Test Drive
HONDA VF 750 Sabre
1983

Indice

 

Home


Em 1969, surgiu a Honda CB 750 Four, com seu fabuloso motor de quatro cilindros em linha que marcou, durante 13 anos a indústria motociclística mundial.
Alguns, porém, resistiram, acreditando num outro caminho: o do biciclíndrico em V.
Os primeiros apostavam no marketing e na potência em alta, e os segundos na originalidade e no torque em baixa.
Este jogo poderia ter continuado por muito tempo se, um dia, não tivesse surgido a idéia de se juntar o melhor de cada sistema para fazer um novo motor: o V4.


por: Marcos V. Pasini

Enquanto a década de 70 conheceu o reinado do motor de quatro cilindros em linha, na década de 80, a Honda inaugurava uma técnica jamais aplicada até então, com seu quatro cilindros em V.
Além do atrativo proporcionado pela novidade, a Honda VF 750 possuía incontestavelmente o charme do desconhecido.


Honda VF 750 Sabre

 

Por outro lado, era um exemplo da procura de uma nova orientação em termo de altas cilindradas por parte deste construtor, que foi responsável pela revolução do motor de quatro cilindros para motos.     

Mas, a Honda tinha uma ambição maior para seu V4.
De fato, tratava-se de se impor uma técnica totalmente nova, capaz senão de substituir, pelo menos de competir diretamente com as quatro cilindros em linha que, nessa época, já constituíam o topo de linha dos diversos construtores japoneses.

Por todas estas razões, a Honda VF 750 certamente foi um prenúncio de uma nova geração de motos.

A Honda VF 750 Sabre

A Honda propôs duas versões da VF 750: a Custom, e a "S" , chamada de Sabre, que é uma grande GT.
Foi esta última que pudemos testar, nesta matéria.

Comprida mas bem proporcionada, a Honda VF 750 Sabre possui uma estética realmente sedutora.
Elegante  e  discreta, a VF contou  mais com  sua  originalidade  tecnológica para   impor-se do que com um design arrojado.

Constata-se, por outro lado, que, apesar de diferente do tradicional motor em linha, a arquitetura do motor V4 não chocou a vista. 
Ele integrou-se perfeitamente ao conjunto da máquina.

A refrigeração é líquida, o que, além de proporcionar melhor arrefecimento, principalmente nos cilindros traseiros, minimiza o ruído mecânico natural do motor.


detalhes do V4 e do radiador frontal

 

Sua transmissão final é feita por intermédio de uma árvore de transmissão "eixo cardan".


transmissão final por "eixo cardan"

 

Apesar do grande porte da Sabre, ela reserva uma boa surpresa quando pesada: 244 kg com o tanque cheio, que a faz se situar dentro das mais leves da sua categoria.
Pode-se dizer que este peso é, até razoável, considerando que ela
é dotada de um conjunto de equipamentos que, geralmente, acarretaria um peso elevado.

O equipamento da Sabre está de acordo com o espírito inovador deste modelo, que foi concebido na década de 80.
A eletrônica foi amplamente usada no painel e a maioria das informações fornecidas por este são através de marcadores digitais.

Nota-se  também a presença de um dispositivo anti-roubo, constituído de um cabo envolvendo uma fibra ótica que se for cortada aciona um alarme sonoro.

Pilotando a Honda VF 750 Sabre

Liga-se o contato, um rápido aperto do botão de partida, e o motor responde rapidamente.
No painel aparecem os cristais líquidos dos marcadores digitais: nível de combustível, temperatura da água, etc.


detalhe do painel da VF 750 Sabre

 

Na janela central, entre o velocímetro e conta-giros, diversos símbolos  aparecem sucessivamente, informando do bom funcionamento das lâmpadas dianteiras e traseiras e dos níveis de água e óleo.

Na janela esquerda, o relógio/cronômetro digital continua funcionando, mesmo com o contato desligado.

Bastante silencioso, o ronco do escape tem um timbre peculiar.

Com a moto parada, algumas acelerações permitem notar de imediato a pouca inércia deste motor V4, que sobe de giros rapidamente.

