Test Drive
DUCATI 900SS
1977

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Pilotar uma Ducati, para mim, já é um acontecimento especial porém, quando se trata de uma 900SS, é algo que excede às expectativas de quem gosta da marca italiana da casa de Bologna.

No encontro de motocicletas clássicas de São Paulo, em frente ao estádio do Pacaembú, acontece sempre um desfile de raridades para toda sorte de apaixonados por motocicletas.



Marcos V.Pasini

No encontro de maio, não pude ir mas, pelas fotos, vi uma Ducati 900SS amarela que nosso amigo Mário Hélio Sanctos levou para passear.
Peguei o telefone e não pude deixar de “pedir” para fazer essa matéria.

O Mário, como sempre, concordou sem restrições e combinamos o encontro para junho, também no Pacaembú.

Fiquei acompanhando a previsão atmosférica para ter certeza que não iria chover...

Graças a Deus o dia amanheceu maravilhoso e pude realizar um de meus grandes sonhos de motociclista: pilotar essa lendária Ducati.


Ducati 900SS 1977

A primeira vez que vi um modelo semelhante, a 750SS foi na loja do Latorre, na capital paulista, em 1974, quando ele importou um lote de várias cilindradas da marca e, que eu me lembre, só uma 750SS, prata e azul.


Ducati 750SS

De cara o que me chamou atenção foi seu motor em “L” onde o cilindro vertical é idêntico ao “padrão Ducati” e o horizontal, semelhante ao de uma Aermacchi (motocicleta italiana com 1 cilindro horizontal de 250cc).


Aermacchi HD 250                                  Ducati 250

Era um “mix” de estilos de cilindros que quebrava a harmonia do layout de motores das motos japonesas, com o qual começávamos a nos acostumar, nos anos 70.


detalhe do artesanal bicilindrico em "L"

Logo em seguida o, já na época, veterano piloto Salvatore Amato a bordo de uma 900SS, “papou” o campeonato paulista de moto velocidade, à frente (bem à frente) da moçada que pilotava velozes Honda Yoshimura 812cc, Kawa 1000cc, entre outras japonesas de briga.

Me lembro que a diferença do visual da moto de corrida do Salvatore em relação a uma de rua, era a carenagem integral e os escapamentos para cima, lembrando as Ducati mais modernas.


Salvatore Amato e sua Ducati 900SS em 1977 quando foi campeão paulista da categoria Esporte 550 a 1300cc
Foto Revista 2 Rodas Motociclismo março de 1978 

DUCATI 900SS

Como a maioria das motocicletas da marca, a Ducati 900 é uma moto de competição “amansada” para uso na rua.

Dotada de um propulsor de 864cc OHC Desmodrômico ( * ), conta com dois carburadores Dell’Orto com as “cornetas” ( * * ), ostensivamente expostas, para mostrar às concorrentes que o “assunto é sério”...


detalhe do motor 900 Desmo em "L" deixando aparente a corneta de admissão do carburador do cilindro horizontal

 
( * ) O comando de válvulas conhecido como “Desmodrômico” ou, popularmente, como “Desmo”,  conta com uma arvore (“eixo-comando”) no cabeçote ( no caso da 900 com motor em “L”, um em cada cabeçote, é lógico ), acionado por uma árvore (“eixo”) propulsora, que, através de engrenagens cônicas transmite a rotação do virabrequim  para o comando, com a devida redução de velocidade angular ( 2 voltas do virabrequim para 1 do comando ).
Em adicional, tem um outro "perfil" no comando que "traz" a válvula de volta, mecanicamente, ao contrario do sistema convencional que é feito por meio de molas.

( * * ) As cornetas são troncos de cone retos ou em curva exponencial colocados na boca do carburador para otimizar a fluidez do ar de admissão.
Normalmente quando se usa a corneta não se usa filtro de ar com elemento filtrante, apenas, às vezes, uma rede para evitar a entrada de pedras, insetos, etc..

O comando aciona as válvulas por meio de balancins. Até aí, sem novidades.

