Passo-a-Passo
YAMAHA DS5E 250
1967

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por: Marcos V.Pasini
 mpasini@terra.com.br

A Yamaha DS5E 250, foi uma moto que me marcou muito.

Primeiramente, quando a vi com o "seu"Edgard Soares, em Itanhaém, SP, no ano de 1969 e, posteriormente, em 1972 ou 1973, quando um amigo meu, o Edinho, comprou uma dessas e eu, ocasionalmente, fazia as revisões nela aproveitando para dar umas voltas e matar minha vontade.

Nessa época, ela foi vista algumas vezes na novela da Globo, "Assim na terra como no céu", quando o ator Carlos Vereza fez um lindo monólogo ao lado de um exemplar desses contracenando com  Osmar Prado, onde ele falava sobre sua experiência pilotando a DS5E pela Rio-Santos, na época, ainda, em construção onde o ator relacionava o aumento da velocidade com a proximidade do limite total do homem, atingindo a marca de 200km/h (claro que isso fica por conta do texto).

A negociação com essa moto, envolveu a troca com uma Yamaha F5B, que eu tinha desistido de restaurar por problema de disponibilidade de tempo mas, em se tratando de uma DS5E, fui tentado a trocar para poder guardar essa jóia e prosseguir em sua restauração paulatinamente, para não estressar...

A pessoa que me vendeu, o Mauro, comprou essa moto de um mecânico que já tinha "jogado a toalha" e não quis começar a restauração devido às dificuldades que enfrentaria. 
E estava certo. 
Tem muita coisa  a ser feita...

Vamos nessa !!!


objetivo

 

05/03/2006:

Tenho ficado atento para achar algum modelo desses mas, tive conhecimento de três exemplares, já devidamente alocados com seus proprietários, o que tornava inviável sua aquisição...

Deixei a coisa rolar até que "apareceu" essa DS5E.

Ela precisa de muito trabalho mas, isso sendo feito com parcimônia (coisa que eu não tenho praticado em eventos anteriores), o sucesso, certamente será atingido.

Mauro Pimentel, antigo proprietário dessa DS5E, fez negócio comigo e, se prontificou a traze-la a Santos, nesse fim-de-semana.


fotos da DS5E ainda em Paulínia, SP

 

Eu e o Eládio (Troka&Troka) ficamos, no sábado, aguardando a chegada da caravana, que veio de Paulínia, interior de SP, para trazer a moto e levar a outra (Yamaha F5B) que eu coloquei na troca.


chegada em Santos - na foto, da esquerda para direita Mario Pimentel e eu.


detalhe da Yamaha DS5E 1967 - bastante trabalho pela frente


já nas dependências da Troka&Troka, onde ela deverá ser restaurada

 


08/04/2006:

Inicialmente, pensei em deixar essa moto na fila de prioridades, afinal, precisaria terminar outras motos antes de começar essa.

Na semana seguinte que fiz o negócio, telefonei para meu amigo Eládio da "Troka&Troka" onde costumo deixar minhas motos, e ele me veio com a notícia bombástica:
- "Abrimos seu motor !!!"
Ele e o Dorival parece que não resistem em fuçar nesses achados...

Muito bem, já que a coisa começou vamos prosseguir (bem devagar, espero).

O Eládio tem razão em querer fazer, pelo menos, um diagnóstico inicial, para saber o que falta, o que está bom e o que dá para restaurar.

O motor foi aberto e lavado pois, após 19 anos parada (provavelmente com o motor aberto), tinha de tudo dentro do cambio, cárter, etc...

Parece que o antigo dono conseguiu fazer tudo de errado com esse motor que, aparentemente, foi pouco rodado pois os carburadores e transmissão estão em excelente estado.

Parece mais coisa de "mecânico curioso" ou sem experiência nessas máquinas pois tem "detalhes" que eu não quero nem comentar.
Mas para tudo tem jeito.


detalhe dos sistema "dinostart" de partida elétrica


sistema de trambulador bem diferente do usual


sistema de trambulador - 02


sistema de trambulador - 03


sujeira de 19 anos...


detalhe do virabrequim bi-partido


cilindros "descamisados", literalmente...
não entendi qual foi o plano do "mecânico", que retirou as camisas e parou por aí...