O nível de óleo do motor pode ser verificado por intermédio de um visor, na lateral direita do motor.


detalhe do visor de nível de óleo do motor

 

A estabilidade em baixas velocidades é ótima, e a direção leve facilita a pilotagem no trânsito urbano ou nas pequenas estradas sinuosas.


pilotando a VF 750 Sabre

 

A posição de pilotagem é bastante confortável, com o guidão relativamente alto, e pedaleiras colocadas na posição clássica.


pedaleiras em boa posição para uma pilotagem de turismo
 

Isto proporciona uma postura ereta, agradável na cidade e em passeios descontraídos, mas que pode-se tornar cansativo acima de 120km/h, porque o tórax do piloto oferece resistência ao vento forçando-o a segurar-se no guidão para resistir a pressão.


vista superior da VF 750 S

 

Contudo, estas observações todas são secundárias, em relação ao que constitui a grande particularidade desta moto: o seu motor V4.

Este motor é simplesmente extraordinário.
È uma harmoniosa miscigenação entre um bicilindro em V e um quatro cilindros em linha: torque importante em baixas e médias rotações, potência e pouca inércia em altas.
Ou seja, beneficia-se das vantagens de ambos os tipos de motores, sem ter os respectivos defeitos.

De fato, é mais macio do que um V Twin em baixas rotações, mas continua empurrando forte até a faixa vermelha, ao modo de um quatro cilindros, que é nitidamente superior em torque nas médias rotações.
O que resulta disto é que este motor tem um comportamento totalmente particular, marcado por uma boa elasticidade de 1.500 a 10.000 rpm.

Seu cambio de 6 velocidades, tem uma relação de marchas muito bem escalonada o que faz com que sua sexta marcha seja sentida como mais uma marcha do que a uma overdrive.

A ausência quase total de vibrações proporciona um conforto realmente notável, e isto, aliado á boa qualidade do assento e maciez dos comandos, torna a moto extremamente agradável.

Sua embreagem de acionamento hidráulico, torna a pilotagem da VF750 mais macia, ainda.


detalhe do reservatório do óleo do sistema de acionamento da embreagem

 

O consumo de aproximadamente 20km/l a 90 km/h, é relativamente razoável para uma motocicleta desse porte.
Em contrapartida, a autonomia revela-se limitada, principalmente sabendo-se de que se trata de uma máquina GT ( turismo de longo alcance).

Nas curvas, as suspensões revelam uma certa dificuldade em absorver as desigualdades do piso mas, modificando-se as regulagens das suspensões, colocando um quilo de pressão de ar na frente e quatro quilos no Pro-Link, a resposta fica mais dura, melhorando a estabilidade da moto e aumentando a precisão da direção.
Por outro lado, o conforto fica penalizado e as reações secas das suspensões tornam-se rapidamente cansativas.

Com o piso em bom estado, todos estes problemas desaparecem e a VF 750 demonstra uma boa estabilidade em curvas alta.
A direção é perfeitamente neutra, proporcionando boa precisão nas trajetórias. Apenas em sucessões de “S” a moto fica um pouco pesada para ser colocada na trajetória certa.

Potentes e progressivos, os freios são bastante eficientes.
Quanto ao dispositivo anti-mergulho, revela-se eficiente se for regulado na posição mais dura.


detalhe do sistema anti-mergulho dos freios dianteiros da VF 750 Sabre

 

Percebe-se, logo, que a pilotagem esportiva não é o forte da 750 Sabre.
Precisa-se adotar um estilo de pilotagem macio e cuidadoso para explorar, ao máximo, as extraordinárias possibilidades do seu motor.

Esta moto acelera mais forte a partir de 3.000 rpm, não tem o torque em baixa de uma Ducati 900SS, mais a potência em médias rotações é nitidamente mais vigorosa do que a de um quatro cilindros em linha.

Nas sucessões de curvas, pode-se acelerar na saída e cortar a aceleração na entrada da curva seguinte, sempre usando a mesma marcha.
Isto dá a sensação de se andar tranquilamente, diferentemente da pilotagem esportiva.
Na verdade, uma outra moto enfrentaria dificuldades para superar este ritmo que, embora pouco emocionante, revela-se extremamente eficiente.

Para maior conforto, a Sabre dispõe de um porta-luvas, debaixo da rabeta, cujo acesso é feito basculando-se o banco.


acesso ao porta-luvas


sob o banco basculante se pode ter acesso, também a outros
componentes eletrônicos

 

Este V4 trouxe, realmente, algo novo, e , sem dúvida, foi considerado uma revolução em termos de motorização de motos.
Foi o primeiro V4, mas não o último, e a Honda VF 750 foi, nada mais, do que uma das  motoscicletas mais fantásticas construídas nos anos 80.
Uma máquina que marcou a história do motociclismo.


