Yamaha RD350 air cooler o mito continua...

 

Depois de ler a seção sua opinião o comentário do internauta de Sorocaba, sobre se há fora do Brasil rivalidade e mitos quanto a RD350 air cooler, resolvi me manifestar.

Na índia a Yamaha RD350 chamada de Radjoot é muito cultuada e tem uma grande legião de fans.

Foi à moto mais potente já fabricada na Índia, é claro que também por lá muitas vidas foram ceifadas com esta moto que ficou conhecida como Yamdoot que em sânscrito que dizer God of Death (Deus da Morte). 

A grande maioria dos Indianos que curtem motocicletas são simplesmente loucos pela RD350, e segundo eles a moto é tão respeitada quantos os elefantes.

Mesmo sabendo que a RADJOOT é uma moto perigosa que ultrapassa os 180 km pesa 140 kg acelera de 0 a 100 em apenas 5 segundos, e tem freios ineficientes e que é a moto que mais matou gente pelo mundo!

Então todo este misticismo faz a moto ser muito cultuada e venerada na Índia até hoje.

Já no USA a Yamaha RD350 air cooler ficou conhecida como a Matadora de Gigantes.

O cartaz faz alusão aos proprietários da Honda CB750 Four.

O cartaz diz o seguinte, imagine a cara do homem ao bar com uma imponente moto de 750cc e 4 cilindros (refere-se a Honda CB750K) e acelerar em uma estrada sentindo o vento no rosto sentido-se muito feliz e gritando gloria!!!

E de repente é ultrapassado por uma moto de apenas 350cc e 2 cilindros que passa como um míssil por ele e desaparece na sua frente como um fantasma.

E a humilhação de centenas de proprietários de 750cc ao verem as 350cc Yamaha vencer em vários países do mundo.

Realmente era hilário na minha época de adolescente, os Mauricinhos que eram bons alunos, verdadeiros "CDF" ganhavam de presente do papai no natal uma CB750 Four... estes Mauricinhos usavam tênis All Star, perfume Lancaster, calças Lee e camisa de frufru e é claro Gumex no cabelo. E pegavam as meninas nas festas para namorar e depois levar em casa, na garupa das suas imponentes CB750 Four.

Nós os rebeldes, tirávamos notas baixas na escola, tomávamos porrada do pai, e trabalhavamos para comprar nossas próprias motos. Yamaha RD350A é claro. Roubavamos gasolina (porque éramos duros) usavamos calça US Top, camisa Hang-teng, tênis Ki-chute, perfume conturê, e nada no cabelo porque eram compridos e esvoaçados. E ficavamos na esquina esperando os Mauricinhos deixarem as garotas em casa.

Logo após eles saírem, saíamos em perseguição implacável (rsrsrsrs) acelerando igual a loucos, cortando pela direita e jogando muita fumaça na cara deles... Até que eles não aguentavam a aceleravam sua paquidérmianas CB750 Four, isso na subida do Alto da Boa Vista sentido Barra.

O pau literalmente quebrava porque as CB750 são ruins de curva e muito pesadas e sempre um ou outro ralava a cara na famosa curva do bandolim. Muitos se quebraram nessa curva, inclusive muitas RDs.

A escolha do Alto da Boa Vista para se fazer o evento de clássicas do Rio foi verdadeiramente fantástica, porque 90% da rivalidade entre a CB750K e RD350A aconteceu principalmente no alto da Boa Vista.

Ver a cara dos Mauricinhos com suas imponentes e caríssimas CB750K tomarem pau de uma moto com menos da metade da cilindrada e que custava menos da metade do que custava uma 750K isso não tinha preço.

Quando andavamos pela orla de Copacabana e Ipanema e ao longe víamos no sinal de trânsito uma CB750, já era motivo para emparelhar e acelerar... É claro que de final a CB750 anda mais, mas o fato é que nunca davamos chance de acelerar em uma reta muito longa e todas as merdas aconteciam dentro da cidade, e principalmente em retas curtas e curvas.

Eu me considero um sobrevivente... mais de 90% dos meus amigos da década de70 já morreu, a grande parte deles morreu com a RD350 (A Viúva Negra). Boa parte morreu com idade entre 16 e 18 anos. A fama de assassina crescia cada vez mais, o fato é que não tinhamos juízo, não usavamos capacete e aceleravamos como loucos.

Durante o encontro de clássicas do Alto da Boa Vista, que aconteceu agora no dia 16 de maio de 2010, resolvi fazer uma coisa que não fazia há mais de 20 anos. Descer o alto da Boa Vista sentido Barra com minha Viúva Negra. Confesso que foi uma mistura de satisfação e medo. O asfalto não está lá grande coisa e quando percebi já estava fazendo curvas arrastando a ponta do descanso no chão.

É o diabo atentando... então caí em mim e vi a merda que estava prestes a acontecer...

Hoje tenho 46 anos e confesso que acelero minha Yamaha RD350A 1974, A Viúva Negra, com muito respeito.

É claro que ela não é páreo para as motos de 750cc de hoje, mas durante 10 anos ela não teve concorrentes, CBs, GTs todas tomavam poeira das RDs, ou melhor, fumaça rsrsrsr...

Uma coisa que lembrei agora adorávamos sacanear os Hondeiros e criamos um significado para a Sigla YAMAHA...

Yamaha

Amansada

Mantém

A

Honda

Atrás

Que maravilha é a internet, nunca poderíamos imaginar que 34 anos depois seria possível contar nossa historia com a moto mais mística que já existiu para milhões de pessoas pelo mundo afora!

E viva o Motos Clássicas 70 o melhor site de clássicas do Brasil.

Abraços fumacentos a todos!

Robson Prudente
Angra dos Reis - RJ
robsonmsp@gmail.com