Test Drive
Moto-Guzzi 850 GT
Ambassador

 

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por: Marcos V.Pasini


Moto-Guzzi 850 GT Ambassador 1973

O meu primeiro contacto com uma Moto-Guzzi V7, foi, acredito, com o primeiro exemplar importado no Brasil, junto a outros modelos da mesma marca, que vieram para a “Exposição da Indústria Italiana”, que aconteceu em S.Paulo no final da década de 60 (acredito que tenha sido em fins de 1968).

Tratava-se da primeira V7 (V7 porque era um motor bicilíndrico em “V”de 700cc), que deu origem à família desses motores que hoje chegam a 1100cc!!!


motor V7 850cc

Na época, essa moto, me pareceu uma mistura de Harley com BMW, pois tinha o “jeitão” da primeira e o motor em “V”, a 90° transversal, que lembrava o tradicional “Boxer”, da marca bávara.
De toda forma, era uma moto imponente...

Algum tempo depois, no começo dos anos 70, um conhecido meu adquiriu uma V7, porém totalmente descaracterizada.
Na época ficou até bonita, pois foi transformada em modelo esportivo, com guidon “morcego”, para-lama dianteiro rente a roda, com aros de aluminio, etc...
Hoje isso seria um crime inafiançável, mas na época, ela ainda não era uma clássica...

Tinha o cambio do lado direito, segundo o tradicional padrão europeu da época.
Nessa moto eu andei bastante.

Depois disso não tive, mais, oportunidade de dirigir outro exemplar dessa bela máquina.

Quando apareceu no nosso site a “Moto-Guzzi Ambassador” do nosso internauta, o colecionador Renato Oliva, não hesitei em passar-lhe um e-mail sugerindo o test-drive...


Marca Registrada...

O Renato, muito gentilmente, colocou sua raridade em nossas mãos para que, junto aos amigos da revista "Moto &Técnica", fizéssemos esta reportagem e, é claro, proporcionando-me o prazer de pilotar essa "Super-Clássica".

Deixamos, aqui, nossos agradecimentos ao Renato, pela gentileza e desprendimento, em prol do incremento à cultura motociclística que tentamos difundir.

Obrigado, Renato!!!

A Moto-Guzzi Ambassador:

A Moto-Guzzi surgiu em 1921, em Mandelo Del Lario, no norte da Itália, com Carlo Guzzi e Giorgio Parodi, sendo o primeiro o engenheiro e criador.

A história deste motor em "V", começou em 1947, quando a Moto-Guzzi ganhou a concorrência para projetar um "mini-jeep" para ser lançado de pára-quedas em operações militares.

Foi projetado esse bicilíndrico em "V" a 90° refrigerado a ar, para essa finalidade.
Mais tarde, quando apareceu, no mercado, lugar para uma motocicleta de grande porte com provável aplicação militar e uso turístico, descobriu-se que esse motor poderia ser facilmente utilizado.

Assim, em 1968, surgia a primeira Moto-Guzzi V7, com exatas 703cc e com a transmissão secundária por meio de "eixo-cardã".

Logo, o motor passou para 757cc e, em 1971, para 850cc fornecendo 64hp para 249Kg.

Outra curiosidade, em se tratando de uma motocicleta da década de 70, é que o cambio se encontra separado do motor.

O chassis é tubular duplo berço. Uma super-estrutura!!!


quadro tubular em berço duplo

A Moto-Guzzi 850 GT 1973, na Europa era conhecida como "Ambassador" e, para o mercado americano, era "V850 Eldorado".

Nos EUA, foi utilizada pela polícia de Los Angeles, daí o apelido que esse modelo recebeu, LAPD de "Los Angeles Police Department".

Na Itália ela era a motocicleta preferida dos "Carabinieri" (Polícia Italiana), pois podiam utilizar todos os consumidores elétricos necessários a uma versão policial, como sirene, faróis auxiliares, rádios, etc..sem a "paura"de ficar de uma hora para outra sem bateria, na rua, pois o sistema elétrico era gerenciado por uma "pesada" bateria de 12V e 32Ah !!!

 
visual traseiro e dianteiro da Guzzi 850 GT

Um dos maiores prazeres do Motociclismo Clássico, são as longas viagens. E a Moto-Guzzi 850 Gran Turismo é a motocicleta perfeita, pela força de seu propulsor, seu cambio de relação longa, pela excelente dirigibilidade e pelo grande conforto para motociclista e garupa e a respectiva bagagem.