FICHA TÉCNICA
clique aqui

Esse teste foi realizada em São Paulo, SP

Nossos agradecimentos especiais ao Zuth Bueno Escobar que, gentilmente, nos cedeu a moto para o teste.

consulta: Revista MOTOSHOW nº 01 (março de 1983).

Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria

Comentários:


Nome:   E- Mail:

 


Pasini, parabéns pela reportagem.
A moto realmente é uma maravilha no que diz respeito as inovações tecnológicas.... uma legítima Clássica dos anos 80.

nome: Luiz Felipe
( luizfelipe@motodax.com.br ) Quarta Feira, 24 de Janeiro de 2007, às 09:14:24


Muito linda nao se ve mais motos como essa meus parabens pela moto que voce conserve ela sempre assim

nome: roseli semensato
( roselisemensato@yahoo.com.br ) Sábado, 27 de Janeiro de 2007, às 08:26:36


É, valeu a pena esperar um novo teste este foi fántastico,esta moto apesar de termos pouquissimos exemplares por aqui me marcou pois eu na época li na saudosa motoshow o seu teste e fiquei com a revista ao lado da cama por muito tempo.em rio preto tem desde os anos 80 uma 1000interceptor que usa a mesma base mec. da sabre e é linda azul e branca.e também devemos a ela a aparição do dragster de 2 rodas a vmax;ela sem dúvida foi o início de uma nova era.parabéns a voçes pelo teste e ao prop.da máq.que está impecavel

nome: silvio.scortecci
( silvio.scortecci@terra.com.br ) Domingo, 28 de Janeiro de 2007, às 18:47:09


Sensacional este V4.
Possuo um Interceptor 1000 com este motor e o conforto e perfeormance (principalmente em médias rotações) são inigualaveis.
Este ano na moto GP a Honda RCV212 traz de volta o V4 que já ficou imortalizado nas pistas com a RC45.
Fica a pergunta.
Por que hoje não temos mais opções em esportivas com esta configuração de motor nitidamente superior ao 4 em linha?

nome: Adonis Carreiro
( adonis.carreiro@gm.com ) Terça Feira, 30 de Janeiro de 2007, às 15:22:59


Parabens pela materia , tive o prazer em andar em uma
Ótima materia , como consultar a revista Motoshow nº1 de março de 1983.

nome: Edvaldo da Silva Machado
(machado.diamante@bol.com.br )


Muito inteira !!!
Parabéns,é realmente uma raridade.
Possuo uma VF 750 C 1983, cujo motor é o mesmo, aliás, anda que dá gosto.
Parabéns...

nome: Paulo Melara
( pramelara@gmail.com ) Segunda Feira, 5 de Fevereiro de 2007, às 12:14:39


Não sabia que tinhamos exemplares desta maravilhosa moto no pais.
Tenho também o teste da Motoshow com esta moto.

nome: Douglas S. de Souza
(comentarios@motosclassicas70.com.br ) Terça Feira, 13 de Fevereiro de 2007, às 13:16:47


Parabéns pela matéria!
Um exemplar desses esteve no último encontro aqui em Santos, na loja Troka & Troka.
As fotos vcs podem ver no meu site:
http://www.motoka.cjb.net

nome: Elio Filho
(passeiomotoka@terra.com.br ) Domingo, 18 de Fevereiro de 2007, às 16:23:51


1982. Eu (com 16 anos) estava à tiracolo do meu pai em uma longa espera por uma conexão no aeroporto Kennedy em NY. Enquanto meu pai fuçava revistas de notícias (penthouse e playboy) eu fuçava as revistas realmente importantes (Cycleworld e road&track).
Me lembro claramente do choque que me causou um anúncio de pg dupla com a Suzuki Katana e o o teste da novíssima VF 750 Magna.
Me Lembro do painel Star Wars, dos moderníssimos sulcos retos nos discos de freio e do motor V4.
Curiosamente, havia uma publicação que falava sobre os Lancia e seus maravilhosos V4.
Não pude comprar a Cycleworld porque moto era coisa de "maloqueiro", fiquei com a revista sobre os Lancia.
Chegando ao Brasil, andando de opala ou veraneio à alcool (que não ligava em dia frio) e vendo as RD 125 ou CB400II imaginei quantos anos levariam até ver uma magna no Brasil. Pois é... demorou 25 anos.