A característica do comando “Desmo” é que o comando de válvulas conta com mais um perfil excêntrico para acionar mais um balancim (por válvula) para fazer o movimento inverso, dispensando as molas helicoidais que nos comandos normais, assumem o papel de devolver a válvula à posição inicial.

Com o sistema desmodrômico, a “flutuação das válvulas”, comuns nos comandos convencionais, torna-se impossível de acontecer pois o retorno é comandado também pelo comando.

Desprovida de setas e retrovisores, a Ducati 900SS manteve, até a primeira metade dos anos 70, a característica das motocicletas dos anos 60.


guidon bi-partido sem local para fixação de retrovisores


notem a ausência de setas

Freios a disco Brembo e suspensões Marzocchi completam o “pacote super-sport”.


freio dianteiro "Brembo" a disco duplo

É, com certeza, uma legítima européia clássica.


Pilotando a DUCATI 900SS

Dar a partida no seu motor 900 Desmo é mais fácil do que aparenta ser.

Sem traumas de pedal duro ou contra-golpe, o motor responde na primeira pedalada, sem problemas.

Acomodar o pé na pedaleira recuada, de início, requer um pouco de atenção mas, é uma questão de se acostumar.  


posição de pilotagem esportiva

Colocar e retirar a moto do cavalete é bem fácil, não necessitando de nenhum preparo inicial pois, a alavancagem do sistema do cavalete central permite que, com pouco esforço, e um posicionamento das mãos em lugar confortável, se execute a tarefa sem riscos.

O engate de marchas na unidade testada, que é dedicada ao mercado norte-americano, é feito pelo pé esquerdo, com a primeira para baixo e as outras 4 para cima.

Na versão para o mercado europeu, o pedal fica no lado direito, como a a maioria das motos européias, com a primeira para cima e as outras 4 para baixo.

O trambulador da Ducati 900SS permite ambas as montagens, assim como seu pedal de freio.


nessa unidade o pedal de freio encontra-se no lado direito

Para andar na rua a posição de pilotagem, não é a mais confortável mas, se o piloto se imbuir do “espírito esportivo” dessa maravilhosa clássica italiana, vai acabar achando seus semi-guidons tipo “Tomaselli”, pedaleiras recuadas e banco-rabeta monoposto, a coisa mais gostosa do mundo!!!


semi-guidons esportivos


detalhes do banco monoposto com rabeta

Sua ergonomia é esportiva mas transmite segurança a pilotos de estatura média, com boa altura do banco ao solo.

Seus comandos não são exatamente leves mas estão longe de ser desconfortáveis ou cansativos.

Fazer uma curva agressiva com a 900SS é como se estivesse andando em um trilho, onde uma desgarrada ou derrapagem, só acontece se for por irregularidade forte no terreno ou “braçada” (entenda-se “barbeiragem”) do piloto.


super segura nas curvas

Sua suspensão é bastante “dura” o que ajuda nas curvas de alta velocidade mas, em piso irregular, vibra bastante.

Os freios são super-competentes, podendo-se contar também com o poderoso freio-motor do big “L” de 900cc.

Seu motor esbanja torque, que é sentido já nas rotações mais baixas, subindo linearmente sem mudanças bruscas, típicas das motos de concepção super-esportiva.

A relação do seu cambio de 5 marchas é bem distribuída, permitindo uma pilotagem urbana com várias trocas de marcha, aproveitando sua potencia em uma grande faixa de rotações.

Os engates são precisos e o “neutro” é fácil de se achar.

A dirigibilidade, apesar de seu grande torque, é macia, sem “power-on” ( ¹ ) excessivo.
( ¹ "power on" = torque despejado bruscamente em começo de abertura do acelerador.

A moto em si, é bastante maleável, lembrando uma 450 Desmo (modelo contemporâneo da mesma marca, monocilíndrico de 450cc), leve para manobrar no transito e no manuseio, fora da moto.

A Ducati 900SS é uma típica esportiva como manda a tradição italiana.

