MV AGUSTA 750 ÍMOLA
" O BÓLIDO DE AGOSTINI"
Nas 200 Milhas de Ímola de 1972, a MV Agusta participa de forma oficial com uma moto derivada da 750 S.
É a única aparição de uma moto que poderia mudar o destino dos modelos de estrada.
Em 23 de abril de 1972 no autódromo de Ímola, se disputa a primeira edição das 200 Milhas, organizada por Francesco Costa, seguindo a onda de sucesso das 200 Milhas de Daytona, prova que reúne os maiores nomes do motociclismo. ( veja matéria )
No elenco de inscritos em Ímola, estão presentes as mais importantes fábricas de motocicletas européias.
A Ducati, com uma imponente equipe, de 4 motos, com os pilotos italianos, Spaggiari e Giuliano, e os ingleses Smart e Duscombe.
A Moto Guzzi, com sua V7 Sport, com Brambilla, Madracci e Findlay.
A Triumph, conta com sua veloz Trident, preparada por Bepi Koelliker, pilotada por Walter Villa e pelo experiente Percy Tait.
Também da Inglaterra, vem o time da belíssima Norton John Player com os feras Phill Read e Peter Willians.
A BMW, vem com dois pilotos alemães, Dahne e Butenuch.
Augusto Brettoni, especialista em provas de endurance, disputará com uma Laverda ( veja matéria ).
E ainda temos o recém campeão das 200 Milhas de Daytona, o americano Don Emde, com uma Norton Gus Kohun, que se revelara extremamente competitiva.
Para fechar este incrível elenco de inscritos, não podemos deixar de citar o líder absoluto do campeonato mundial de motovelocidade daquele ano: Giacomo Agostini e sua MV Agusta, que para Ímola se apresentava com uma belíssima e especial moto, derivada da 750 Sport 4 cilindros de estrada.
Pela primeira vez, desde o histórico retiro no final de 1957, Ducati, Moto Guzzi e MV Agusta, finalmente iriam se enfrentar com equipes oficiais.
Só isso já bastava para os apaixonados pelas máquinas italianas, prevendo um inesquecível duelo tricolor em pleno solo italiano !
Mas se a Ducati e a Moto Guzzi, já poderiam contar com um equipamento extremamente competitivo, o mesmo não poderíamos dizer da MV Agusta, porque a sua 750 S ainda é apenas uma boa base de partida, para desenvolver uma moto verdadeiramente de pista.
A 750 S é uma moto pesada, com poucos cavalos, e sua velocidade máxima é objeto de animadas discussões nas revistas especializadas, porque os 225 km/h declarados, um pouco otimista demais, pela fábrica, não condizem com alguns testes.
E também tem a transmissão final por eixo cardã, que herdou da 600 quatro cilindros, que não é tão competitiva como as correntes. E por força do regulamento técnico das 200 Milhas, não se pode fazer qualquer modificação na transmissão final.
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Apesar disso, o departamento de corridas da MV se concentra no trabalho, ajudada pela dedicação e competência de Agostini, e pela insistência de Francesco Costa, que sabe, que com a presença da mítica MV na prova, o público e a repercussão serão bem maiores.
São produzidas rapidamente duas motocicletas que serão testadas em Modena.
Ainda que o regulamento técnico seja pouco permissivo, as diferenças da 750 S para a moto de competição são radicais.
O motor vem preparado com inclinação das válvulas de admissão em 2º, e aumentada de 8,5 mm para 9 mm de comprimento, e o diâmetro de 30 mm para 34 mm. A taxa de compressão passa de 9,5 para 10:1. O carburador passa para um Dell´Orto SSI de 30 mm ( o original é um Dell´Orto UB 24). O escapamento desenvolvido é um 4 em 4 direto.
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Com essas intervenções o motor ganha quase 20 cavalos, passando de 69 para 85, enquanto a rotação máxima passa de 8.500 a 9.000 rpm.
Para diminuir o peso, é eliminado, obviamente, o imenso dínamo derivado de automóvel.
E não é tudo, um dos pontos fracos da 750 S é o quadro, que é uma estrutura simples de tubos de aço, onde o motor tem apenas 3 pontos de apoio. Isso na prova, com um motor mais potente, seria fácil de acontecer uma quebra por vibração e torção.
Para resolver o problema, para a moto preparada para Ímola, a intervenção é drástica: se realiza um novo quadro, que deriva da 500 de 3 cilindros de GP, em berço duplo,com uma fixação melhor do motor.
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Completando a ciclística, a suspensão Ceriani (garfo de 35 mm e dois amortecedores reguláveis), e freio a tambor da mesma marca, com o dianteiro duplo e com 4 sapatas de 230 mm de diâmetro.
Não obstante pela presença do mastodôntico eixo cardã, o peso ficou em cerca de 190 kg, contra os mais de 200 kg da moto de série.