Boa Viagem!!!

Dirigindo a Moto-Guzzi Ambassador:

Subindo na moto, o motociclista já nota a diferença.
O assento é super-acessível para quem tem estatura em torno dos 1,70m, permitindo que se coloque os dois pés, por inteiro, no chão.

Isso é muito bom pois ajuda a manter a pesada Ambassador, sob controle.


lay-out super-clássico...

A chave de contacto encontra-se à frente, entre o velocímetro e o tacômetro.


painel da Ambassador

Dando-se a partida, cujo botão de acionamento se localiza no lado direito do guidão, o motor V2 de 850cc, responde imponentemente, com uma vigorosa vibração, ronco grave, inclinando a moto para o lado direito, em acelerações “em vazio”. Isso se deve ao efeito de ação e reação do motor, pois o virabrequim é longitudinal, à moto.

O pedal de cambio, duplo, com prolongação posterior para o uso também do calcanhar, pode ser montado em qualquer posição, ou seja, do lado direito ou esquerdo (o freio também pode ser trocado).
As posição das marchas também podem ser "setada"conforme a vontade do proprietário, ou seja:
Da maneira tradicional, com a primeira marcha “para cima” (ou usando-se o calcanhar para pressionar o prolongamento traseiro do pedal de marchas);
Ou da maneira universal-japonesa, com a primeira "para baixo", pressionando a frente do pedal com a ponta do pé, e as outras "para cima", ou com o calcanhar.
Isso tudo pode ser ajustado externamente à caixa de cambio, graças ao sistema de acionamento feito por meio de alavancas.

Na moto testada o pedal estava do lado esquerdo (e o freio do lado direito, é claro) sendo o "set" das marchas, da maneira japonesa, com o neutro (oficial) entre a 1a. e a 2a. marcha.

A pesada alavanca da embreagem (a cabo) é acionada e engatando-se a 1a. marcha sente-se um leve “clank”.

É necessário soltar-se a alavanca suavemente, senão a resposta do “torcudo” motor "V-Due" associado a pesada embreagem a seco, faz a moto dar um salto à frente.

Moto em movimento...

O ruído grave deste clássico propulsor torna-se uma sinfonia, durante as acelerações para as trocas de marcha.

O torque é sentido logo, nas rotações mais baixas, podendo-se sair em 2a. marcha, sem nenhum problema. É claro que a embreagem sofre com isso...  


Dirigindo a "Big-Guzzi"

A tendência ao “roll” para o lado direito, é sempre sentida, mas acostuma-se com o passar do tempo, não tendo-se notado mais, após alguns quilômetros de teste.

O virabrequim e o cárter, ficam bem embaixo do motor, contribuindo para abaixar o centro de gravidade, contribuindo para a boa estabilidade desta motocicleta.


Detalhe do "powertrain"da Ambassador 850cc

A marcha-lenta é estável, notando-se a pulsação forte do “Big V-Twin”, lembrando, um pouco, as boas e “velhas” Yamaha XS1 e XS2 (apesar destas serem “paralel twin”).

A ciclística da Ambassador é de uma típica estradeira, onde ela parece se sentir em casa.
Em largas e longas avenidas, ela devora o asfalto com classe, categoria e conforto. Maravilhosa!!!
Sua velocidade cruzeiro fica folgadamente em torno dos 110~120Km/h, com velocidade máxima em torno dos 190Km/h.


Conforto de sobra...

No transito ela também “se vira”. Não é nenhuma 125cc, mas dá para andar sem grandes malabarismos, no transito pesado.

As curvas podem ser contornadas com facilidade, sem sustos, tendo-se que tomar cuidado, apenas, para não “raspar” nada no chão, pois a altura do solo é pequena, em relação a uma motocicleta convencional da mesma época.

