Test Drive
SUZUKI T500
TITAN
1971

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Este teste deveria, já no ano passado, ter sido realizado, por ocasião do 3º Encontro de Motocicletas Clássicas no Alto da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.

Por outros motivos, não pude ir ao Rio na data do evento, e o teste com a T500, que o amigo e colaborador Ralf Kyllar iria nos proporcionar cedendo um de seus exemplares da “tradicional clássica”, acabou não acontecendo.


por: Marcos V. Pasini

Esse ano, porém, me programei e pude cumprir o que fora planejado no ano passado e, mais uma vez, o Ralf deu um “banho de boutique” na T500, uma vez que há um ano que ela não era ligada...

O combinado seria que eu viajasse até Duque de Caxias, RJ, e de lá fosse com a T500 até o Alto da Boa Vista para participar, pela primeira vez, do tradicional evento de motocicletas clássicas, já na 4ª edição, realizado na Cidade Maravilhosa.

E assim fiz. Chegando na hora combinada (8hs) em Duque de Caxias, aguardei apenas alguns minutos, o tempo de ir tomar um “pingado” na padaria mais próxima, para que o Ralf chegasse com sua BMW R90S e abrisse a loja para que pudéssemos pegar a T500.

Eu já estava com frio na barriga pois, desde moleque que tenho vontade andar em um modelo desses.


Suzuki T500 Titan - 1971
propriedade de Ralf Kyllar - Duque de Caxias, RJ

 


A Suzuki T500 Titan:

A primeira “Titan” que eu vi foi em 1969 na loja do “seu” Felipe Carmona, na “Esquina do Veneno”, em S.Paulo, hoje uma das revenda Honda do conhecido Grupo Remaza. Era a T500-II Titan que era comercializada na cor amarelo-cítrica metálica.
Linda !


 
 Suzuki T500-II Titan 1969

 

Desde lá não pude esquecer seu “Big-Twin” 2-Tempos, cujos cabeçotes haletados “sobravam” pelos lados da poderosa 500cc.


Detalhe dos exuberantes cilindros da Suzuki T500 Titan
Notem o pedal de partida pelo lado esquerdo

A T500 permite o intercambio de lados dos pedais de freio e cambio para atender à exportação para paises que, naquela época, tinham essa distinção de posicionamento dos pedais.

 

Interessante é que, segundo diz a lenda, motores Twins (2 cilindros idênticos em linha) de alta cilindrada (maiores ou iguais a 500cm³) e 2-Tempos, não poderiam funcionar bem.

Seja qual for o motivo desta lenda, o bi-cilindrico 2T da T500 deu muito certo, tendo sua rotação de potencia máxima nos 7000rpm e com um exuberante torque em rotações intermediárias, apesar de seu sistema de alimentação não contar com válvulas de palheta do tipo “Torque-Induction” que passariam a equipar as motocicletas Yamaha a partir da década de 70.

Pois bem, mesmo sem as ditas válvulas, o Big-Twin da Suzuki vai muito bem, despejando torque sem piedade à medida que se “torce o cabo”.

Esse motor, com acertos de diagramação de janelas e taxa de compressão, se portou bem na versão esportiva, tendo como exemplo a TR500 Daytona, uma versão da “Titan” especial de competição, desenvolvida pela Suzuki para as corridas “500 milhas de Daytona” de 1970 e 1971.


Suzuki TR500 Daytona

 

Tivemos alguns exemplares por aqui (talvez tenha sido um só...) nas mãos de Paolo e Gualtiero Tognocchi participando das 200 e 500 Milhas de Interlagos e, posteriormente, com Paulo Sérgio Castroviejo, nos campeonatos paulistas e brasileiros de moto-velocidade na categoria esporte (não tinha a categoria especial de competição para motos de 500cc no Brasil).


Paolo Tognocchi pilotando sua TR500 numeral "23" nas "200 milhas de Interlagos" de 1971.


Paulo Sérgio Castroviejo com sua TR500 já bastante "atualizada" durante o Campeonato Brasileiro de 1979.