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( Ficha Técnica )
Inicialmente seriam duas motos, uma para Agostini e uma para Alberto Pagani, mas apenas uma acabaria sendo desenvolvida.
Agostini está confiante ! Apesar do eixo cardã, que faz perder muito tempo na desaceleração, com a moto balançando muito, nos testes em Modena, não chegou a atrapalhar.
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Finalmente, nos treinos oficiais, já em Ímola, Agostini consegue o terceiro tempo, com 1' 54"31, encostado nos pilotos da Ducati, Smart e Spaggiari, (os únicos na casa dos 1"54") e à frente de Dave Simmonds e sua Kawasaki, Gallina com sua Honda-Paton 750 e Villa com sua Triumph !
Mas na prova, as coisas não vão muito bem !
As Ducatis de Smart e Spaggiari vão embora velozmente, enquanto Agostini vai seguindo de perto ...
... conseguindo ultrapassá-los na Tamburello !
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Agostini mantém a liderança por algumas voltas, mas cede novamente a ponta para as duas Ducatis !
E Agostini vai perdendo terreno progressivamente.
Depois de dez voltas a vantagem de Smart, é de 5 segundos e na 20ª volta já abre mais de 10 segundos.
Ao término da 30ª volta, a vantagem agora é de 17 segundos, quando Agostini recomeça a andar forte para tentar tirar a diferença.
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Na 40ª volta, com a diferença já caindo para apenas 8 segundos, a MV de Agostini começa a soltar muita fumaça pelos escapamentos !
Dali a pouco, a ruptura de um parafuso de fixação do eixo do comando, provoca o inevitável desastre nas válvulas ... e Agostini é obrigado a abandonar na 42ª volta !
Mas para seu consolo e do Conde Agusta, a MV 750 Ímola consegue a melhor volta da prova, com 1'52"1, com média de 161,116 km/h, que melhora em mais de 2 segundos o tempo da pole position !
A desilusão é enorme, mas a direção da MV minimiza, através da palavra do seu Diretor Geral, o engenheiro Pietro Bertola:
"Não viemos a Ímola para vencer, corremos apenas por esportividade e para fazermos experiências. Mais adiante é que seremos competitivos"
O compromisso com o pódio parece garantido, e sómente adiado por um breve tempo, porque a nova prova criada por Francesco "Checco" Costa, promete, e a edição de 1973 já está marcada.
Porém isso nunca acontecerá, pois a MV Agusta prefere concentrar todo seu esforço nas motos de GP, abandonando definitivamente o desenvolvimento de sua 750 !
E assim, surge nos meios da competição, mais uma lenda, uma promessa, que nunca mais viria a aparecer, mas que ficou no imaginário e na memória de todos que lá estiveram e curtiram essa dupla incrível ... Giacomo Agostini e a sua
MV AGUSTA 750 ÍMOLA !
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Por Ricardo Pupo
Abril / 2005Fonte: Revista Motociclismo d´Epoca ano 9, nº 9
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Comentários:Comentários dos internautas
Que reportagem maravilhosa! Babei.
Tabajara A. Jorge
(miraassumpcao@terra.com.br) Sexta Feira, 13 de Maio de 2005, às 09:42:12
Um motor muito bonito com o seu duplo comando, pena que tinha esta transmissão cardã. Mas nas mãos do Agostini qualquer moto poderia andar na frente. Já que ela quebrou, fica a eterna dúvida "quem iria ganhar? Aqueles com o melhor equipamento ou o piloto mais competente?" Assim é hoje em dia com o Valentino Rossi, ele ganha com qualquer moto, pois ele é muito melhor que qualquer outro. Parabéns pela matéria.
Marcelo 750K2 Pinho
(marcelo750k2@yahoo.com.br) Sábado, 28 de Maio de 2005, às 16:32:33
bons tempos das romanticas competições
Profeta
(profeta1@brturbo.com.br) Terça Feira, 31 de Maio de 2005, às 20:15:37
muito legal
Alngalo
(acasacas@hotmail.com) Sábado, 4 de Junho de 2005, às 09:45:39
moto loka d+ meu,muito loka
carlos henrique
ik.correia@hotmail.com
parabens pela materia
nome = DOMINGOS
email = ssimport@hotmail.com
Stupende foto introvabili in Italia!!complimenti!!
nome = Gianmario
email = mologi@tiscali.it 23/03/2011
Não conhecia a história das primeiras Duzentas Milhas de Imola. Bela materia sobre esta importante prova do motociclismo mundial e sobre o grande Giacomo Agostini e sua MV 750. Mais um magnifico trabalho do MC 70. Saudações MANO B+
nome = Manoel José Silva
email = manob.clangor@uol,com.br 10/09/2012