Motos Clássicas 70
Teste do Mês


SUZUKI  TS185
1974


por: Marcos V. Pasini

A Suzuki TS185, por volta de 1972, chegou ao Brasil, por meio da importadora “Motosport”, com a difícil tarefa de desbancar a “toda-poderosa” Yamaha, nas pistas de motocross que com a, até então, imbatível dupla “Tucano/Denísio”, fazia “barba e cabelo” na moçada, com suas MX250.

Me lembro bem dessa época, quando apareceu uma outra dupla, ainda desconhecida dos espectadores do motocross em São Paulo.

Era a Suzuki TS185 e um paranaense chamado Nivanor Bernardi... Que dupla!!!...

A TS185 com seu menor porte e um “bravissimo” motor 2T com CDI, aliada ao talento do saudoso Nivanor Bernardi, se mostrou à altura das Yamaha MX250, que eram motocicletas especiais de competição da equipe oficial de fábrica.
Outros pilotos também aderiram à marca como o Paulé, que fez muito bonito com uma TS185.

Foi um campeonato de fazer vibrar a antiga pista oficial da Yamaha Motor do Brasil, a “Trailândia”, em Guarulhos, SP, onde se realizavam a maioria das provas de motocross próximas a capital paulista.

A fama desta “super-poderosa” Trail, chegou, logo, ao ouvido dos aficcionados pelo esporte, permitindo, assim, que este modelo começasse a se impor no tímido mercado da época, apesar do esquema de importação ser em menor escala ao da Yamaha, que contava com uma sucursal da fábrica no Brasil.

A Suzuki TS185:

Com um “layout” arrojado e enxuto, a TS185 tinha, em seus primeiros modelos, um estilo mais agressivo e espartano que sua concorrência, com para-lama dianteiro alto e pouca sofisticação de acessórios


Suzuki TS185 1971


Suzuki TS185 1972

Já, o modelo testado, 1974, está mais requintado, rico em cromados, para-lama dianteiro rente a roda com aro 21”, e outros pequenos detalhes de maquilagem.


Suzuki TS185 1974

Seu estilo, apesar de mais luxuoso, não perdeu o apelo agressivo.

O motor monocilíndrico de 185cc, já contava com ignição transistorizada desde os primeiros modelos, tendo sido, assim, a primeira Trail, no Brasil, a não precisar dos incômodos platinados.

O sistema de lubrificação do motor, com óleo 2 Tempos, é gerenciado pelo confiável “CCI”, usado em toda linha Suzuki.


cobertura do reservatório de óleo 2 tempos - CCI

O cabeçote conta com duas bossas para o uso de duas velas de ignição alternadamente.
Isso permite, por exemplo, o uso de uma vela com índice térmico “quente” e outra, “frio”.


detalhe do cabeçote da TS185 com duas velas de ignição

Sua suspensão dianteira é com molas internas (tipo “Cerianni”) e a traseira é a tradicional “bi-choque”, com dois amortecedores com carga de mola ajustável.

O conjunto óptico tem dimensões discretas, mas conta com todos os opcionais, como as setas, que não faziam parte dos equipamentos obrigatórios por lei, na época.

O escapamento e carter, são protegidos por uma placa de segurança.


detalhe do protetor de cárter

O protetor de pernas cromado contrastando com o “preto-fosco” do escapamento , é um detalhe que chama atenção.


detalhe do escapamento com o protetor de pernas

Pilotando a Suzuki TS185:

Leve, macia e possante. Isso resume a pilotagem da TS185.

A leveza é um ponto alto desta motocicleta, pois facilita manobrá-la com motor desligado e sua pilotagem em terrenos agressivos é bastante tranquila.

A maciez de seus comandos dá a impressão de se estar pilotando uma “street” com todos os requintes de conforto.


pilotando a TS185 na cidade

Dar a partida em sua pequena usina de 185cc é, literalmente, “mole”.

Seu pedal de partida não oferece grandes dificuldades e o motor, mesmo a frio, com o “afogador” acionado responde quase que imediatamente à “pedalada”.

O ruído do escapamento e interno de seu motor é bastante baixo, porém com o gostoso timbre agudo dos motores 2 Tempos de alta rotação (entenda-se ~8000rpm).

Marcha engatada, OPS!!! A saída em 1a. marcha me pegou desprevenido. Quase que eu levanto a frente, sem querer...

Na arrancada ela esbanja torque, com trocas de marcha que permitem uma aceleração forte e uniforme, sem “buracos”.

O “performance feel” de seu pequeno mas, “nervoso”, monocilíndrico 2 Tempos, chega a surpreender, em função do “layout magro” da motocicleta.

Agilidade é o que não falta. Sua leveza facilita as manobras no transito (o teste foi feito em ruas asfaltadas...) e o torque de seu motor colabora para uma manobrabilidade defensiva no complicado transito urbano.

O aro 21” na roda dianteira, colabora para que a TS185 “passe por cima” dos buracos de menor porte, complicando menos, a vida do motociclista.


aro 21" e para-lama rente à roda

Os freios, a tambor nas duas rodas, são suficientes para parar a TS185 em segurança. Sem exageros...

