Uma voltinha complicada !
No ano de 1979 eu estava com 15 anos, e passei por uma experiência que nunca mais esqueci.Morador do bairro do Brás SP, numa Sexta-feira estava com uma Yamaha RD50 que havia pego de um conhecido para fazer pequenos reparos (não que eu soubesse arrumar).
Junto com dois amigos, o João que tinha uma ML125, e o Zé Luis que tinha uma RD75, resolvemos ir até a cidade universitária na Praça do relógio onde pretendiamos assistir os pegas das grandes cilindradas.
Após chegarmos e não ter passado nem 15 min apareceu um monte de carros de polícia, foi o bastante pra que nos evaporacemos de lá, mas na confusão só eu e o Zé ficamos juntos, resolvemos voltar subindo a Av Cidade Jardim, Av Europa e R Augusta, ao passarmos pela Augusta e Paulista fomos perseguidos por um bem-te-vi com uma Honda 350 ( toda branca,lembram), na tentativa de fuga eu fiquei preso entre dois carros e um maldito ônibus elétrico, foi ai que vi o Zé passar pela direita e o bem-te-vi atrás dele (azulando), eu no desespero tentava puxar a moto pra trás e fugir, quando olhei pra frente o bem-te-vi estava segurando o guidom e mandando eu desligar a moto, me pediu os documentos e é claro que eu como bom adolescente não tinha nem os meus, quem dirá os da moto.
Após ele e outros Pms terem parado mais um montão de motos, nós todos, os menores, cerca de 9 fomos encaminhados para o 4º DP Consolação, lá pelas 3:00hs da manhã fomos convidados a entrar em dois camburões pois iriamos conhecer as suntuosas instalações do complexo Tatuapé da Febem, claro que tentamos não aceitar o convite, mas o Delegado foi digamos, um tanto quanto convincente, e aceitamos, a essa altura eu já me sentia responsável pela ditadura no Brasil.
Na viatura fizemos um pacto, um ajudaria na segurança do outro.
Chegamos e fomos logo orientados a cuidar da higiene pessoal ou seja tomar banho gelado e vestir os trapos que nos deram, fomos enviados aos nossos aposentos e as 7:00hs acordados e levados para o pátio onde ficamos no aguardo de nossos resgates (cada minuto levava 1 hora pra passar), por volta de 10:30hs fui levado para uma sala onde um Inspetor e meu Pai (roxo de vergonha e um tanto nervoso) me aguardavam, após mais uma dura daquelas fomos liberados.
Moral da história, nunca mais andei sem habilitação e sem documentos e nunca mais tomei banho gelado "a gripe foi das boas".
Marcelo R. Collalto
São Paulo - SP