mais utilizado na Alemanha, onde fez muito sucesso em diversas motocicletas da época como a DKW, Hercules, Horex, Kreidler, alem da própria BMW, tendo sido produzido, nesta última, entre 1955 e 1969.

Ele funciona como se fosse um braço oscilante traseiro, calçado com dois amortecedores hidráulicos.

Esse sistema de suspensão dianteira mostrou-se ideal para uso do “side-car”, por não permitir o típico “mergulho”, comum nos sistemas telescópicos convencionais.

Em 1955 foi apresentada, também, a suspensão traseira tipo “quadro elástico”, com amortecedores em conjunto com a estrutura tubular que envolve a árvore de transmissão (“eixo cardan”).


Detalhe da suspensão traseira "quadro elástico"
reparem o tubo que envolve o "eixo-cardan"

A partir de agosto de 1960, a R50 passou a ser R50/2 tendo recebido vários aperfeiçoamentos técnicos mas, mantendo seu motor de 26HP.

Nessa mesma data a BMW lançou a versão esportiva da R50, a R50/S com um motor de 35HP, tendo sido fabricada somente entre 1960 e fins de 1962.

A motocicleta testada é uma R50/2 de 1969, que conta com tanque de 17 lts., setas nas pontas do guidão tipo “Ochsenaugen” e banco duplo ao invés do tipo “selim”.


setas nas pontas do guidão tipo “Ochsenaugen”
notem o "fermarterzo"no centro

Suas rodas e pneus são de 18” (as anteriores a 1955 eram de 19”), raiadas e com robustos cubos de freio a tambor.

O “boxer” OHV (comando de válvulas no bloco) da R50/2, como em toda família, é todo fechado em alumínio, com um acabamento super “clean”.

O guidão, quase plano, é pequeno mas aloja bem o piloto em uma posição semi-esportiva, mas confortável.

Ao centro localiza-se o “fermarsterzo” (regulagem de força de esterço) em aço cromado.

O pedal de partida situa-se no lado esquerdo do motor, com acionamento transversal, bem diferente do que estamos acostumados.


detalhe do pedal de partida com movimentação transversal

O para-lama traseiro conta, ainda, com uma articulação que permite rebate-lo para cima facilitando a retirada da roda.


no circulo amarelo, nota-se a dobradiça para levantar a parte posterior 
do para-lama traseiro


Pilotando a BMW R50/2

Confesso que sempre achei que as R50 ou R60 eram um “monstro” de grande...

Acho que é porque eu as tenho na lembrança desde os 7 anos de idade e, nessa época, elas me pareciam, realmente, enormes...

Quando sentei na R50/2, após Richard, o proprietário, gentilmente, tê-la feito pegar, senti que era uma ilusão... Quase uma decepção... 
Seu tamanho já não parecia tão proibitivo...  Pelo contrário, ela é de uma ergonomia mais do que confortável e acessível aos pilotos de 1,70m.

Não assusta nem um pouco.


boa ergonomia para pilotos de 1,70m

 

Ver, por cima da moto, aquele tanque preto com os filetes brancos (feitos por mão femininas, na linha de montagem !!!) com o generoso velocímetro na caixa do farol, trouxe-me, de volta, a fantasia de moleque de, um dia, dirigir uma moto igual, à do “Seu” Felipe.

Mas, enfim, era a BMW que eu queria, há muito, pilotar, e eu estava sentado nela com motor ligado e uma impecável qualidade de marcha-lenta, quase imperceptível.

Cambio do lado esquerdo, com engates na posição convencional, engatei a primeira, sem tranco e, com um pouco mais de rotação e muita emoção, coloquei a BeMeVê em movimento.

Quando se engata a 2a.marcha ela parece ter, no motor, um volante de inércia igual ao de um Fusca, tamanho o “empurrão” que ela dá quando se solta a embreagem, mesmo sem remeter muito o acelerador.  

Nas outras marchas, o efeito “empurrão”, também é notado mas, em menor intensidade.

Depois de algum tempo andando com a moto a gente, sem querer, acaba evitando essas condições mais “desconfortáveis”.

Acostumando-se com essa característica, o resto vai normal.


pilotando a BeMeVê
antigo sonho...

 

Seu cambio administra bem sua curta faixa de giros (potencia máxima a 7000rpm).

O “roll” ( * ) previsto nesse tipo de motor, com virabrequim longitudinal, não foi sentido.  

( * ) roll : Movimento de reação da motocicleta em sentido contrário ao movimento de giro do virabrequim, quando este é longitudinal à motocicleta,  fazendo-a inclinar em acelerações mais violentas

O torque fornecido pelo “boxer” de 494cc é mais do que suficiente para gostosas acelerações mesmo em subidas.

Nas curvas, confesso que não quis exagerar mas, pelo que pude notar, em uma tocada um pouco mais forte, o sistema “Earles” segura bem a “barra”.

 



curvas com bastante segurança

 

A posição dos pés é um pouco incomoda para os iniciantes em motos com motor “boxer”, notando-se interferência, principalmente do pé direito no coletor de admissão, na hora da frenagem.

 


posição do pé direito interferindo com o coletor de admissão

 

Depois de algumas encostadas, começamos a fugir da região de interferência, automaticamente.

É tudo uma questão de “warming-up” do piloto.