A suspensão traseira, tipo convencional, mostra-se bastante eficiente, absorvendo irregularidades e mantendo a motocicleta firme em curvas de quarteirão em piso com pavimentação asfaltica (de má qualidade).


sem problemas em curvas no asfalto

A visualização de seu painel é dificultada pelo pequeno porte de seus instrumentos que, apesar de serem de muito bom gosto, não são grandes o suficiente somado o fato de terem uma ergonomia meio complicada.
Em se tratando de uma “Trail anos 70”, isso é perdoável.


visualização do painel



detalhe do bonito painel com o miolo do contacto ao centro

Sua ergonomia é de bom tamanho para pilotos dentro da média de estatura (1,70m), diferente das "Trails" modernas, que causam "vertigens" quando se pára a moto em um terreno de topografia desfavorável.

Os comandos de farol, setas e buzina, se concentram no punho esquerdo conforme padrão estabelecido na época e que perdura até hoje em muitos modelos.


comandos localizados no punho esquerdo

Pilotar esta motocicleta, é algo que deve fazer parte do "curriculum" de todo piloto "off-road" com mais de 40 anos...
Atualizei o meu, agora!!!

Suzuki TS185

É uma motocicleta que fez história no motocross nacional...

Uma brilhante Trail !!!


Nossos agradecimentos ao Marcelo Ponzoni , proprietário desta bela moto, por nos tê-la cedido para o teste e ao Jacaré, por tê-la "perfumado" em seu "atelier".

Teste realizado em São Paulo, SP, no bairro dos Campos Elíseos

FICHA TÉCNICA
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Comentários:


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Belíssima motocicleta, parabéns ao proprietário e a fera "Jacaré"

nome: Olivy Pelosi Jr
( trialfour@yahoo.com.br ) Terça Feira, 6 de Julho de 2004, às 18:14:18


A solução dos problemas mais desconfortáveis do motor 2T já estavam disponíveis em 74?!? É de se questionar por que é que não adotaram esse sistema "vira-cachimbo" e CDI há mais tempo...inclusive pela eficiente fabricante YAMAHA. Se a tecnologia já existente na década de 70 poderia fazer com que muita gente olhasse com mais carinho esses motores nervosos, não vejo explicação plausível para ter visto platinados em motos ulteriores a 84 - dez anos depois. Grandes soluções escondidas em máquinas pouco conhecidas pelo público...

nome: Ulysses de F. Silva
( klango450@hotmail.com.br ) Quarta Feira, 7 de Julho de 2004, às 04:46:18


Essa Suzuki TS185 é realmente um charme de moto , principalmente essa grade do escape e esse grafismo do tanque. imagino a dificuldade para se restaurar a moto nos minimos detalhes , parabens ao Marcelo e as geraçoes futuras que poderao ver como eram charmosas as trail dos anos 70 .

nome: Amauri Botelho
( ambotelho@hotmail.com ) Quinta Feira, 8 de Julho de 2004, às 19:57:57


Pasini, "DU GRANDE CARA..." , me desculpe a expressão mas ficou muito bom , estou orgulhoso de ser o proprietário desta Jóia. Parabéns e muito obrigado por tudo.

nome: Marcelo Ponzoni
( marcelo@raemp.com.br ) Terça Feira, 13 de Julho de 2004, às 17:21:08


Que conjunto harmonioso este que nos foi apresentado.
Lendo estes comentarios e as fotos apresentadas, so faltou o som do motor...
Parecia que eu estava pilotando esta maquina.
PARABENS À TODOS!!

nome: Douglas Alexandre Cortez
( douglasalexandre@uol.com.br ) Domingo, 11 de Julho de 2004, às 11:28:54


Não gosto de ver, principalmente gente que gosta de motocicletas, adotando modismos como o apresentado nesta Suzuki, que originariamente traz espelhos retrovisores.

nome: Antonio Jorge Rodrigues Neto
( ajorgerneto@ig.com.br ) Domingo, 11 de Julho de 2004, às 23:36:31

Caro Antonio Jorge Neto
Acredito que o fato dos retrovisores (no Brasil era obrigatório, apenas, no lado esquerdo, nos anos 70) não terem  sido, ainda, instalados nesta motocicleta, não se trata de um "modismo", mas da dificuldade de achá-los na versão original.
Restaurar uma motocicleta 100% original é muito difícil e demorado...
Obrigado pela participação
MP


Essa " magrela " é da " pesada " ...
Todo " tigrão " da época queria uma p/ voar...

nome: Alexandre Pacheco dos Santos
( aletunari@ig.com.br ) Domingo, 18 de Julho de 2004, às 22:06:32


Achei sua moto muito original e muito bonita gostaria de saber c o senhor nao vende

nome: Samuel Bottega
( sbottega@etaj.com.br ) Sábado, 17 de Julho de 2004, às 20:50:39


Gostei muito desta matéria pois tive varias ts até mesmo essa do Nivanor já passou por mim . procuro uma ts 185 para comprar ha muito e não acho mais sumiram do mercado se souberem de alguma me avisem mas tem que ser a 185 não 125 obrigado

nome: Luiz Felipe Kirchner
( felipekirchner@gmx.net ) Terça Feira, 27 de Julho de 2004, às 06:56:22