 


20/04/2006:

Peças lavadas a querosene e com uma cópia do "Parts-List" na mão, começamos a verificar o que falta e o que deve ser restaurado.


"display" do motor já devidamente lavado com querosene


"display" do conjunto virabrequim, comparando-se com a vista explodida
do "Parts-List"

 

Coincidentemente, o Eládio da T&T e o Ralf, da  Moto-Ralf, descobriram quase que simultaneamente que as bielas da Yamaha DT180 Nacional, tinham o mesmo comprimento das da DS5E, tendo-se que, apenas, ajustar o pino do virabrequim para que os da DT180 se ajustem nas "bolachas" do virabrequim da DS5E.

Fica aí uma dica para quem quer "fazer a parte de baixo" desse motor minimizando, um pouco, os custos, usufruindo, ainda, de um super-dimensionamento do sistema, sem aumento de massa.


comparativo das bielas: à esquerda da DS5E e à direita da DT180
notem a diferença de massa, considerando-se que a biela da DT180cc deve
ser "mais dimensionada" que as bielas da DS5E 250cc (125cc cada)


estudo dimensional das bielas

 

Nosso amigo internauta de Porto Alegre, RS, o Álvaro Marquardt, também proprietário de uma das poucas DS5E que existem no Brasil, me forneceu fotos e croquis dos pistões, os quais, ainda, não tenho (a moto veio sem pistões e sem camisa...).

Com essas informações pude gerar um croquis mais detalhado para, caso não ache os pistões originais, poder procurar similares ou fabricá-los.


croquis original, fornecido pelo Álvaro Marquardt


fotos do pistão da DS5E nos quatro ângulos, fornecidas por Âlvaro
Marquardt


croquis desenvolvido a partir das informações originais

 


22/12/2006:

O assunto relativo aos pistões originais da Yamaha DS5E está, ainda, um pouco confuso pois, examinando a parte interna dos cilindros e camisas, notamos que existe uma canaleta rasa dupla, simétrica, ao lado da janela de admissão, que me foi explicado, pelo Ralf Kyllar, da Moto-Ralf, ser para acelerar a transferência da mistura do cárter à câmara de combustão.


detalhe da parte interna do cilindro esquerdo, sem camisa
notem as canaletas rasas ao lado da janela de admissão

Nos pistões do nosso internauta Álvaro Marquardt, notamos a janela entre as saias dos pistões, com uma extensão maior que em outros pistões, o que se pode explicar ser para interagir com essas janelas extras.


fotos do pistão da DS5E, fornecidas por Álvaro Marquardt
notem o recorte exagerado das saias.

 

Pesquisando sobre o assunto, descobri que os pistões da moto irmã dela, a YM2 305, que foi exportada, em sua maioria, para os EUA, tem, atrás do furo do pino do pistão, duas janelas vazadas, simétricas, que casam com as janelas rasas do cilindros.

Mais tarde descobrimos que as Yamaha CS2E 180cc e as CS3E/CS5E 200cc também tem essa característica.

E como fica a DS5E??? Ninguém conseguiu me explicar.

Procurando na Oficina Macedônio, em Santos, pistões para a CS3E de um amigo, descobrimos um jogo de pistões com a exata medida da DS5E e com as janelas extras vazadas, conforme as 305cc.

Só que as 305cc não vieram para o Brasil, pelo menos, não o suficiente para serem importados pistões sobressalentes.

Deduzimos, então, que existem duas versões de DS5E.
Uma com as transferências mais abaixo, pela janela entre as saias do pistão, para dar mais torque e outra com as janelas mais altas, nos pistões, ao lado do furo do pino, para mais potencia.

Ainda não temos certeza dessa afirmação, mas continuamos, o Álvaro Marquardt e eu, a pesquisar esse assunto.


fotos do pistão da DS5E, localizados na Oficina Macedônio, em Santos
notem a janela atrás do furo do pino.


conjunto pistões e cilindros
(os pistões estão colocados, para a foto, no sentido inverso)