Motos Clássicas 70
Teste do Mês
MV Agusta 250cc
por: Marcos V. Pasini
MV Agusta 250cc 1970Desde que comecei a tomar contacto com o motociclismo de competição, a figura de Giaccomo Agostini e a marca MV Agusta, eram a referencias de campeão invencível e máquina infalível.
Durante alguns anos foi assim e, ambos, fizeram história nas páginas do motociclismo mundial, somando muitas vitórias e campeonatos vencidos.
Outros pilotos também contracenaram com a MV Agusta, como Carlo Ubialli e Tarquino Provini, levando a MV Agusta 250 por 4 vêzes a liderar o campeonato mundial das 250. Em 1956, 1959 e 1960 com Carlo Ubialli e em 1958 com Tarquino Provini.
Agostini com a MV Agusta 350cc 4 cilindros 1976
Carlo Ubialli, campeão, em 1956, 1959 e 1960,
com MV 250
escute o ronco!!!No Brasil, não tivemos a oportunidade de ver esses bólidos andando nos nossos autódromos mas observávamos de longe...
Quando nosso amigo Mário Hélio Sanctos nos informou sobre essa moto, fiquei perplexo...
MV Agusta 250? Aqui? De quem é?
Preciso andar nela, falei.A motocicleta em questão pertence ao ex-piloto de moto-velocidade da década de 70, Fábio Sturlini que, gentilmente a cedeu para o test-drive.
Valeu, Fábio!!!
A MV Agusta 250cc:
Ao contrario das monocilíndricas Italianas Ducati, Aermacchi e outras Italianas da década de 60 que tivemos aqui no Brasil, essa motocicleta, fabricada em 1970, tem um propulsor bi-cilíndrico, 4 tempos OHV, de 250cc.
Ela, como é uma motocicleta raríssima aqui no Brasil, não chegou a fazer parte da história para a maioria dos motociclistas brasileiros.
Somente a marca MV Agusta, como já disse antes, era cultuada por nós, amantes da motos, em particular, das de competição.
detalhe do tanque adaptado
que não é original mas atingiu o objetivoO tanque da moto testada, foi substituído, já ha muito tempo, por um de Mòndial, para dar um toque mais "esportivo" à máquina, assim como alguns outros componentes, que não são originais, como o banco, farol e guidão.
Versão original da MV Agusta 250cc
fabricada de 1966 a 1971
A MV Agusta 250cc do Fabio Sturlini,
antes da modificaçãoSeu propulsor de 247cm3 que fornece 19CV @ 7800 rpm, é alimentado por dois carburadores Dell'Orto com cuba deslocada, tendo, para cada um, afogador (de bóia) e um "abafador", de gaveta, acionado pela tampa do pistonete, e também, filtros de ar independentes.
os carburadores Dell'Orto
detalhe do propulsor da MVDirigindo a MV Agusta 250cc:
Subir a bordo de uma motocicleta com a grife MV Agusta, é algo que, no mínimo, emociona qualquer motociclista que tenha acompanhado o esporte de moto-velocidade nas décadas de 60 e 70.
É um misto de responsabilidade e orgulho, em poder ter tido a oportunidade de pilotar uma marca tão famosa.
O motor bicilíndrico fornece um gostoso torque em baixas rotações, mas acorda, mesmo, a partir dos 4000rpm, indo aos 8000rpm com bastante vontade.
O chassis, em berço, me lembrou o das Ducati 250cc. Super firme.
Contornar as curvas com a MV250 me deu tanta segurança quanto a minha Ducati Scrambler, no qual aposto todas as fichas no quisito estabilidade do conjunto chassis/suspensão.
pilotando a MV Agusta 250ccO guidão, estilo "turismo-esportivo", proporciona uma posição gostosa de se dirigir, sem comprometer a ergonomia.
boa posição para se pilotarO tamanho da motocicleta acomoda perfeitamente pilotos com altura em torno dos 1,70m, permitindo que se possa colocar, com folga, os pés totalmente apoiados no chão.
boa ergonomia para pilotos de 1,70mO manuseio da MV Agusta é típico de qualquer moto italiana dos anos 60. Comandos não tão macios, mas eficientes.
Mas, quem quer dirigir uma MV, não vai se ligar nesses pequenos detalhes de conforto, não é?O painel conta com tacômetro e velocímetro com odômetro total.
Sua visibilidade é difícil, em função do pouco tamanho e ergonomia dos instrumentos.
detalhe do painel, e em baixo, parte do "fermasterzo"O sistema de direção, conta com o tradicional "fermasterzo" (calibrador da dureza de giro do guidão).
