Passo-a-Passo
NORTON ES2
1948

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por: Haroldo
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Há muito tempo tenho estava de olho em uma Norton ES2.
Já tinha andado varias vezes em umas do meu amigo Justiniano e sempre achei muito prazerosa de pilotar.

Não seria muito difícil achar uma dentre as motos anteriores a 1960, fora a Jawa, acho que é a moto que veio mais para o Brasil e tendo um bom projeto muitas sobraram até hoje.

Guardei um dinheiro e fiquei esperando a oportunidade aparecer.

As origens da fabrica:

Em 1869 nasce em Birminghan na Inglaterra James Lensdowne Norton, de uma família muito religiosa seu pai era  escultor de gabinetes e púlpitos para Igreja.

Norton (filho) era um talento prodígio na mecânica aos 12 anos fez um motor estacionário a vapor, infelizmente visava mais à perfeição técnica do que o dinheiro e sua saúde também não eram das melhores.

Em 1898 abriu sua empresa, fabricava inicialmente correntes de transmissão entre outras coisas geralmente voltadas para o transporte.

No inicio de 1902 começou a fabricar chassis para outro empreendedor Charles Hiley Garrard, Charles colocava nestes chassis um motor Clemente considerado o melhor da época com 160cc que rendia 1 HP a 1100 RPM a moto atingia 20 mph, (32 Km/h) hoje estes números parecem ridículos mas na época o limite de velocidade na Inglaterra era 12 mph.

Em novembro do mesmo ano Norton lança a primeira propaganda da sua própria moto chamada Energette, feita na mesma base da moto de Garrard só que com mais altura do solo.

A propaganda dizia “Apropriada para negócios, turismo e corridas.”

Posteriormente suas motos foram apelidadas de Ferrets (o animal furão).


PA Norton (como era chamado)


Energette 1902.

A Clement não fabricava motores de alta cilindrada e Norton estava interessado nas corridas, adotando em 1906 um motor Peugeot com 2 cilindros em V de 1490 cc que rendia 4 ½ hp, pesando apenas 50Kg, uma super esportiva para a época.

No mesmo ano em Birminghan no MCC’s Hill Climb (corrida de subida de montanha) ganha o quarto, quinto e sexto lugar com sua Norton/Peugeot, em 1907 ganha o primeiro TT na Ilha de Man, este foi o começo de uma historia repleta de vitórias.


Norton/Peugeot vencedora do TT de 1907


A mesma moto em 2007 restaurada para comemorar os 100 anos do TT, correu com a segunda colocada de 1907 e ganhou novamente, confirmação após 100 anos

As origens da ES2:

Em 1909 Norton projeta uma moto 1 cilindro 660 cc válvulas laterais chamada de Mod 1 conhecida posteriormente como Big Four em homenagem aos quatro cabeças da vitória aliada na primeira guerra.

Em 1922 é fabricada experimentalmente a primeira moto com válvulas na cabeça que será conhecida como Mod. 18.

Em 1924 morre com apenas 56 anos PA Norton.

Em 1926 entra em linha a Mod. 19 com 588cc e válvulas na cabeça.

Em 1926/27 sai o primeiro motor com comando de válvulas na cabeça e a Mod. 18 tem o chassi modificado, esta é a ES2.

Muitos falam que ES2 significa significa Enclosed Valve 2 (a mod. 18 é a 1) por causa das válvulas fechadas no cabeçote outros pela molas traseiras do quadro cobertas, na verdade as molas do cabeçote só foram fechadas em 1938 e as do quadro só apareceram depois da 2º guerra.

O que parece mais correto é que ES2 significa Extra cost end Sport 2 (a 1 é a mod. 18).

A minha ES2:

Em fins de 94 o Alexandre Mello me falou que havia comprado uma ES2, e que seu pai havia tido uma destas agora ia restaurar a maquina, na hora pensei, “Preciso achar uma também.”

Tempos depois encontrei o Alexandre na General Osório perguntei sobre a Norton, ele falou que havia andado com a moto e não tinha gostado, talvez venderia, perguntei o preço e depois de alguns acertos ficaria com a moto.

Marcamos um dia para eu ver a moto que estava no Zucone, ao ver a moto gostei estava bem completa mas ruim de acabamento, fechei o negocio.


O Alexandre, eu e a Norton chegando em casa


Na garagem, deixei a Norton Es2 olhando a minha Norton Comando (que já estava pronta), assim a velhinha podia ver o seu futuro

 O inicio:

Quando restaurei a Norton Commando fiz tudo sozinho, infelizmente pela falta de tempo desta vez não poderia ser assim alem das dificuldades do processo, teria que lidar com o ser humano e como nem todos são bons em tudo e o potencial das pessoas varia com a situação que estão vivendo, decidi usar o melhor que cada um podia dar para no final o melhor resultado, sempre com a paciência de um monge budista.

Primeiro comprei os manuais, livros fui recolhendo informações na Internet sobre a moto, li muito.

Cada foto que eu via trazia diferenças nos padrões de fabrica (peças que eram cromadas, peças pretas, filetagem do tanque etc.), foi ai que vi um anuncio no Ebay de uma pagina de revista de 1948 que tinha a propaganda da minha moto, comprei a pagina e usei como padrão para a restauração.


Propaganda da Norton ES2 1948

Um dia passei pela garagem e tirei o tanque para dar uma olhada no quadro no outro desmontei a moto toda, havia chegado a hora mais ou menos em março de 2005.


Quadro e algumas latas.


Tanques, Zé Brequinho (girabrequim) etc..


Rodas e partes do motor

01º parte do trabalho externo.

Iniciei o trabalho com a funilaria que foi a parte mais fácil devido à capacidade técnica e ao profissionalismo do meu amigo Butina.


O tanque estava amassado podre e eu encarei um desafio enorme, cromar o tanque como era originalmente


Funilaria pronta em 12/2005 já havia passado um ano

02º parte do trabalho externo.

Pintura em epox do quadro e partes internas sujeitas a pancadas, mesmo não sendo o padrão da época o epox vai muito bem nestas partes.

 


Quadro

03º parte do trabalho externo

Pintura das outras partes e cromo do tanque.

Desta vez escolhi o Jéferson que alem de bom amigo é ótimo na pintura, só não me atentei que ele estava passando por uma fase terrível com a filha gravemente doente o que acabou causando a demora de mais  de um ano para a finalização, com tudo isso à pintura ficou ótima, o trabalho de cromo e pintura do tanque me deixou muito satisfeito.

Ai fiz uma concessão a modernidade pedindo verniz nas peças.

È bom lembrar que na oficina do Jéferson havia algumas motos a venda em especial uma Norton mod 18 (que na verdade era uma 16h) e uma Vincent Comet 500, mas isso é assunto para outra reforma...


Algumas latas pintadas


O tanque pronto


Filetagem das rodas

04º parte do trabalho externo.

Para a pré-montagem e reparo da mecânica foi a vez do Luiz Carballo.


 


Na oficina do Luiz


Lá em casa, agora só faltava funcionar e afinar, más já esta charmosa


Olhe depois da a Norton ES2 a Norton 16h que estava no Jéferson, mais para frente a traseira da Vincent

05º parte do trabalho externo.

Para funcionar o motor, reparar as bengalas e afinar o carburador e embreagem foi a vez do Junior.


Em uma das visitas ao Junior.


A Norton e o Feliz proprietário.

A entrega em casa um dia antes do fim de ano do Motos Clássicas 70.