Test Drive
HONDA SS125A
1969

Indice

 

Home


Quando, em 1968, vi a primeira Honda SS125A passar por mim na Av.Pacaembu, em São Paulo, identifiquei-a imediatamente como sendo uma Honda 125 pelo ronco do bi-cilíndrico, igual ao das adoráveis Honda CB125K2.
Mas, ao ver a moto de perto, confesso que sua simplicidade de acabamentos, sem os tão sonhados pára-lamas cromados e outros requintes, me causou uma certa decepção...
Será que vai ser assim, agora? Me perguntei.


por: Marcos V. Pasini

Sua antecessora, em nosso mercado, a K2, era uma moto luxuosa, farta de cromados e pequenos detalhes que encantaram o publico, acostumado, até então, com as básicas (mas eficientes) motos européias.Mas, aos poucos, fui gostando do estilo clássico de suas formas e cores apesar da ausência do tacômetro (imperdoável)...
Mesmo assim, ela chamava a atenção pelo seu estilo peculiar.

Tenho acompanhado o mercado das clássicas nesses últimos 5 anos, na expectativa de poder ter contacto novamente com uma SS125A pois, desde a metade dos anos 70, não me lembro de ter visto algum outro exemplar.

Mesmo em nosso site ou em outros com ênfase em motos antigas no Brasil, não tive notícias de nenhuma SS125A sendo oferecida à venda ou que tivesse suas fotos exibidas em alguma galeria de colecionadores.

Acredito que hoje, se existirem outros exemplares em nosso país (devem existir), estão muito bem guardados, pois desconheço totalmente seu paradeiro.

A motocicleta que testamos nesta edição, foi adquirida do amigo Ricardo Simões, de Ourinhos, SP que, após tê-la comprado e, sabendo do meu interesse histórico pelo modelo me ofereceu à venda, a qual não pude recusar.

Histórico:

A Honda SS125A, assim como a Scrambler CL125, ambas baseadas na CD125 (modelo conhecido no Japão como “Benley”), foi fabricada de 1967 a 1969, tendo sido, somente a SS, importada no Brasil em fins de 1968.
Ela foi, no Japão, contemporânea das primeiras CB125, as K0.


Honda CD125 1967
foto obtida no site www.BikePics.com


Honda CL 125 1969
foto obtida no site www.BikePics.com

 

Seu estilo era inconfundível, onde o tanque na cor prata combinava com os pára-lamas e cobre-corrente, sendo o quadro estampado em chapa na cor oficial da moto que, no caso da SS, era oferecida nos tons azul metálico (candy blue), vermelho metálico (candy red) ou preto (black).


Honda SS125A 1969

 

Eram motos com forte apelo comercial visando bom consumo e, no caso da SS, com estilo esportivo, dentro da realidade da segunda metade dos anos 60.

O motor bi-cilíndrico, SOHC com um carburador, 4 marchas e corrente de comando na lateral esquerda do cilindro, teve inspiração na clássica Honda C92, que tinha a mesma configuração.


Honda C92 125 1959
propriedade de Rodrigo Gomes


detalhe do motor da SS125A

 

O sucesso da SS125A em nosso pais, ficou ofuscado em função de que, na primeira leva de motos Honda de 125cc importada pela“Cobri” (primeira representante da marca no Brasil), foram comercializadas as velozes CB125K2, igualmente bi-cilíndricas tal qual a SS125A, porém com 15hp contra os 13hp desta última.


Honda CB125 K2 - 15hp

 

Essa baixa potencia da SS em relação à K2 era devido, principalmente, à alimentação do motor feita por meio de um só carburador na SS, contra dois na K2.
Somado a isso, a SS tinha 4 marchas e a K2, um cambio de 5 velocidades, o que deixava a primeira, também, em desvantagem em relação à última.

Existiam detalhes de acabamento e de estrutura que tornava a SS mais espartana que a K2, como a ausência de conta-giros e quadro estampado. Mas tudo isso teria passado desapercebido se a estratégia de importação tivesse sido outra.
E isso era factível pois a SS , no Japão, foi lançada antes da K2.