A ergonomia do piloto e garupa é excelente.
O teste não foi tão longo a ponto de se sentir algum incomodo gerado por má-postura.
Acredito que isso não deva ocorrer pois, durante o tempo em que dirigi a “Big-Guzzi”, me senti como se estivesse em uma confortável poltrona.  


Excelente ergonomia...

A vibração do motor é notada sempre. Mas isso faz parte do “charme” das motocicletas desta categoria.
De toda forma, não incomoda. É apenas notada...

A suspensão, é uma “Classic-Old-Fashion”, com sua característica aspereza em calçamento ruim. 
Mas, na era "pré-monoamortecimento" e "pré-suspensão dianteira com mola interna”, tipo “Cerianni” (em referencia a marca pioneira neste tipo de suspensão), era assim mesmo.

Os freios, a tambor, necessitam agir juntamente com seu abundante freio-motor, para poder-se parar a motocicleta com segurança.


roda dianteira com freio a tambor"duplex"


roda traseira com freio "simplex"

Os comandos dos freios, também a cabo, são um mais pesados do que a média, mas não causam nenhum transtorno físico ao piloto. São só um pouco mais pesados...Só isso.  
Acostuma-se...

O painel, é dotado de velocímetro, tacômetro e luzes de advertência, que incluem a de neutro. 
Tudo ergonômicamente bem posicionado, permitindo uma leitura rápida quando se está pilotando.


vista superior da Ambassador

É, realmente, difícil achar algum ponto negativo nessa moto sem que, imediatamente, venha uma justificativa plausível...
O carisma desta Guzzi é muito grande.
O prazer de pilotá-la, supera as pequenas dificuldades atribuídas à robustez dos sistemas e da própria moto.

O grande porte, aliado ao exuberante motor de 850cc, bicilindrico em “V”, e a marca mais do que clássica, “Moto-Guzzi”, fazem dessa motocicleta uma obra de arte, que é, e continuará sendo admirada, enquanto houver no mundo, autênticos Motociclistas.

Para acessar a FICHA TÉCNICA clique aqui

Esta reportagem foi feita com a participação e apoio da revista "Moto&Técnica", que esteve conosco e colaborou bastante, com sua experiência, para a realização deste trabalho.


da esq.p/ dir.: Ricardo Pupo, Marcos Pasini,
Mario H. Sanctos, e Flavio J.Maia, da M&T

Agradecemos, novamente ao Renato Oliva, a confiança depositada em nossa equipe, cedendo-nos sua motocicleta para este teste-drive.

Obrigado, também, ao ex-piloto e amigo Mário Hélio Sanctos, por sua colaboração e incentivo, para com nosso site.

Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria !

Comentários:


Nome:   E- Mail:


Como proprietário da "Big V-Twin" não pude deixar de sentir uma ponta de orgulho pela bela reportagem. Grato, conte sempre comigo e saudações motociclísticas. Renato

nome: Renato Oliva
(renatooliva@bancocacique.com.br) Terça Feira, 1 de Outubro de 2002, às 09:23:03


Bravo! Bravo! Pasini, dessa vez você se superou! Como é bom ver uma Moto Guzzi! Que saudades da terrinha, das belas Guzzi Le Mans 1000, das V 65 Lario 4 valvole entre outras. Pois é, como diz a publicidade: "Moto Guzzi, un fatto italiano che il mondo invidia" ( Moto Guzzi, um feito italiano que o mundo inveja). Um dia eu hei de pilotar uma! Um grande abraço!

nome: Carlos Trivellato
(setrivellato@uol.com.br) Terça Feira, 1 de Outubro de 2002, às 21:11:47


Maravilhosa reportagem. Sou um fanatico da Guzzi, e fiquei babando com a nova STR 750, e mais ainda com essa Ambassador. Parabens.

nome: Tabajara A.Jorge
(miraassumpcao@ig.com.br) Sábado, 5 de Outubro de 2002, às 12:31:36