A chave de contacto, no modelo original, é em cima da caixa do farol, mas, na moto testada, ela foi colocada pelo proprietário, abaixo do tanque, do lado esquerdo.
O sistema elétrico é alimentado por uma bateria de 6V, o suficiente para administrar seu conjunto óptico.
O motor dispõe, para a partida, de um pedal (kick), posicionado no lado esquerdo do powertrain.Ligando-se o motor, que responde rapidamente, a marcha-lenta mostra-se áspera, porém estável.
O cambio de 5 marchas, com acionamento pelo lado direito, por meio de um pedal duplo (ponta do pé e calcanhar), é macio, com engates precisos sendo a 1a. para cima (ou pelo calcanhar) e as outras para baixo (com a ponta do pé), com o neutro entra a 1a. e a 2a., não dispondo de luz de neutro.
Na concepção italiana dos anos 60, os comandos de cambio e freio traseiro, eram colocados do lado inverso da versão atualmente globalizada.
vista superior da MV250cc
comando de cambio e freio
traseiro, na versão italiana anos 60O pedal de cambio duplo, atrapalha um pouco quem está acostumado com o cambio simples, com acionamento somente na ponta do pé.
Mas, com o tempo, acostuma-se.
sistema de freio traseiro acionado pelo lado esquerdo
pedal de cambio duplo, do lado direitoA suspensão dianteira é hidráulica, com molas internas, tipo "Cerianni", e a traseira é composta por um braço oscilante e dois amortecedores hidráulicos com molas helicoidais.
sentindo o prazer em pilotar a MV250ccOs freios, a tambor, duplex na dianteira e simplex na traseira, fornecem um comportamento suficiente durante as frenagens, sendo que o dianteiro, requer um certo cuidado para acioná-lo, devido à possibilidade de travamento da roda, em baixa velocidade.
tambor de freio com duplo acionamento "duplex"
freio traseiroAinda pode-se contar com o freio motor, natural do propulsor de 4 tempos.
Esta motocicleta fez falta no nosso mercado, apesar de, na época, as japonesas serem uma concorrência radical sobre as européias...
MV Agusta 250cc
Una bella italiana!!!...
MV Agusta, um mito
da esquerda para direita:
Mário Hélio Sanctos, Marcos Pasini e Fabio SturliniNossos agradecimentos ao colaborador e amigo Mário Hélio Sanctos, que nos ajudou nesta matéria, e ao Fabio Sturlini, proprietário desta maravilhosa motocicleta, a qual, muito gentilmente, nos cedeu para nosso test-drive.
Se você quiser, faça seus comentários sobre essa matéria !
Comentários:
Salve Pasini!
Mais uma descoberta "arqueológica" do nosso piloto de testes. Será que existe alguma outra MV no Brasil? Parabéns pelo achado, pela matéria e principalmente, por fazer o teste devidamente equipado com todos os acessórios de segurança, coisa que muitas vezes não encontramos nem mesmo em testes de revistas "especializadas". Um abraço!
nome: Carlos Trivellato
(setrivellato@uol.com.br) Terça Feira, 1 de Abril de 2003, às 13:22:59
Maravilha. Fiquei encantado ao saber dessa 250. Que moto linda. Sera que a "nova"MV Agusta vai lancar uma estradeira mais calma que a Brutale? Nos merecemos. Parabens pela materia.
nome: Tabajara A. Jorge
(miraassumpcao@ig.com.br) Quarta Feira, 2 de Abril de 2003, às 10:27:37
Parabéns!! Gostei muito da matéria. Tenho uma igual, não modificada, que comecei a restaurar. A matéria vai ajudar um pouquinho mais. Abraços. Antonio Carlos Lopes
nome: Antonio Carlos Lopes
(acl@motoecia.com.br) Quarta Feira, 2 de Abril de 2003, às 21:38:27
Parabens pelo teste e principalmente para os mais saudosistas o som do motor.
Um abraço
nome: Celso Petrone
(celsopetrone@uol.com.br) Domingo, 6 de Abril de 2003, às 10:03:00
Considero as alterações feitas muito harmoniosa com a proposta "racing" e deixou a moto realmente como una bella machina
nome: Ezer Dias de Oliveira
(edolivei@esalq.usp.br) Quarta Feira, 9 de Abril de 2003, às 15:07:20
Parabéns pela matéria e pela moto. Conheci "pessoalmente" uma MV Augusta no salão das duas rodas de 2001 e foi a moto mais linda que já ví - parece que todas as peças foram feitas à mão.
nome: andré Zanatta
(arzanatta@uol.com.br) Domingo, 20 de Abril de 2003, às 20:04:23