Se no Brasil, a SS tivesse sido importada em 1967, seria bem mais possante que qualquer 125, ou até 160 ou 175cc italianas (na maioria) que circulavam em nossas ruas, todas com bem menos de 13hp.

Como as SS125A chegaram com status de “Super Sport”, apregoado largamente pelos revendedores da marca, gerou-se uma expectativa falsa de alto desempenho antes, mesmo, de sua chegada.
Daí a decepção dos que venderam suas K2 esperando a chegada das SS...

Com isso, essas poucas motos que foram importadas nessa leva, tiveram alguma dificuldade de mercado e, aos poucos, foram sendo esquecidas.

A “Cobri”, imediatamente providenciou a importação da K3, sucessora natural da K2, que viria com cilindros verticais e partida elétrica, com os mesmos 15hp de sua antecessora da família "K", para garantir o mercado pois, tanto Yamaha como Suzuki, já despontavam no mercado com possantes motores bi-cilíndricos 2 tempos, sendo muito mais leves e rápidas.

Mas, dessa vez, a “Cobri”  agiu certo e as K3 e, depois, as K4, garantiram os clientes compradores de motocicletas nessa faixa de cilindrada.
E isso teve de ser feito rapidamente pois, naquela época, talvez mais do que hoje, em função da novidade, era comum o motociclista passar de uma 50cc, para uma 350cc, com escala nas 125cc, em menos de um ano e meio...

Pelo motivo de, tanto a SS125 como a CL125, ter seu performance “discreto”, suas vendas em nível mundial, não alcançaram os objetivos esperados e por conta disso, em 1969, tiveram sua produção descontinuada.

A Honda SS125A:

De concepção simples a Honda SS125A é montada em um quadro estampado tipo “T­ Bone”, semelhante ao da Honda S90, levando a cor oficial da moto, juntamente com as canecas do farol, em alguns casos a caixa do farol, tampas laterais e capas do amortecedor.


caixa do farol - opcionalmente na cor prata

 

O quadro aloja, internamente, o sistema de filtro de ar, além do chicote, regulador de voltagem, bobina, bateria e caixa de ferramentas.

O banco não é basculante mas o acesso aos componentes na parte interior ao quadro é feito através das aberturas laterais, abaixo do banco.


detalhe do banco da SS125A

 

O tanque, pára-lamas, cobre-corrente e, em alguns exemplares, a caixa do farol, são na cor prata.

Desprovida de tacômetro, seu velocímetro embutido na caixa do farol, na versão européia, tem o fundo-de-escala nos 140km/h, ou nas 100m.p.h. (160km/h) na versão anglo-americana, com os limites de velocidade para cada marcha (quatro) desenhados no painel.


velocímetro em m.p.h.

 

Com suas rodas montadas em aros 1.6x17” e pneus 2.75x17”, a SS tem um layout “mignon”, mas robusto.

A suspensão dianteira, (curiosamente para a época) é construída com molas internas, com borrachas sanfonadas cobrindo a região de curso dos retentores na bengala, o que transfere um estilo mais esportivo à moto.

Os dois escapamentos, um de cada lado, garante o “pedigréé” de bi-cilíndrica, mesmo sendo uma 125cc.

O sistema elétrico é de 6V 12Ah, onde o motor funciona com a carga da bateria que recebe alimentação do alternador.
Isso quer dizer que, se não tiver carga na bateria, o motor não funciona.

O motor de dois cilindros SOHC, inclinado à frente, tem a capacidade de 124cm³ fornecendo 13hp @ 10000rpm, sendo alimentado por um único carburador Keihin com diafragma.
(no caso da moto testada o
carburador original foi guardado tendo sido temporariamente substituído por um série Honda CG150).