nome: kiko
(kikobarros@bol.com.br ) Sexta Feira, 23 de Fevereiro de 2007, às 10:53:06


Muito legal o teste. Tenho uma VF1000F Interceptor, ano 84 com 5.000 milhas originais. Está as suas ordens para teste também. Sou de São José do Rio Preto-sp.
Se houver interesse pode fazer o teste aqui ou eu a levo para São Paulo.
Ela está inteiramente original.

nome: Nelson de Freitas Junior
(nelson@nbalimentos.com.br ) Sábado, 24 de Fevereiro de 2007, às 23:48:58

Agradecemos a oferta.
Vamos agendar.
Abçs.
MP


Realmente fantástica estas motos 4 cilindros em "V". Tenho uma Interceptor (VF1000F) com 5.000 milhas e em estado de zero. Gostaria de oferecer para você testá-la. Caso você queira, me diga que eu enviarei fotos.
Ela é interinha original. Acredito que o Silvio Scortecci tenha visto a minha moto porque é a única de Rio Preto. Abraços.

nome: Nelson de Freitas Junior
(nelson@nbalimentos.com.br ) Sábado, 3 de Março de 2007, às 19:10:04


Adoro as motos dessa epoca. Tenho uma GPZ 750 Turbo 1984.

nome: Marcelo
(poli@twoone.com.br ) Quarta Feira, 14 de Março de 2007, às 17:09:13


Uma moto muito bonita, e para que gosta de motores em V é um prato cheio!
Achei muito legal, essas motos que a gente nem sabe que existe, muito bom mesmo.
Sou um apaixonado por motocicletas.
Grande abraço.

nome: Ivan
(amomotocicletas@terra.com.br ) Quinta Feira, 15 de Março de 2007, às 21:46:52


Isso que é classica. Não aqueles projetos de motos da decada de 60/70

nome: Abelardo
(aberlardoff@uol.com.br ) Segunda Feira, 19 de Março de 2007, às 17:27:22


Uma das piores motos que a Honda lançou, tanto que teve que ser melhorada (e muito) quando foi relançada.

nome: Tabajara A.Jorge
(miraassumpcao@terra.com.br ) Terça Feira, 20 de Março de 2007, às 17:05:23


Parabens, o site é excelente, adorei.

nome: Robsom Roberto Rezende
(rrrezende@click21.com.br ) Terça Feira, 20 de Março de 2007, às 22:59:00


Esta moto deve ser tudo isto e muito mais.
Por acaso voçê conhece a versão de 1100 cc desta moto?

nome: Marco Prini
(prini@uol.com.br ) Quarta Feira, 21 de Março de 2007, às 20:49:02

Conheço a 1100, sim. bela moto !!!
Abçs.
MP


ESCOBAR , PARABENS pela sua MOTO que é muito LINDA , e tenho certeza que voce deve dar altos passeios com ela . PARABENS nota 10

nome: Mauricio Carmona
(mauriciocarmona@terra.com.br) Quinta Feira, 10 de Maio de 2007, às 23:14:49


viajei no tempo com esta moto, realmente é linda de mais. tambem tenho varios exemplares da revista motoshow. que saudades doas anos 80

nome: aliomar grein
(aliomargrein30@hotmail.com) Sexta Feira, 11 de Maio de 2007, às 19:00:41


Bela moto cara !!! Parabéns pela conservação. Tenho uma VF 750 C, 1983, também muito rara, e o motor , assim como a transmissão, são os mesmos. Parabéns....

nome: Paulo Melara
(pramelara@gmail.com) Terça Feira, 26 de Junho de 2007, às 22:47:57


linda esta moto possuo uma honda 1000cc ano 81 impecavel gostaria de conhecer mais pessoal que tenha a mesma moto

nome: neimar caglioni
(neimarcaglioni@ibest.com.br) Sexta Feira, 21 de Setembro de 2007, às 17:11:48


muito legal a materia, tive um Interceptor 1000 tambem e era uma moto fantastica, vendi nem sei porque, acho que era a dificuldade de peças, hoje não venderia. Abraço.

nome: Mário Mesquita, RJ
(marioreina@ig.com.br) Sexta Feira, 19 de Outubro de 2007, às 11:05:32