Tradição mantida pela Ducati até hoje !!!

 
che piacere!!!


Agradecemos ao amigo Mario Hélio Sanctos por ter permitido que andássemos com essa DUCATI 900SS.

Esse teste foi feito no bairro do Pacaembú, em São Paulo, SP, BR

fotos: Internet, R.Pupo, Revista Duas Rodas


FICHA TÉCNICA
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Comentários:


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Che bella ragazza!!!!!

nome: Dugo


"Altro che piacere, una prova semplicemente fantàstica!" Pasini, que maravilha! Não sei a disponibilidade do proprietário, mas essa moto merece uma segunda matéria em uma estrada! O nome Ducati fala por si só, esportividade pura, sinônimo de estabilidade, enfim, não é uma Alfa Romeo, mas o "cuore sportivo" é comum a ambas as marcas. O que dizer de um puro sangue desses, longe de ser bonita (existe um motor mais estranho que esse?), mas só de olhar, o sangue latino "ferve". Meu sonho ainda não realizado, é o de um dia transformar uma "quatrocentinha" em uma "café-racer" como essa jóia retratada. Sem exagêro, a moto mais bonita e interessante que você testou ao longo desses anos! Merece com certeza, o primeiro lugar na galeria das raridades. Pasini "sei veramente bravo!!!". Um abraço!

nome: Carlos Trivellato
( trivellato@speedybrasil.com.br ) Domingo, 14 de Agosto de 2005, às 19:31:11


CARO PASINI,
ESTÁ MOTO É MUITO BONITA E INTERESSANTE.
PERGUNTO SE NÃO HÁ PROBLEMAS LEGAIS EM USAR ESTA MOTO SEM SETAS E RETROVISORES? GRATO E UM ABRAÇO.

nome: HERBERT

Herbert,
Com placa convencional, poderá ter problemas mas, com a placa preta, tudo bem.
Abçs.
MP


Parabéns pela matéria Marcos Pasini.
Novamente tive a sensação de estar pilotando a moto, como em outras matérias escritas por você, tal o grau de detalhes e emoção que você passa.
Linda moto, nunca tinha visto uma, verdadeira jóia.
Parabéns à você e ao proprietário desta raridade.

nome: Carlos A. Migliorini
( c_migliorini@ig.com.br ) Terça Feira, 16 de Agosto de 2005, às 14:50:23


Muito bonita e estilosa esta Ducati!!

nome: Raul
( murcego.abreu@bol.com.br ) Terça Feira, 16 de Agosto de 2005, às 16:10:47


Me encanto la prueba de esta espectacular moto italiana,yo aqui en la Argentina vi correr a una 750 que manejaba Hugo Vigneti en el año 1977 aproximadamente y puedo decir que el sonido de esta maquina es el mas bello del mundo.
Un amigo tiene una Ducati 860 del año 1977,le voy a escribir para que les mande unas fotos.
Un fuerte abrazo desde Argentina.

nome: Gustavo Gargantini
( gustavo_chenque@yahoo.com.ar ) Quarta Feira, 17 de Agosto de 2005, às 21:34:30


MARCÃO, PARABENS POR MAIS ESTE RELATO DE COMO É BOM PILOTAR ESTA 900, PELO MENOS NOS DA CHANCE SE SENTIR UM POUCO DE PRAZER.
AO PROPRIETARIO MEUS PARABENS PELA MOTO DOS SONHOS DE TODOS ( QUE REALMENTE CONHECEM MOTOS ).
ABRAÇOS,

nome: RUBENS "RATÃO"
( RAGUIAR@CTEEP.COM.BR ) Quinta Feira, 18 de Agosto de 2005, às 20:57:3


O que dizer? Sensacional? Excelente? E pouco. Ficou otima essa materia. Parabens mais uma vez

nome: Tabajara A. Jorge
( miraassumpcao@terra.com.br ) Sexta Feira, 19 de Agosto de 2005, às 17:18:29


Ao Pasini: que bela matéria!! Continue assim!
Ao Mário H. Santos: parabéns por tal moto! Muito linda mesmo. Um abraço