Carburador Keihin com diafragma
(temporariamente fora de uso)


Carburador série Honda CG150
montagem alternativa que funciona muito bem

 

Seu câmbio é de 4 marchas com acionamento convencional (1a para baixo e as outras para cima, com neutro entre a 1a e a 2a ).
A partida é dada por meio de pedal (kick).

Os freios são à tambor simplex, com acionamento à cabo, na dianteira e a varão no traseiro.

O conjunto óptico é de bom tamanho, incluindo as setas, que são as mesmas utilizadas em toda linha Honda da primeira metade dos anos 70.


Detalhes do conjunto óptico

 

A identificação da moto é feita com dois emblemas circulares com a “asa”, um em cada lado do tanque, e nas laterais com o adesivo “SS125”.


tanque na cor prata com as "asas" nas laterais e o "pad" de apoio dos
joelhos


logo "SS125" nas tampas laterais

 


Pilotando a Honda SS125A:

A Honda SS125A tem a postura de uma 125 convencional, onde o piloto de estatura média se sente bastante confortável e seguro.

Pode-se levar uma garupa com conforto, exceto pelo fato dos pedais do carona serem fixados na balança traseira, o que transfere bastante trepidação para os pés, causada pelas irregularidades do solo.

A ergonomia lembra à de uma Honda CG125.
No modelo testado, foi instalado um guidon de Turuna 1979, que deu um toque a mais de esportividade a uma moto que nasceu com essa pretensão.


pilotando a Honda SS125A

 

Os comandos são na posição convencional das Honda anos 70, bastante acessíveis, com exceção à chave de contacto que fica na lateral esquerda, abaixo do “assento” do piloto, sujeito a “interferencias” que podem ferir a perna e/ou quebrar a chave.


detalhe do conjunto chave de contacto abaixo do banco (removido)
0bs. tampa lateral ainda sem o logo "SS125"

 

O motor apesar de dois cilindros, é alimentado por um só carburador. Tem um nível de aspereza bastante baixo, sendo muito confortável para pilotar, proporcionando um delicioso ronco uníssono típico dos motores com defasagem de 360° no virabrequim (tipo Honda CB400 nacional).

O cambio, inegavelmente, pede uma 5a. marcha pois, para se ter uma velocidade máxima em 4ª, as marchas intermediárias são mais longas, e com um motor de 13hp, a sensação de torque fica comprometida.

Como em toda Honda, na SS tudo é macio: a embreagem, o engate das marchas, acelerador, etc..

Ligando-se o motor, sua marcha-lenta se mostra estável e quase sem vibrações no guidon.

Em transito, seu motor se mostra bastante silencioso e macio.
Nas arrancadas, sem poder esticar muito as marchas, pois o motor está amaciando, o ronco do pequeno motor chega a chamar atenção pelo timbre agressivo e esportivo, sem ser excessivamente barulhento.
Ninguém acredita que se trata de uma 125cc, ainda mais de 1969...

Os freios são discretos mas eficientes, somando-se o auxilio do freio-motor do pequeno motor 4 tempos.

Não foi feito teste abusivo em curvas mas, deu pra sentir que o conjunto chassis-suspensão, dentro da realidade de desempenho da moto, está além das expectativas.

Como foi dito antes, na realidade do começo da segunda metade da década de 60 no Brasil, a Honda SS125A teria sido a "best in class" das 125cc.
Mas ela veio em hora errada.

De toda forma, ela é um modelo típico da época e remete o piloto aos bons tempos do motociclismo romântico...


FICHA TÉCNICA
clique aqui


Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria

Comentários:


Nome:   E- Mail:

 


Parabéns pelo belo trabalho de restauração, eu fico até animado a restaurar a minha Yamaha YA7 para te dar um ralo, hehehe...
Grande abraço,

nome: Emilio Gimenez Montero
(emilio@emifran.com.br) Terça Feira, 24 de Junho de 2008, às 12:14:41

Grande Emílio
O duro vai ser saber qual das duas é mais light... rsss
Vou querer dar uma volta na sua A7 depois do up-grade paranaense que ela vai ganhar.
Abçs.
Marcos