 

Na era “GT” foi produzida a GT500 (bi-cilindrica), mas não chegou a ser comercializada no Brasil pela “Motosport” que era a importadora da marca, até 1976.

Pilotando a Suzuki T500J Titan:

Muito bem, passada a primeira emoção de ver a T500 “laranja e branca” brilhando, o Ralf dá a primeira partida e ela responde quase que imediatamente mesmo com o motor ainda frio, estabilizando-se em uma marcha-lenta digna das melhores 2-Tempos.

O Ralf logo foi avisando: -“Cuidado que ela não tem freio dianteiro!!!”

O freio a tambor é, certamente, menos eficiente que um a disco, desenvolvido para o mesmo veiculo.

Mas o “tamborzão” com acionamento “duplex” devia estar somente com as lonas novas pois depois de algumas “cutucadas” a roda dianteira já estava querendo travar.


Tambor de freio dianteiro com acionamento duplo ("Duplex")

 

O freio traseiro é competente, sendo com acionamento a cabo.


Detalhe do sistema de acionamento a cabo do freio traseiro

 

Primeira engatada, suavemente, o “Suzukão” se movimenta dócil... até os 4000rpm, quando o motor “acende” e a aceleração muda de conversa.

Se o piloto estiver distraído, ele fica...

O sistema CCI proporciona uma mistura de óleo-gasolina sem o risco de excesso, o que poderia ocasionar as temidas velas encharcadas.


Reservatório de óleo 2-Tempos do sistema CCI - patente da Suzuki

 

Fui com a T500 até o Alto da Boa Vista, seguindo o pelotão de motos que saiu da Moto-Ralf em Caxias, em ritmo bem leve, bem no “plam, plam, plam”, a menos de 2000rpm, sem fumaça excessiva e sem velas falhando.

Ocasionalmente dava uma “esticada” ou outra para sentir a saúde da T500 e o motor subia de giro “limpinho”.

A frente com suspensão convencional (molas externas cobertas por borracha-sanfonada) tem um comportamento peculiar, mais áspero e menos “sossegado” que as tipo “Cerianni”.


Detalhe da suspensão dianteira convencional - molas externas sob a borracha sanfonada

 

Mas assim era a suspensão dela nesse ano.

A suspensão traseira, bi-choque, não incomoda em curvas, exceto em ondulações fortes e buracos.

Os freios, foram bem. Depois de assentadas as lonas dianteiras, não me preocupei mais com isso.

O conforto da T500 é sob-medida para quem tem 1,70m.

Os pés do motociclista alcançam o chão, o guidão não é nem muito alto e nem muito baixo, o assento confortável mas o painel tem a leitura um pouco dificultada pelo tamanho dos instrumentos.


Vista superior da T500 - detalhe do painel

 

Seu cambio de 5 marchas é muito bem escalonado, em função da faixa de torque, mesmo que mais pronunciada a partir dos 3000rpm.

O pedal de partida, pelo lado esquerdo, dificulta um pouco ligar a moto depois de sentado.
Não precisei fazer essa manobra pois a marcha-lenta se mostrou estável durante todo trajeto dentro da cidade.

Nas curvas ela se comporta bem. Está certo que não fizemos curvas “abusadas” mas deu pra sentir que a tocada poderia ter sido um pouco mais forte que ela iria bem da mesma forma.


Foto captada durante o evento no Alto da Boa Vista

 

Colocar e retirar a T500 do cavalete central é muito tranquilo.
Ela tem uma boa maneabildade para quem tem estatura mediana, como já disse antes
.

Após o retorno à “MotoRalf”, em Duque de Caxias, eu ainda tinha disposição de rodar por muito mais tempo, tamanho o conforto que a Suzuki Titan proporciona.

Agradecemos ao Ralf ter tido o trabalho de preparar a moto e emprestá-la para que nós pudéssemos realizar este teste pelo qual aguardávamos há bastante tempo.

Valeu !!!


