Test Drive
YAMAHA YG5T

Trailmaster

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No início dos anos 70, com 16 anos, tinha eu, minha primeira Yamaha; uma F5 de 50cc.
Nessa época, certa vez, quando abastecia minha moto em um posto de gasolina em Itanhaém, cidade do litoral paulista, um garoto com cerca de 13 anos apareceu com essa "estranha" variação da F5...
Me aproximei para ver a moto...
Era uma moto parecida com a minha mas, com pneus "lameiros", amarela, escape para o alto...Quiquéisso?

por:  Marcos V. Pasini


Yamaha YG5T Trailmaster 80cc - 1969

Reparei que a moto, dentre outras coisas, tinha duas coroas...Uma para velocidade e a outra, para torque.
A moto, em questão, estava com a coroa para torque ( a "pedidos compulsórios" do pai do piloto).

Posteriormente, acabei fazendo amizade com o piloto desta Trailmaster, o Oscar "Coelho" Müller Kato e, é claro, pilotei, pela primeira vez, a YG5T...

clique aqui para saber mais detalhes deste episódio

Essas motocicletas foram importadas pela extinta "Motosport" primeira grande importadora das Yamaha no Brasil no final dos anos 60, antes da Yamaha Motors do Brasil, importadora oficial da fábrica.

A motocicleta testada, foi dada de presente ao avô do Ernesto Trivellato, atual proprietário, por um amigo, sócio da "Motorsport", para consolá-lo após uma queda de cavalo, sugerindo que ele passasse a andar de moto, alegando que era mais seguro!...


Yamaha YG5T de Ernesto Trivellato Ristori

Ernesto restaurou caprichosamente, esta motocicleta, após anos de "pauleira" no sítio do avô, com toda a garotada aprendendo o "off-road" nela!!!

A Yamaha YG5T Trailmaster 80cc:

Esse modelo apareceu antes do lançamento das primeiras "Trail" da Yamaha.
Ela está mais para uma "Scrambler" do que para uma "Trail", mas tem um apelo "on/off-road" super interessante.

Ela foi criada tendo como base a Yamaha 50 F5, com suspensões reforçadas e, é claro, um motor de 73cc..


Yamaha F5 50cc

Como já foi dito, ela é equipada com duas coroas, que podem ser selecionadas, emendando-se ou retirando-se um pedaço de corrente, que faz parte do jogo de ferramentas, para deixá-la mais para "off"(relação curta) ou mais para "on"(relação longa).


detalhe das 2 coroas

Seus pneus e guidão são tipo "Trail", o escapamento (para cima) é tipo "Scrambler", o banco é separado (estofado para o piloto e bagageiro para carga).
Mas, a YG5T, pode ser fornecida com dois bancos estofados separados ou um, grande, integral.


guidão tipo trail

Que eu tenha informação, no Brasil, só foram importados modelos da cor amarela (existem também na cor preta ou vermelha) com os bancos conforme o modelo testado.


banco estofado para o piloto e bagageiro (para garupa...)

notem o "dynostart", saliente, na tampa do motor lado esquerdo

Seu conjunto óptico é alimentado por uma bateria de 12V que também abastece sua partida elétrica "dynostart", que funciona da seguinte forma:
Quando se aciona o botão de partida, o dínamo que, normalmente, é movido pelo motor para alimentar a bateria, passa a mover o motor, agindo como um motor elétrico, agindo como um motor de partida convencional.

 
detalhe do conjunto óptico

Seu painel conta somente com um visibilíssimo velocímetro (neste exemplar, em m.p.h.), embutido na caixa do farol, com luzes-piloto de neutro, setas, farol alto e bateria.


detalhe do grande e bonito painel

O cambio, de 4 marchas, tem o acionamento por pedal, lado esquerdo, sendo todas as marchas em progressão, "tudo para a frente", pisando-se com a ponta do pé para engatar da 1a. à 4a. marcha e, para reduzir, levantando-se com o pé por baixo da alavanca, até atingir o neutro que se acha facilmente levantando-se o pedal 4 vezes, até o batente, se a moto estiver em 4a. marcha.