Motos clássicas são raridades tanto para quem as tem quanto para quem as admira e acima de tudo para quem já as teve.Gosto muito das "hondas" e "yamahas" desta época porém,nada se compara à uma européia,sejam italianas,alemãs ou inglesas.Fiquei muito satisfeito pela reportagem principalmente por ser uma Guzzi,estava achando que só se lembrariam das japonesas,quando as verdadeiras clássicas são italianas,inglesas e alemãs,não menospresando nunca as japonesas,de quem também sou admirador.Parabéns pela reportagem e um abraço à todos.Björn.Rio de Janeiro,13.outubro.2002

nome: Björn

(bjorn_atg@ig.com.br) Domingo, 13 de Outubro de 2002, às 20:40:02


Excelente reportagem e belissima moto, é bom saber que existem no Brasil pessoas preocupadas em preservar o passado, ainda mais um passado tão belo como este, Parabéns Renato Oliva

nome: Luiz Guilherme Lucidi Milholo
(guilhermemilholo@bol.com.br) Sábado, 19 de Outubro de 2002, às 02:47:58


Parabens pela meteria. Que moto linda. No filme Magnum 44 com o Clint Eastwood, do inicio dos anos 70, os policiais usam essa Guzzi.

nome: Tabajara Ap. Jorge
(miraassumpcao@ig.com.br) Segunda Feira, 23 de Dezembro de 2002, às 17:50:50


Materia extremamente elucidativa para quem, por enquanto, apenas sonha com a Guzzi ! Favor enviar email ou telefone de contato do colecionador Renato Oliva. Muito Grato!
Michael Lewin
niwel@lagoaminas.com.br  (Terça Feira, 19 de Agosto de 2003, às 22:13:50)

N.R. Contatos com Renato Oliva podem ser através do e-mail renatooliva@bancocacique.com.br


Meu amigo gostaria de saber se voce sabe a
medida ou de algum Pistao para vender da Moto Guzzi 1978 , eu estou montando
uma e falta algumas peças ! se vc poder me ajudar !
Moro em Dourados -MS.

nome: Milton Chaves
(
miltonalessandro@terra.com.br ) Sexta Feira, 31 de Outubro de 2003, às 08:23:21


Parabéns pela motocicleta! Ela é realmente linda. Sou proprietário de uma Moto Guzzi V 11Sport, cor prata, ano 2000, com 5.200 Km rodados. Em uma viagem perdi o acabamento da ponteira do escapamento (lado direito). É apenas uma capa de alumínio que cobre a saída do escapamento. Obra das nossas estradas. Sei que este espaço não é para motos "modernas", mas uma Moto Guzzi sempre vai ser uma clássica. Se alguém puder me informar onde posso encontrar a peça, por favor me informem. Josenildo Ferreira.

nome: Josenildo Ferreira
(
josenildodelega@bol.com.br ) Sexta Feira, 6 de Agosto de 2004, às 00:35:12


São lindas! Ela e demais ok.

nome: Eduardo Souza de Almeida
(
duducarabina@bol.com.br ) Terça Feira, 7 de Junho de 2005, às 21:28:27


Gostei muito

nome: rogerio
(
rogerio@hotmail.com ) Quarta Feira, 19 de Outubro de 2005, às 11:47:59


Maravilhosa !!
Parabéms ao proprietário e uma belissima reportagem Att Cmte Fróio =Sao Jose do Rio Preto, SP

nome: Edson Froio
( actiondj@terra.com.br ) Quarta Feira, 22 de Agosto de 2007, às 00:23:00


sabe me dizer qual a origem do nome v-twin conheço varias histórias mas não sei qual é a certa. abraço

nome: adriano
(adriano.marin@bol.com.br) Domingo, 28 de Outubro de 2007, às 02:47:29

N.R. - A nomenclatura Twin (gêmeos em inglês) inicialmente denominava motores de 2 cilindros que explodiam simultaneamente, por isso "gêmeos". Depois de algum tempo acabou virando nomenclatura para motores de 2 cilindros genericamente. V-Twin = 2 cilindros dispostos em V.
Ricardo Pupo


essa moto esta uma maravilha

nome: marcelo freitas de oliveira
(gagomfo@gmail.com) Sábado, 3 de Maio de 2008, às 00:43:21


tenho um amigo italiano que tem uma destas na italia, um das primeiras fabricadas la. ele quer trazer para o brasil para mim. Qaunto vale um moto destas?

nome: Lancer
(lancerr@ibest.com.br) Quarta Feira, 16 de Julho de 2008, às 13:37:01