Passo-a-Passo
YAMAHA RD350 B
1975

Indice Passo-a-Passo

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por: Fernando Glufke
BH-MG

 fglufke@gmail.com

Saudações à todos!

Esta seção Passo-a-Passo deveria na verdade se chamar HEROÍNAS e HERÓIS.

Explico: HEROÍNAS, pois depois de se ir a fundo na restauração de uma moto, não é difícil concluir o quanto estas motos são guerreiras por terem atravessado décadas de uso por seus donos e ainda por cima terem sobrevivido à total dificuldade (para não dizer a total falta na maioria das vezes) de peças para mantê-las com as mesmas características com que vieram ao mundo.

Se associarmos isto ao fato de que na maioria das vezes estes nobres e pobres veículos caíam nas mãos de "mechanicos" e oficinas "Lábios de Suínos" que, por ignorância e ou má fé faziam reparos no mínimo duvidosos do ponto de vista técnico, não ficando portanto mais dúvidas quanto a resistência das mesmas.

Tudo isto em alguns casos com a conivência dos maus donos que só queriam saber de acelerar sem gastar um tostão.

Lógico que há o outro lado da moeda, com profissionais sérios e comprometidos, o que fazem deles peças cada vez mais raras no mercado.

E, HERÓIS são todos aqueles que se predispõe a quebrar a cabeça para exatamente montar este quebra-cabeças cheio de peças faltantes e muitas vezes desafiando os limites da paciência com toda a rede de prestadores de serviços do processo.

Ah, e por último, que ninguém ouse negar, para encarar uma empreitada para-lama a para-lama, é imprescindível um traço sadomasoquista e onde o sofrimento, as longas esperas se tornam prazer....

Ah, e, é claro, dividem sua história e os resultados obtidos no site.

No meu caso, era final de 2007 quando vi um anuncio no Jornal Balcão aqui de BH deste meu sonho de consumo adormecido por mais de 20 anos.

Ela mesmo, a viúva, a RD350.
Para mim sempre simbolizou o referencial de uma época e agora estava a um passo de resgatá-la na memória

Só não era perfeita pois não era AZUL como a a que a parece no site MC70.

Depois de ir vê-la 2 vezes, o coração falou mais alto que a razão e me abracei.
Fazia tempo que estava parada.
Muita sujeira no tanque e outras coisas mais a fazer, mas até então para mim ela era o mais belo exemplar que poderia ter imaginado.

Antes de levá-la para casa, meu destino cruzou com um "mechanico" que fez algumas coisas e antes de ir para casa questionei sobre a corrente que estava pouco esticada e este me garantiu que "não havia problema".

A 200 metros depois de sair, numa curva ao desacelerar, a roda traseira trava, quase beijo o chão e ao descer da moto, estava lá a corrente toda embolada na coroa, parecendo mais um novelo de lã.
Mas, nada que a empolgação não cure.
Volta a moto para onde estava e depois de uma semana, pego-a novamente só que sem lenta e pipocando muito.

Mas, a empolgação ainda falava mais alto.
Uma semana depois numa bela manhã de domingo me preparo para a volta inaugural "oficial" da moto e ao parar no posto para encher o tanque, durante o abastecimento, começa a pingar gasolina no meu pé esquerdo sem parar.
Era a torneira de combustível, cujo reparo devia ter ido para o saco.
Volto rápido para casa rezando para que nenhum fumante jogue pela janela do carro algum toco de cigarro acesso em minha direção pois senão, seria aquela festa.

Estacionando a moto, decidi optar por uma reflexão, um quase "retiro espiritual" para responder as minhas questões sem respostas naquele momento, tipo: "onde errei?", "será que fiz uma cagada monumental"?, "será que estou sendo exigente demais"? e assim por diante.

A idéia de que a moto refletia o que mostra a foto, estava começando a desmoronar...
Mas (sempre tem um mas), precisava parar para encontrar um caminho, o que na realidade foi feito e fica para o próximo capítulo.

Aguardem


 


Parte II

Pois bem, com um atraso maior que o desejado, continua aqui mais um capítulo.