Seu motor monocilíndrico de 2 tempos, 73cm3, é lubrificado por meio de uma bomba de óleo 2T ("autolube"), injetando o óleo 2T no coletor de admissão, pelo cárter, junto ao carburador, que tem seu fluxo controlado por uma válvula rotativa.
O reservatório de óleo 2T, situa-se abaixo do banco, no lado direito, e a caixa de ferramentas e bateria, do lado esquerdo.


detalhe do tanque de óleo, no lado direito
em baixo do banco.
acima do escape nota-se o visor de nível.


tampa da caixa de ferramentas e bateria - lado esquerdo
notem a chave de contacto logo abaixo do banco

A chave de contacto fica no centro da porca de fixação da tampa da caixa de ferramentas e bateria, no lado esquerdo da moto, logo abaixo do assento do piloto.
Esse local causa problemas de danificação à chave e ao miolo, bem como possibilidade de perda da chave, com o desgaste do miolo, fora o risco de machucar a perna (...) do piloto, durante uma eventual queda.

A trava de direção fica na mesa inferior do garfo, com acesso pelo lado direito.


detalhe da trava de direção da YG5T

Dirigindo a Yamaha Trailmaster 80:

A partida elétrica responde rápida e silenciosamente, fazendo o pequeno monocilíndrico 2 tempos estabilizar em uma marcha-lenta super macia.

Apesar de ter já andado na YG5T, há mais de 30 anos, estranhei o pequeno tamanho da pequena Trailmaster. Afinal, já  faz 30 anos, né?

Engatei a 1a. marcha e saí ansioso para sentir o torque com a coroa maior acoplada.
Super esperta!!! 
Um "tratorzinho"!!!
As quatro marchas vão sendo despejadas quase que uma atrás da outra, e a aceleração é bastante sentida, proporcionando um bom "performance-feel".


dirigindo a Yamaha YG5T

A altura do banco ao solo é o "Sonho dos Baixinhos"...Sobra perna!!!


sem problemas para colocar os dois pés no chão...

As suspensões, dianteira, com mola externa, coberta com borracha sanfonada, e traseira tipo bi-choque convencional (anos 70), tem um comportamento muito bom para on-road mas para off-road deixa um pouco a desejar.
Mas, não podemos criticar, agora, uma motocicleta que surgiu antes da primeira trail da Yamaha...
Ela fazia o impossível, em sua época...


sem problemas em curvas no asfalto, apesar de seus
pneus tipo trail

O chassis é em chapa estampada, conforme padrão das motos japonesas de pequena e média cilindradas fabricada até o fim dos anos 60, começo dos 70.
Esse tipo de quadro, não causa transtornos ao piloto levando em conta a pouca exigência de performance nas motos em que eram montados.

Ela conta ainda com um "aplique" tipo berço duplo, que apóia o motor, pela frente, e aloja um protetor de cárter.

Os freios, a tambor simplex nas duas rodas, é suficiente para parar com segurança a motocicleta em situação de emergência, apesar do motor 2 tempos não oferecer o, sempre bem-vindo, freio-motor.

A Yamaha YG5T Trailmaster, hoje, é bastante rara, posto que foram importadas em pequena quantidade.

Trata-se de uma das pioneiras no "on/off road"!!!
Parabéns pela linda moto, Ernesto!!!

Ficha Técnica - Clique aqui

Yamaha YG5T


Yamaha YG5T Trailmaster

O teste foi realizado em São Paulo, SP, em ruas do bairro do Morumbi

Nossos agradecimentos aos irmãos Sérgio e Ernesto Trivellato Ristori pela colaboração nesta matéria

Esta matéria é dedicada ao meu amigo Oscar "Coelho" Kato, proprietário da primeira YG5T que vi nas ruas, e que tive o prazer de pilotar. 
Valeu, "Coelho"!!!
MP.

Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria !

Comentários:


Nome:   E- Mail:


Marcos,eu acesso o site motosclassicas70 quase todo Santo Dia e acabo de me convencer que você é realmente um cara de muita sorte, pode crer..., pois já teve e continua tendo o prazer e a oportunidade de pilotar as melhores máquinas, sobre duas rodas , já fabricadas nesse mundo, parabéns!!! A matéria está excelente!!!

ps:A RD400 estava demais..... e só queria saber quando vai ser a vez da GT750?

Um grande abraço

nome: Anderson Rio de Janeiro
(asgoncalves@hotmail.com) Terça Feira, 4 de Novembro de 2003, às 21:51:28


Otima reportagem ! valeu mais uma vez "Pasini" e parabens aos irmãos Trivellato pelo estado da moto .

Paulo
Terça Feira, 4 de Novembro de 2003, às 21:53:22


Pois é, quem diria!!
A Trailmaster (para mim absoluta na década da minha adolescência) honrada com esta página tão bem cuidada, ainda mais com autoria do piloto de teste mais adequado!!

Foi minha primeira moto, responsável, desde as primeiras tentativas de pilotagem, por entranhar alma adentro a paixão por uma estranha combinação de areia fofa, vento na cara, cheiro de óleo 2T, e o zumbido destes motores!

Com o destemor típico da tenra idade, o aprendizado se deu aos trancos e barrancos, literalmente, pois nos arredores de casa não faltavam barrancos, escalados a princípio por pura imperícia, depois por prazer mesmo. Trancos também eram constantes, quase sempre inevitáveis, posto que na moto eu não alcançava o chão com os pés, então era preciso estudar muito bem as paradas, deixando apoios em locais estratégicos, que permitissem deixar uma coxa no banco e equilibrar o peso da moto na ponta do outro pé, tomando o cuidado de deixar sempre a primeira engatada, pois fosse qual fosse o lado do apoio, a alavanca do câmbio ficava inacessível para minhas pernas curtas, herdadas de um avô japonês.

Foi numa das primeiras aventuradas para além daquele mundinho mais seguro, com um tronco aqui e uma pedra acolá, postados a permitir uma parada ou possibilitar nova saída depois de um tombo, que dei de cara com um maluco, sujeito muuiiito mais velho que eu, de moto também, que se aproximou aos gritos, completamente alucinado com o modelo da moto (para ele assunto importantíssimo!), me obrigando a parar onde eu não sabia se podia. Por sorte uma providencial pedra guia mais alta, com não sei quê por cima, me poupou uma estacionada mais vexaminosa.

Estranhei deveras o alvoroço, do meu ponto de vista a G5T era uma moto como qualquer outra, andava sem precisar pedalar, e isto era o que importava. Certo que me fascinava a cor amarela (idêntica a do teste), a buzina que fazia "fom" em vez de "bi", a partida elétrica, de dar inveja, e naquele então imprescindível, pois não havia a menor possibilidade de que eu lograsse manter a moto sobre os pneus pedalando partida ao mesmo tempo.

O maluco era um tal de "Marcão", que quase imediatamente me apelidou de Coelho, alcunha que me acompanhou por muitos anos, pela qual ainda sou reconhecido naquelas paragens e pelos muitos amigos que datam da época. Pela mão desta má influência conheci outros garotos motociclistas, rápido estávamos brincando de "segue o mestre", com grandes doses de intrépida irresponsabilidade, é certo, mas fartamente compensadas por uma solidariedade e companheirismo, que tenho certeza, marcou profundamente todos nós...