João C.B.
( comentarios@motosclassicas70.com.br ) Sábado, 20 de Agosto de 2005, às 14:37:18


Caros amigos da MC70,essa e´uma das mais belas Ducati que ja´vi.Parabens pela excelente materia

nome: Emerson Cleiton F dos Santos
( emerson_santos@ig.com.br ) Domingo, 21 de Agosto de 2005, às 01:59:04


Cara que raridade!! adorei!!

nome: lucas
( lucasbarross@hotmail.com ) Quinta Feira, 25 de Agosto de 2005, às 17:57:12


Ricardo so quem tem uma desmodronica 900 sabe a delicia de acelerar uma verdadeira italiana...loucura deve ser andar nessa joia rara na estrada a 180 por hora...parabens...acho que vi uma foto desta moto junto com uma modelo parecido so que anos 2000...parabens novamente e que vc continue nos deliciando com maravilhas do motociclismo como esse cavalo de aco.....

heliodesmo

nome: heliodesmodronico
( heliodesmo@yahoo.com.br ) Sábado, 27 de Agosto de 2005, às 14:45:06


deveria ter mais fotos de motos para variar.ok

nome: juan murie 14 anos viciado em motos clacicas.l
( ju4n_146@hotmil.com ) Segunda Feira, 29 de Agosto de 2005, às 17:03:08


Éra um verdadeiro BÓLIDO.

nome: Sete
( seteboia@terra.com.br ) Quarta Feira, 7 de Setembro de 2005, às 20:12:50


Linda moto, eu tive uma 750 Sport, ano 1975 com o câmbio à direita (não tenho fotos) e uma Ducati Darmah 900, ano 1976 (câmbio à esquerda), ambas na Venezuela. Tenho um par de fotos da Darmah que talvez queiram ver (é só me dizer como devo enviá-las). Sinto saudade dessa época e, ao ler a repotagem, tive a nítida sensação de ter voltado à minha juventude.

Grande abraço a todos.

nome: Paolo Gera
( pgeraf@gmail.com ) Sexta Feira, 9 de Setembro de 2005, às 18:53:40


chou de bola essa moto

nome: marcelo da costa silveira
( marcelotrr@hotmail.com ) Sábado, 10 de Setembro de 2005, às 19:45:10


É... essa é prá chorar... fantástica... classicona... tá faltando agora uma matéria sobre a SS750 do Latorre (que chamávamos de "filha do Latorre").
Parabéns, pela macchina, piu bella, Mario.
E vc, Marcão, sortudo... quantas noites sem dormir depois do Test Drive????

nome: Sergio Parolin
( serparolin@hotmail.com ) Quarta Feira, 21 de Setembro de 2005, às 11:08:43


Não sei se posso te chamar de meu amigo, mas so de ver este teste me da arreio eu sou um cara apaichonado pela Ducati já tive 5, 2 Mach 1 250, Mark3 350 e 2 450 igual a sua essas maquinas andão muito só quem conhece sabe o que to falando e uma coisa de louco, espero um dia que Deus me abençoe e me de essa maravilha de novo so para escutar o retrocesso, gostaria muito de montar na Mark3 350 ou na 450 que e uma delicia na epoca eu tirava uma com as outras maquinas mandava acelerar, mais sabe como é ne.

Cara meus parabens pela sua Maravilha, aqui na ZL eu era conhecido como o Paulão das Ducati sou do MC Molamb'os, tenho até uma Jaquetinha de Laynon Azul com o nome da Ducati que comprei no Latorre, faz tempo hem, no tempo do Eduardo mecanico. Aquele abraço

nome: Paulão
( ducateiro@bol.com.br ) Terça Feira, 7 de Março de 2006, às 21:08:01


Nossa eu adoro essa motos pena que não ache nenhuma para conservar
Parabéns ela é linda !!!

nome: Tiago Redolfo
( tiago_acontece@hotmail.com ) Sexta Feira, 8 de Junho de 2007, às 15:23:15