Oi Marcos bastante sucesso com mais esta moto em sua coleção, tenho uma 125 02 cilindros ano 1970, pois esta na fila aguardando para ser restaurada, meu site logo entrara no ar, dai vc poderá ver as outras motinhas que adquiri nestes anos, abraços e apareça por aqui.

nome: Tarcisio Filho
(MUSEUMOTOSANTIGAS@BOL.COM.BR) Terça Feira, 24 de Junho de 2008, às 23:38:21


Olá Tarcisio,
Qualquer hora faço um "pit-stop" por aí pra ver suas "novas" motos.
Grande Abraço
Marcos Pasini


Um excelente trabalho, creio existirem poucas hoje neste estado.
Quero ouvir o ronco deste motor.
Quando for dar um ralo com o Emilio nos chama para ver.... Não se preocupe pois quando adquiri a YA7 do Emilio tomei uma anti-tetânica antes de carregar ela.

nome: Gerson Luiz Wagnitz
(gersonvendas2@hotmail.com) Quarta Feira, 25 de Junho de 2008, às 14:34:43

Olá Gerson, então eu não entendi...
Para mim o Emílio tinha comprado uma A7 aí em Curitiba para fornecer peças para a dele...
Com qual A7 ele vai "tentar" me dar um páu, então? rsss
Abçs.
Marcos Pasini


Olá Marcão, a SS ficou linda,e é uma moto que vale a pena restaurar, pois é rara e muito boa para andar.
Parabéns

nome: Edgard Bicicchi
(edg.orto@hotmail.com) Quinta Feira, 26 de Junho de 2008, às 00:20:38


A restauração da sua moto ficou muito boa.
Acompanhei a evolução através da seção passo-a-passo.
Realmente é uma maquina rara. Lembro-me da moto de um colega que parecia bastante com a sua. Só que éra monocilindrica e tinha 90 cilindradas - se não me falha a memória éra S 90 ano 1969, da mesma cor da sua.
Esse colega ficou com ela de l977 até l984. Éra gostosa de andar e tinha um desempenho bem semelhante ao das primeiras CG 125.
Parabéns. Você fez um excelente trabalho e com certeza, ajudou muitos a relembrar os bons momentos vividos nos anos 70, através da sua clássica.

nome: DEUSDETE (DAVI) OLIVEIRA
(deusdete_oliveira@globo.com) Sábado, 28 de Junho de 2008, às 18:20:53


Que maquininha linda!
Parabéns pelo trabalho.

nome: Tabajara Aparecido Jorge
(tabajara-tabinha@hotmail.com) Sexta Feira, 4 de Julho de 2008, às 13:40:38


Marcão parabens ficou realmente muito linda a pequena SS-125A, fico feliz ao vela tão bonita, este era o meu sonho quando tinha comprado.
Ficou muito melhor em tuas mãos e um trabalho impecavel.
Mais uma vez parabens
Abracos do amigo,

nome: Ricardo Simoes
(souzasimoes@uol.com.br) Sábado, 5 de Julho de 2008, às 00:30:39


Olá Marcão,
O resultado final ficou excelente, se não fosse pelo os escape eu diria que a primeira foto como Objetivo, ambas teriam ficados identicas.
Não coseguiria fazer melhor que isto.
Bem agora que ficou prontíssima vou querer dar uma voltinha Tbm, se é que tu vais deixar.
Somente depois de lhe vender que ví o quanto ela é rara, não conheço e não ví outra de igual modelo em nenhum site no Brasil, a não ser que haja alguma que estejam com donos que não se manifestam e não tenham a mínima vontade de olhar o que acontece na net.

Abraços do eterno amigo,

nome: Ricardo Simões
(souzasimoes@uol.com.br) Domingo, 6 de Julho de 2008, às 14:21:15


Gostei muito, me traz boas recordações.
Parabens.

nome: Roberto
(robertobj@oi.com.br) Sexta Feira, 18 de Julho de 2008, às 16:37:59