Como já havia restaurado um carro antigo, após desmontá-lo todo praticamente sozinho e como não tinha dinheiro para pagar alguém que fizesse tudo, não me restou outra opção a não ser ir levando os conjuntos aos poucos nas mãos dos melhores profissionais.

Do ponto de vista do tempo, foi f..., digo difícil, porem do ponto de vista do resultado final, ficou excelente.

Com a RD, resolvi inverter, inovar, fazer diferente. Pensei cá comigo:

pago para alguém fazer a moto de cabo a rabo sem com isto ter que me preocupar, perder tempo e etc.

Assim, depois de algumas pesquisas e contatos embarco a moto para muuuiiitooooo longe de Belo Horizonte na esperança de algum tempo depois, pegar um avião só com um capacete na mochila para ir buscá-la.

Infelizmente não foi bem assim.

As coisas não andaram como o previsto e foi um período difícil pois o que era para dar prazer, estava dando é muito aborrecimento pois simplesmente as coisas não funcionaram.

Eis que não me restou outra atitude, a não ser no fim do primeiro trimestre deste ano pegar o carro, viajar mmmuuuuiiiitooooo e buscar a moto (ou o que sobrou dela) e as peças que até então havia obtido por ebay e que já haviam sido também enviadas.

Após o retorno, seguem aí as fotos do que era a RD naquele momento.

Caixas e mais caixas de peças, parafusos, fios e etc.

Lição nr. 1 - não entregue seu sonho inteiro na mão de terceiros;
Lição nr. 2 - muito menos entregue-o a uma distancia maior do que 50 km da sua casa (gasolina é cara, o tempo, nem se fala, muito mais ainda);
Lição nr. 3 - se você não seguiu (e não seguir) as lições nr. 1 e nr. 2 e ainda assim seu coração bate forte e suas pupilas dilatam quando você pensa no assunto e consegue se projetar no futuro com o sonho realizado, então arregace as mangas e bom trabalho.

Hein? Como é que é mesmo ?

Mais detalhes no próximo capítulo.


 


09/10/2010:

Parte III

Recomeçando a restauração partindo do estágio da moto toda desmontada, a primeira ação valeu cada centavo: a compra do manual de peças e o manual de serviços da moto via e-bay.

A princípio, o manual de peças foi até mais importante, pois pela riqueza de detalhes com suas vistas explodidas, permitiu ao menos separar peças e parafusos por conjuntos, o que já foi um grande passo.

Mãos á obra: optei por jatear o quadro e peças do motor que receberiam pintura.
Sem dúvida alguma,  o jato de areia é fonte de possíveis riscos de danificar as peças, porem com uma boa orientação ao profissional (consciente e sensato de preferência) que executa o serviço e acompanhando o resultado, não há como dar errado.
Gosto muito da eficiência do jato em remover sujeiras e até imperfeições, alem de deixar pronto para a pintura ter a máxima aderência e resistência.

Depois passamos para a pintura onde  foi usado um fundo fosfatizante, preto vinílico e a tinta PU para o quadro e apêndices como cavalete, encosto lateral, mesas direção, balança e etc.. (no caso, peças cor preto brilhante).
Para o motor, somente preto vinílico para deixar o acabamento com aquele tom semi-fosco.
Particularmente preferi não dar o fundo com primer pois qualquer lascado ou arranhão na tinta de cor preta, fica muito mais evidenciado com um fundo mais claro.

Paralelamente a isto, começava a caça de peças nos e-bays mundo afora já visando a montagem dos conjuntos para depois "pendurar" tudo no quadro e partir para montagem final.
Duas peças aqui valeram muito a pena pois na minha opinião são o cartão de visitas de qualquer  moto: o tanque original NOS (que veio de Singapura) e o banco bastante novo (veio dos EUA) que nas fotos já aparece restaurado, mas que tinha a capa perfeita e a espuma bastante firme.
Foi basicamente desmontar, jatear a base, pintar, zincar parafusos e remontar.

Portanto, é só seguir as fotos que basicamente mostram esta etapa.

Quanto ao tanque, a historia é tão comprida que daria um capitulo a parte.
Mas, voltarei a ele (ao tanque) no futuro e vocês vão entender o porque.

Na próxima etapa, a moto começa a ser levantada.