COMPETIÇÃO

Trial à Brasileira

O início do esporte no Brasil


Primeiro foi o Motocross ... depois o Enduro ...

Agora chegou a vez do Trial aportar no Brasil, mais especificamente em Blumenau.

Foi ali que em maio de 1983 se disputou a primeira prova de competição de Trial, esporte que existe desde o início do século passado, com berço na Inglaterra.

Vamos ver como foi !


Na primeira prova, houve é claro, muita improvisação.

A começar pelas próprias motos, em sua maioria modelos Yamaha DT 180.

Mas o espírito da competição, bem como o sistema de classificação por pontos perdidos, era exatamente o mesmo das tradicionais provas da modalidade na Inglaterra.

Para poder sediar a primeira competição exclusiva de Trial do Brasil, o Trial Clube Lessa de Blumenau, idealizador e organizador do evento, teve primeiro que construir a pista.

O local escolhido foi o Refúgio, um famoso parque turístico da região.

A pista foi sendo construída sob o lema de que, quanto pior, melhor...

Para esta prova inaugural, os organizadores preferiram não dificultar demais as coisas para os pilotos.

Trechos mais difíceis - como a subida da encosta do morro, repleto de pedras - foram abolidos.

Mas mesmo assim ainda sobraram muitos obstáculos difíceis.

O pior deles era a"gangorra", um estrado de madeira com três metros de comprimento, apoiado no centro por uma espécie de cavalete com cerca de oitenta centímetros de altura.

As motos devem subir e ... descer ! Fácil ? Não foi bem isto que a maioria dos pilotos achou !

 


Não foram poucos os tompos na Gangorra !

A pista também foi equipada com uma série de trincheiras (sulcos profundos na terra por onde as motos obrigatoriamente deveriam passar), costelas de

vaca, estreitas pontes de madeira, sem falar nas subidas e descidas íngremes.


As trincheiras !

Como se não bastasse tudo isso, na semana que antecedeu a prova desabou sobre a cidade uma chuva torrencial.

Resultado: o que era terra batida virou lama, e aí a coisa embolou de vez para os pilotos !


Lama, mais um desafio para os pilotos !

Afinal, uma das regras básicas do Trial é não tocar, em hipótese alguma, os pés no solo !

Mas se no seco já estava difícil completar o percurso "zerando" (sem encostar os pés no chão), imagine na lama !

Para controlar as faltas cometidas pelos pilotos (os toques dos pés no chão), os organizadores espalharam cinco juízes em postos secretos ao longo dos

850 metros de extensão da pista.

Coube aos juízes anotar em suas planilhas as infrações cometidas pelos pilotos.

Um pé no chão, valia um ponto perdido. Dois pés, dois pontos. Deixar o motor morrer, três pontos.


Lá se vão alguns pontos !!

Cair com o motor ligado, quatro pontos. Cair e deixar o motor morrer, cinco pontos. Contornar um obstáculo sem ultrapassá-lo, dez pontos.

E finalmente, vedar a passagem a outro concorrente ou, então, fazê-lo cair propositadamente, vinte pontos.


Esse deve ter perdido uns 100 pontos nessa "aterrisagem" !!

O piloto que por três vêzes atrapalhasse outro concorrente poderia ser desclassificado da bateria.

Tudo isso constava do regulamento da prova, redigido com base no próprio regulamento padrão da Federação Internacional de Motociclismo.

A participação era aberta a qualquer tipo de moto, independente do modelo e cilindrada (havia até algumas cinquentinhas e CG 125).

A largada foi feita individualmente, obedecendo-se a distância mínima de vinte metros entre os participantes.

Mesmo porque, no Trial pouco importa a velocidade, ou quem chega na frente.

O que vale mesmo é o equilíbrio do piloto e o domínio sobre a moto.

E apesar do fato de ter sido a primeira competição do gênero no país, e com motos não específicas para o Trial, o índice técnico da prova foi

surpreendentemente bom !


Pela dificuldade e equipamento inadequado, até que os pilotos se viraram bem !

Tomás da Rocha Paulino vence a primeira bateria (foram três no total) com apenas 41 pontos perdidos.

Número que baixou para 14 na segunda bateria, vencida por Luiz Carlos Pila.

O próprio Pila voltaria a melhorar ainda mais sua marca na terceira bateria, vencendo co apenas 10 pontos perdidos !

O presidente do Trial Clube Lessa, Agenor Giovanella, ficou tão entusiasmado com o sucesso da prova, que já programou outra para o mês de julho, no

mesmo local.

 


 

Fontes: Revista Quatro Rodas Moto - junho / 1983 - Ano II - nº 15

Por Ricardo Pupo

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Comentários:



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Comentário dos Internautas:


Tenho essa revista, guardadinha com todo o carinho. Realmente sensacional lembrar dessa prova. Parabéns.
email = tabajaraaparecidojorge@hotmail.com
nome = Tabajara Aparecido Jorge                                         17/09/2012


achei fantastico.
email = agenor_giovanella@hotmail.com
nome = agenor giovanella                                            08/10/2012


Agenor Giovanella, és tu mesmo cara? Putz saudades, esses dias teve prova na Tatutiba, lembrei muito de ti. Parabéns pela reportagem, participei de tudo isso. Abraço, Tadeu
email = tadeurso@gmail.com
nome = Tadeu                                                             10/10/2012


Gostei muito de poder rever isso tudo. A foto com Agenor o falecido Cristo, o meu tombo que o fotógrafo pediu que fizesse para a capa, muito, muito bom mesmo. A minha revista perdi na enchente, gostaria muito de ter uma novamente. Fui capa desta revista (Maizinho)
email = liguedjausados@ig.com.br
nome = Tomás da Rocha Paulino (Maizinho)                        16/01/2013


Que show. Eu participei também e fiquei em terceiro. Valeu!
email = ralf.schumann@hotmail.com
nome = Ralf A Schumann                                                    10/10/2015


Eu sou Agenor Giovanella, idealizei e construí esta pista de Trial em Blumenau, no Refúgio. Fiz a primeira competição oficial do Brasil, trazendo de S. Paulo o Carlão e mais 3 pilotos com motos especias para trial. Ainda estou rodando por esse Brasil e Mercosul. Estou aposentado como professor e 66 anos. Moro em Joinville. Fone (47) 99 080884 TIM. E-mail: fioregiovanella@outlook.com
email = fioregiovanella@outlook.com
nome = Agenor Giovanella                                                30/05/2016