Ralf Kyllar, a T500 e Marcos Pasini no 4º Encontro de Motocicletas Clássicas do Rio de Janeiro - Alto da Boa Vista - 2008

 


FICHA TÉCNICA
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Comentários:


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Bela máquina parabéns ao Ralf parece que ela saiu hoje da loja, é uma puro sangue da elite dos 2t até hoje penso em uma destas que fiquei pensando muito para comprar em 79 era um modelo 71 e estava pintada de preto muito linda quando resolvi já era tinha sido vendida, sobrou o se eu tivesse ...

nome: Silvio Scortecci
(silvio.scortecci@terra.com.br) Sexta Feira, 30 de Maio de 2008, às 09:54:03


Excelente matéria, Pasini.
Ótimas fotos, e esta máquina está muito bonita mesmo, parabéns ao Ralf.
Pilotar esta moto não é para qualquer um, mesmo.
Esta moto me associa diretamente ao Paulo Sergio Castroviejo "Paulinho", que domou esta fera nas pistas. E também ao "guru" Diego que preparava este canhão, como ninguém!
Saudades daqueles dias de corrida, quando íamos para a oficina do Diego.
Me lembro até hoje do som deste motor com os escapamentos dimensionados tipo charutinho (como eram os das TZs), mas o som das TZs eram mais finos e agudos, e da TR era mais grave e potente, assustador!
Abraços,

nome: Ricardo Vieira Guimarães
(rvguimaraes@ig.com.br) Sexta Feira, 30 de Maio de 2008, às 11:40:50


Tenho algumas dúvidas. Esta moto é anterior à GT 550, correto? Ela goza das mesmas qualidades dinâmicas na condução, como maciez e ausência de vibração? Pois tive uma GT 380 e foi a moto mais macia que pilotei. Outra coisa, ela também não tem interruptor no freio dianteiro? Um grande abraço e parabéns ao Ralf pelo belo exemplar.

nome: waldir azeredo
(waldirazeredo@hotmail.com) Sexta Feira, 30 de Maio de 2008, às 16:53:45

Olá Waldir:
Esta moto é anterior à GT550.
Goza das mesmas qualidades de condução.
Não me lembro se ela tem interruptor de freio dianteiro. Não reparei nisso, infelizmente.
Abçs.
MP


Essa é linda em Ralf!
Parabéns...
Herbert
(herbertrodrigues@uol.com.br) Sábado, 31 de Maio de 2008, às 09:06:15


Andei numa T500J em l981 - eu e o dono também, a chamavamos de "TJ" 500, talvez por influência do nome "TJ" de um dos integrnates da SWAT, no seriado da TV Globo.
Grande máquina. Boas lembranças.

nome: DEUSDETE (DAVI) OLIVEIRA
(deusdete_oliveira@globo.com) Sábado, 31 de Maio de 2008, às 14:51:13


Muito boa a matéria sobre a T500 é um dos meus alvos p/ o futuro e uma verdadeira clássica dos bons tempos.
Tenho uma dúvida a seu respeito.
Lendo uma revista de motocicletas clássicas tinha uma matéria a respeito da T500 dizendo que ela chegava aos 235 km p/h.
Será isso possível em sua versão standart.

nome: Guilherme Tanure
(guilhermetanure@bol.com.br) Domingo, 1 de Junho de 2008, às 16:06:59

Não, Guilherme.
Provavelmente estavam se referindo à TR500 de competição.
Abçs.
MP


Parabéns ao Pasini pelo ensaio, e ao Ralf, por manter essa clássica em estado de Zero.

nome: Guilherme
(gs@brturbo.com.br) Segunda Feira, 2 de Junho de 2008, às 15:16:49


Tenho uma T500J verde e branca e estranhava que nos documentos constasse 1971 como ano de fabricação e modelo, já que ela tinha tudo da 1972 (lanterna traseira grande, tampas laterais com o "500" num escudo cromado, instrumentos do painel correspondentes ao modelo 72, filtro de ar, tampa do tanque de gasolina e pintura).
Pesquisando na internet, descobri que o número do chassi era realmente de 1972.
Mas passei a notar que algumas T500 constam como modelo J (1972) quando têm todas as características da R (1971) e vice-versa. Estranho, não?
A do Ralf tem tudo da 1971, exceto a pintura, que é uma das duas cores disponíveis no modelo J. Portanto, é uma T500R (e das boas!).