No mais, a pilotagem da R50/2 é algo especial, nostálgico e romântico.

Trata-se, na minha opinião, da clássica das clássicas, e de um privilégio de poucos em poder pilotá-la.

Meus sinceros agradecimentos ao amigo Richard que proporcionou ao Motos Clássicas 70 registrar esse teste, e a mim a realização de um sonho tão antigo...

Valeu !!!

 
BMW R50/2 – Freude am fahren !!!


Agradecemos ao amigo Richard (modenamotors@modenamotors.com.br) por ter permitido que fizéssemos essa matéria com sua BMW R50/2 e ao Ademir Grespan pelas informações técnicas.

Esse teste foi realizado no bairro do Pacaembú, em São Paulo, SP, BR

fotos: R.Pupo


FICHA TÉCNICA
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Comentários:


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Adorei o teste, ainda mais que sem querer saí como plano de fundo em uma das fotos, conversando com o Paulo Rufo.
Ambos somos previlegiados proprietários de BE ME VE. Alguma dúvida por estarmos tão próximos do assunto?

nome: Francisco Arruda - Mairinque -SP
( liarruda@hotmail.com ) Domingo, 25 de Setembro de 2005, às 16:16:27

É isso aí, amigo Francisco !!!


Caros Amigos Marcos Pasini e Ricardo Pupo fico muito agradecido por ter ajudado voces nas informações tecnicas do modelo acima citado e tambem parabeniza-los pela excelente matéria.
Obs Precisando de algo que possa ajuda-lo é só me comunicar.
Abraços

nome: Ademir Grespan
( adegrespan@hotmail.com ) Segunda Feira, 26 de Setembro de 2005, às 16:14:18


Parabéns Marcos pelo teste, pilotar uma BMW antiga é sempre um grande prazer. Quanto ao sisteme Earles de suspensão, podemos encontra-lo também nas motos Sachs,que também são alemãs, eu tive uma na década de 60, que adquiri do Dorival, hoje mecanico da Troka & Troka lá na tua bela cidade de Santos.
Um Grande Abraço

nome: Edgard
( edg.orto@globo.com ) Terça Feira, 27 de Setembro de 2005, às 22:39:20


Caro Marcos, mais um ótimo teste feito p/voçê que nos remete imediatamente ao passado.
Cometi um deslize de memoria dias atras quando navegava pelo site (exelente diga-se de passagem) de teste drive e restaurações entre outros.

Fiz uns comentários sobre a tx-650-74 testada por voçê que mui gentilmente foi publicado na íntegra;( ela atormenta a minha mente e ainda vou possuir uma) bom e dai bobão,que é que isso tem a ver com o teste da BMW-R-50,tem a ver que o meu irmão (consanguíneo) possúi uma R-60-5-ano 71 absolutamente original com aproximadamente 15.000 km na cor (pasme) azul calcinha (também segundo ele) e além de andar várias veses com ela támbem fiz uma pequena viagem ao interior do ES junto com o broter p/um encontro de motociclistas em Santa Teresa ES no qual ele foi com a BM e eu com a 550 four também dele.na volta,eu vim com a BM, cara que moto do caramba de maravilhosa,e ela não e pata choca não ela anda com força ,tempos depois comprei uma shadow e fomos juntos até guarapari pela rodovia do sol e na volta tomei um pau da vovó e tive que aguentar a gosação,já se vão mais de 2 anos do episódio e o maledeto ainda me sacaneia,a moto em sí,e simplismente maravilhosa é super silenciosa (lembra um fusquinha 1200)e o cambio de 4 marchas além de longo tem um (clonk) caracteristico nas trocas,a principio a gente estranha mas depois é puro deleite. ela quase foi minha pois a época da compra da shadow,ele falou em vende-la e eu quis compra-la (custava bem mais que a shadow 98 c/ 10.000 km) e quando eu chamei ele na responsa p/o negócio ele escorregou. Hoje ele voltou P/ BH e junto lá se foi a (vovó) que saudade.Vou dar um jeito de conseguir comprar a tx e viajarei p/BH p/podermos cair na estrada.(ai eu quero ver se a vovó vai aguentar a parada)

Um grande abraço do amigo aqui do ES,e qualquer informação que você queira a respeito da moto do veio ou do encontro anual de motociclistas em Santa Teresa (um lugar ótimo,frio e montanhoso onde se faz um escelente vinho de jabuticaba e pertinho de Vitoria ES)é só entrar em contato.
VALEU

nome: Ghilherme Tanure
( guilhermetanure@bol.com.br ) Domingo, 2 de Outubro de 2005, às 20:57:20

Amigo Guilherme
Obrigado pelo convite.
Quando surgir uma oportunidade, sem duvida, iremos.
Grande Abraço
MP


As BMs sempre atiçaram a galera.
Ninguem fica impar:ou compra ou deixa de lado.
Maquinão!

nome: Tabajara A. Jorge
( miraassumpcao@terra.com.br ) Terça Feira, 18 de Outubro de 2005, às 16:33:29


Muito bacana essa sua moto parabéns

nome: Diego
( luciano3742@itelefonica.com.br ) Sábado, 8 de Abril de 2006, às 20:49:41


Irada essa sua moto, parabéns

nome: Pedro
( silvapiero@yahoo.com.br ) Domingo, 6 de Agosto de 2006, às 10:50:32