À primeira volta, e ao primeiro amigo sobre duas rodas, seguiram-se muitas outras primeiras vezes, todas encaradas com espírito, quase sempre cheio de alegre sede de viver e aprender, mas sem exceção com o apoio de amigos sempre presentes. Limpar uma vela, regular um platinado, descarbonizar, vencer um morro ou abrir o fecho de um sutien, de aprendizado em aprendizado, de descoberta em descoberta, passaram deliciosos dias, meses, anos...

Que super descolada esta G5T! Valeu, Marcão! Agradeço não só pela página (que vai para o meu "favoritos", lógico!), mas pelo encontro daquele dia, e muito mais que isso, pela década de ouro que se seguiu, e que tivemos a sorte de vivenciar juntos!

nome: Oscar "Coelho" Müller Kato
(arquiteto@sti.com.br) Quarta Feira, 5 de Novembro de 2003, às 17:11:09

Olá Coelho!!!
Obrigado pelas palavras...
É muito bom ouvir que fomos importantes na vida de alguém e, mais do que isso, é maravilhoso ouvir isso de um amigo!
Um grande abraço

Marcão


Que gracinha de moto

nome: Tabajara A.Jorge
(miraassumpcao@terra.com.br) Sexta Feira, 14 de Novembro de 2003, às 17:47:12


Muito boa esta materia continuem fazendo esse tipo de matéria.Gostaria de uma matéria sobre a Honda 500twin 76.

nome: JOÃO PORTO
(jocaporto@bol.com.br) Sábado, 15 de Novembro de 2003, às 23:58:44

Caro Amigo,
Já estamos programando um teste com a tão discutida CB500T. Aguarde...
Abraços
MP


Tão ou mais emocionante que a matéria foi o depoimento do Sr "Coelho". Quase que nem concegui terminar de ler, pois lembrei de muitos amigos que nunca mais vi, outros que não estão mais aqui e assim se vai..., como é bom ter amigos!!!
Abraços ao Pasini

nome: Ivo Filho
(ivofilho@am.ripasa.com.br) Quarta Feira, 19 de Novembro de 2003, às 19:12:34

Olá Ivo,
Abraços a você, também!
MP


ME DEU SAUDADES QUANDO VI ESSA FOTO DA 50 CC AZUL. POIS EU TIVE UMA ZERO KM QUANDO EU TINHA 13 PARA 14 VANOS DE IDADE. NO ANO DE 71. TIREI UMA ZERINHO, QUE NA ÉPOCA ERA IMPORTADA E VINHA EM CAIXOTES. SE VOCE SOUBER DE UMA QUE ESTEJA A VENDA, ME AVISE.
OBRIGADO

nome: MARCIO CANDIDO BARRUECO
(barrueco@terra.com.br) Sábado, 29 de Novembro de 2003, às 14:40:15


Conheci a moto no sítio em Arujá-SP do avô dos irmãos Ernesto e Sérgio (faltou o Cássio- que gostava mais do TRANS-AM dele)
Aliás, como eu poderia me comunicar com eles?
Obrigada pela atenção

nome: Viviene Clarisse Demaison, Rio de Janeiro
(vivienedemaison@globo.com ) Segunda Feira, 23 de Agosto de 2004, às 19:10:36

Olá Viviene
Na página Galeria/Japão/Yamaha, você encontrará a G5T com o endereço eletrônico do Ernesto.
Sds.
MP


Beleza de moto companheiro nota dez

nome: Carlão 
(
socorristamedical@hotmail.com ) Quarta Feira, 24 de Outubro de 2007, às 16:58:59


Existia uma amarelhinha com placa de Mogi das Cruzes. O cara que pilotava a criança tinha uma deficiencia em uma das pernas, mas isto não atrapalhava em nada o seu desempenho nesta moto. Acho que ele era funcionario do Sigeu Ito, pai do japonezinho que acelerava um cinquentinha no campeonato paulista  e brasileiro, patrocinado pelo cursinho universitario.

nome: Sylvestre Paschoal
(smpaschoal@uol.com.br) Quinta Feira, 21 de Fevereiro de 2008, às 14:13:15