nome: Antonio Cesar Scopel
(scopel@bol.com.br) Terça Feira, 10 de Junho de 2008, às 13:17:24

Interessante Scopel... Essa eu não sabia. Vou perguntar ao Ralf...
E aquelas 1968 ou 1969 que eram monocromáticas na cor amarelo-citrico-metálico ou coisa assim?
Eram T500R ou T500J? Ou simplesmente "Titan", que é o que estava escrito nas laterais?
Essas motos eu via no Felipe Carmona em 1969.
Agradeço a informação.
Grande Abraço
Marcos Pasini


Olá, Pasini!
Em 1968, a Suzuki lançou a T500 Cobra; em 69, a T500II Titan (que tinha o entre-eixos maior, tanque diferente, mas com o mesmo quadro , suspensões e motor)
Essa é a amarelo-cítrico a qual você se refere -; em 70, chamou-se T500III Titan; em 71, T500R; em 72, T500J (a mais linda de todas!!); em 73, T500K; em 74, T500L e em 75, T500M - a derradeira.
Olha um site bem bacana (entre muitos outros):
http://www.suzukicycles.org/T-series/T500_models.shtml

Um abraço!

nome: Antonio Cesar Scopel
(scopel@bol.com.br) Quarta Feira, 11 de Junho de 2008, às 13:34:45

Obrigado pela dica, Scopel !
Na realidade a moto que eu vi na loja do "seu" Felipe (e já coloquei uma foto na matéria) foi a T500-II 1969, mesmo porque isso foi em 69.
Pesquisando neste site que você nos indicou, deduzi que  a moto do Ralf, pelo visual, é uma 72 com as laterais da 71, ou seja, provavelmente, é mesmo uma "J".
Já corrigi na matéria.
Obrigado pela ajuda.
Abçs.
Marcos Pasini


BACANA O TESTE COM A "T 500".
PARABÉNS AO RALF PELO BELO EXEMPLAR CEDIDO PARA O TESTE.
VALEU. SAUDAÇÕES A TODOS.

nome: ORLANDO MAX OLSEN
(orlandoomo@hotmail.com) Quarta Feira, 11 de Junho de 2008, às 18:11:26


Oi, Pasini!
Sem querer parecer chato, devo insistir que a T500 do Ralf é modelo R (1971), porque: o "500" das leterais é da '71m, o painel é da '71 (na '72 a luz indicadora de farol alto é vermelha e no centro, não azul na esquerda do conta-giros), a lanterna traseira é dos modelos até 71 (a da 72 é maior e com olhos-de-gato laranja nos lados), o filtro de ar (cuja caixa e dutos que vão até os carburadores dá para ver por baixo da tampa lateral esquerda - conforme a foto da matéria) são dos modelos até 71.
Minha única dúvida é quanto a tampa do tanque de gasolina, cuja chave lateral eu não sei se é da T500 ou de outra moto.
Mas isso são só detalhes.
A moto e a matéria estão excelentes!

Um abração!
Scopel
(scopel@bol.com.br) Quinta Feira, 12 de Junho de 2008, às 14:26:30

Olá Scopel
Sempre é tempo de aprender. Realmente o Ralf afirma que a moto é 71 (já corrigi, de novo) porém, como acontece muito nas restaurações, às vezes, por falta de oferta ou de opção, são montadas peças de motos 1 ou 2 anos mais novas ou uma pintura que o proprietário ache mais bonita, daí acontecem as confusões.
O "J" foi colocado por minha conta, em função da pintura do tanque.
O importante, mesmo, foi pilotar uma moto que, a despeito de estar com uma pintura da 72 (mais bonita que a da 71, na minha opinião) está em perfeitas condições e restaurada com extremo capricho.
Parabéns ao Ralf, novamente, pela sua T500R/J e obrigado a você pela aula de T500 que recebemos e pela dica do site.

Abração
Marcos Pasini


Bella ben restaurata ! vedi anche il mio sito internet http://web.ticino.com/maurizioch/

nome: Maurizio
(trenta3@sunrise.ch) Quinta Feira, 21 de Agosto de 2008, às 12:54:13